Chegar ao cargo de um C-Level é uma aspiração de inúmeros executivos e talentos no mercado. No entanto, a jornada até lá nem sempre é fácil, o que costuma gerar uma dúvida comum entre os profissionais: qual tipo de empresa pode “facilitar” essa conquista: grandes multinacionais ou empresas familiares que são relativamente menores? Não há uma única resposta ou receita de bolo, uma vez que cada uma delas apresenta suas características e especificidades de gestão que precisam ser compreendidas por aqueles que desejam ingressá-las a fim de trilharem uma carreira promissora rumo a estes cargos.
Analisando, primeiramente, as empresas familiares,
temos uma grande porcentagem destes empreendimentos em nosso país. São cerca de
90% delas no Brasil, segundo dados do IBGE. Entretanto, um levantamento do
Banco Mundial revelou que apenas metade delas sobrevive dentro de três anos
devido, especialmente, a dificuldades em sua gestão.
Essa falta de uma governança mais estruturada nas
empresas familiares costuma ser um empecilho nas atribuições destes executivos,
o que, junto ao fato da usual centralização das operações nas mãos dos próprios
familiares, pode gerar certa resistência a mudanças. Muitas decisões costumam
passar pela aprovação dos fundadores ou donos, nem sempre, tomadas de forma
racional ou baseadas na meritocracia, o que pode gerar conflitos internos
prejudiciais ao crescimento corporativo e limitações políticas.
Por outro lado, a falta de burocracia também pode
ser positivamente aproveitada pelos executivos, tendo maior chance de impactar
a cultura e estratégia da empresa, transformando, significativamente, suas
operações. Afinal, por serem negócios com menores camadas hierárquicas e um
consequente maior guarda-chuva de responsabilidades, estes profissionais têm
maior chance de incorporarem sua marca e boas práticas adquiridas em
experiências anteriores, obtendo maior autonomia e influência nas decisões
estratégicas.
Naquelas que, ainda, estiverem em processo de
profissionalização, sua velocidade de progressão à cadeira C-Level tende a ser
mais rápida, passando o famoso bastão dos familiares ao novo executivo que terá
maior autonomia em suas responsabilidades em um caminho mais curto rumo a essa
conquista.
Já as multinacionais, por outro lado, são empresas
mais verticais, depertamentaizadas e que, naturalmente, possuem maior
burocracia, o que traz consigo a necessidade de os profissionais passarem por
inúmeros cargos de liderança até que chegue à cadeira de C-Level. Outro ponto que
contribui para a progressão mais lenta é também a maior concorrência interna em
ocupar essa posição, dado que há mais profissionais sendo formados para
concorrer para tal função, o que aumenta a disputa e a fila para conquistá-la.
Para algumas multinacionais também é necessário
passar por expatriação, o que traz maior cadência nesta progressão. Quando
comparada a autonomia entre multinacionais e empresas familiares, de fato,
multinacionais tem uma autonomia mais restrita, dado que algumas decisões são
tomadas pela matriz ou board global, o que gera uma autonomia parcial.
Apesar disso, do ponto de vista positivo, empresas
multinacionais costumam oferecer um plano de carreira muito mais estruturado
para essa progressão profissional, com treinamentos e programas de coaching
voltados à liderança, possibilidade de participação em projetos internacionais,
e acesso a metodologias de ponta e melhores práticas do mercado. Esses
benefícios, somados ao maior prestígio, credibilidade e networking associados a
muitas dessas empresas, facilitam movimentos futuros rumo a posições de
liderança.
Cada tipo de empresa destacada acima oferecerá
trilhas distintas para a conquista desta cadeira, cujas trajetórias precisam
ser ponderadas e escolhidas conforme as expectativas individuais. Se o objetivo
for chegar lá de forma mais rápida, uma empresa familiar em expansão pode ser a
melhor aposta. Agora, se a prioridade for segurança, aprendizado estruturado e
credibilidade global, a multinacional é mais indicada.
Nada impede, contudo, que a trajetória ao C-Level permeie ambas as opções, sendo algo muito benéfico em termos de experiência. O que ditará, na verdade, uma escolha correta nesse sentido será o grau de protagonismo que cada um tomar diante de suas carreiras, analisando cada uma das opções e tomando uma atitude bastante proativa rumo à conquista de suas ambições e expectativas profissionais.
Jordano Rischter - headhunter e sócio da Wide Executive Search, boutique de recrutamento executivo focado em posições de alta e média gestão.
Wide
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