Cientista brasileira coordena grupos de pesquisa e divulga estudos científicos ao mundo
O glaucoma é uma doença silenciosa que ameaça a
visão de milhões. De acordo com o Conselho Brasileiro de Oftalmologia, mais de
1,7 milhão de pessoas devem ter glaucoma no Brasil, com uma incidência que
varia entre 1% e 2% na população geral, aumentando após os 40 anos e atingindo
mais de 6% após os 70 anos. A prevalência é maior em indivíduos negros (pretos
e pardos) comparados a brancos, e fatores como histórico familiar, miopia e
pressão intraocular elevada aumentam o risco de desenvolvimento da doença.
O grande desafio no combate ao glaucoma está no
fato de a doença ser, na maioria das vezes, assintomática. O glaucoma é uma
doença silenciosa e, na maioria das vezes, não apresenta sintomas, por isso o
paciente não percebe que está com a doença.
A médica oftalmologista Regina Cele Silveira Seixas,
uma das mais importantes especialista e pesquisadora sobre o glaucoma, explica
que o diagnóstico precoce é fundamental para evitar a perda irreversível da
visão. “O glaucoma por ser silencioso, medir a pressão ocular e o exame de
fundo do olho são essenciais para detectar a doença. O impacto da doença é significativo,
porque a perda de visão causada pelo glaucoma ocorre de forma gradual e
inicialmente afeta a visão periférica. Se não tratada, a doença pode levar à
cegueira total. A prevenção é a melhor forma de combater o glaucoma. Consultas
oftalmológicas regulares são essenciais para o diagnóstico precoce e o
tratamento adequado”, destaca.
Dra Regina Cele acaba de integrar a Sigma Xi, The
Scientific Research Honor Society, uma das mais conceituadas sociedades
dedicadas à pesquisa científica no mundo, em reconhecimento às suas
contribuições no campo da oftalmologia.
Um estudo recente publicado na revista Frontiers in Psychology, constatou que a prevalência de ansiedade e
depressão entre pacientes com glaucoma é maior do que na população geral em
nosso país. A pesquisa analisou 210 pacientes atendidos em centros
oftalmológicos de São Paulo e Curitiba, para mensurar sintomas de depressão e
ansiedade. Os resultados apontaram que 26,9% dos pacientes apresentaram
depressão e 25,71% relataram ansiedade, índices muito superiores à média
nacional de 5,8% e 9,8%, respectivamente, segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS).
“A pesquisa destacou uma correlação importante
entre o estágio da doença e os transtornos emocionais: pacientes com glaucoma
grave apresentaram maior incidência de depressão, enquanto aqueles em estágio
inicial tiveram maior prevalência de ansiedade. O impacto do glaucoma vai além
da perda visual, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes,
o que pode contribuir para o desenvolvimento dessas condições psicológicas”,
explica a Dra. Regina Cele.
È necessário ter informações sobre o glaucoma, como
destaca a oftalmologista: “A idade avançada, a pressão alta nos olhos, o
histórico familiar, a miopia e o uso prolongado de corticoides são alguns dos
fatores de risco para o desenvolvimento do glaucoma. A causa mais comum é o
aumento da pressão intraocular, que danifica o nervo óptico. A prevenção é
fundamental e o diagnóstico precoce é a chave para um tratamento eficaz”.
Segundo dados da CBO, entre janeiro de 2019 e
dezembro de 2023, a rede pública de saúde beneficiou aproximadamente 300 mil
brasileiros com acesso gratuito a tratamentos medicamentosos pelo SUS,
reduzindo significativamente as chances de progressão da doença. O Nordeste
registrou o maior volume de procedimentos, seguido pelo Sudeste, Sul, Norte e
Centro-Oeste. A maioria dos pacientes tratados tem mais de 40 anos, e cerca de
70% das entregas de medicamentos foram feitas para mulheres.
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