Medicamento aprovado oferece nova forma de administração e avanços para pacientes
A Roche Farma
Brasil acaba de obter junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) a aprovação regulatória do crovalimabe, um anticorpo
monoclonal reciclável inibidor da molécula C5, indicado para o tratamento de
pacientes adultos e pediátricos com 13 anos ou mais e com peso de pelo
menos 40 kg com hemoglobinúria paroxística noturna (HPN).
O medicamento é o primeiro tratamento subcutâneo com uma aplicação
rápida de baixo volume e simples administração feita a cada quatro semanas para
HPN aprovado no Brasil, representando um avanço significativo e
uma opção mais cômoda para os pacientes.
A HPN é uma
condição sanguínea ultrarrara e potencialmente fatal, que afeta aproximadamente
3.500 pessoas no Brasil e 20.000 em
todo o mundo, considerando os dados epidemiológicos
disponíveis¹. Nessa doença, os glóbulos vermelhos são destruídos pelo sistema
complemento, uma parte do sistema imunológico que atua como nossa primeira
linha de defesa contra infecções. Isso pode causar uma variedade de sintomas,
como anemia, fadiga, insuficiência renal e coágulos sanguíneos, que podem levar
à trombose, a principal causa de complicações e óbitos relacionados à doença.
Quando não tratada, a mortalidade em pacientes com HPN severa é de,
aproximadamente, 35% em 5 anos2. Inibidores de C5, como o
crovalimabe, bloqueiam a parte final da cascata do sistema complemento e têm se
mostrado uma intervenção eficaz e segura, sendo utilizado por mais de 15
anos como padrão de tratamento3.
O mecanismo de
ação do medicamento se dá pela ligação ao C5, impedindo sua ativação, o que
reduz a inflamação e a formação do complexo de ataque à membrana, que destrói
as hemácias. Sua capacidade de autorreciclagem permite que se dissocie da
molécula de C5 dentro das células e seja reutilizado, prolongando sua ação no
organismo. Isso resulta em uma inibição contínua e eficaz do sistema
complemento com doses menores e menos frequentes4,5,6. Ele também
está sendo avaliado na síndrome hemolítico-urêmica atípica, anemia falciforme e
outras doenças mediadas pelo complemento7,8,9,10.
O chefe da Hematologia do Centro de Oncologia e Hematologia da Beneficência Portuguesa e o primeiro autor do estudo COMMODORE 1, Dr. Phillip Scheinberg, acrescenta: “O crovalimabe representa um importante avanço para a comodidade do paciente, graças à aplicação subcutânea mensal rápida. Embora a inibição do C5 seja eficaz, a administração intravenosa frequente com os opções atualmente disponíveis pode ser inconveniente devido ao tempo do tratamento e à necessidade de deslocamento. O crovalimabe permite aplicações menos frequentes e subcutâneas, possibilitando a autoaplicação em casa, sem a necessidade de ir a um hospital ou centro de infusão."
A aprovação foi
baseada em resultados do estudo de Fase III COMMODORE 25 em
pessoas com HPN que não foram previamente tratadas com inibidores do
complemento e incluiu dados adicionais do estudo de fase III COMMODORE 16,
o qual também demonstrou perfil favorável de risco/benefício de crovalimabe
para pacientes com HPN que já haviam sido tratados previamente com inibidores
de C5. O programa clínico de crovalimabe em HPN incluiu aproximadamente 400
pacientes em estudos globais, contando com 28
pacientes brasileiros5,6,11,12. Os resultados
demonstraram que o tratamento administrado com injeções subcutâneas a cada
quatro semanas alcançou controle da doença e foi não-inferior com segurança
comparável ao tratamento atual.
"A
aprovação de crovalimabe no Brasil, reflete nosso compromisso em disponibilizar
no Brasil inovações médicas que melhorem a qualidade de vida dos
pacientes," afirma Michelle
Fabiani, diretora médica da Roche Farma Brasil. "Entendemos que para nossas inovações terem
sentido, elas precisam estar à disposição do médico e do paciente, de forma
sustentável aos sistemas de saúde. Estamos comprometidos a construir junto ao
SUS e os pacientes com HPN uma nova história".
O crovalimabe
também está aprovado no Japão, Europa, Estados Unidos, Reino Unido, Emirados
Árabes Unidos e Catar para pessoas com HPN, com base nos resultados dos estudos
COMMODORE 15 e 26 e na China com base nos resultados do
estudo COMMODORE 312.
Referências
[1] Hill A, Richards SJ, Hillmen P. The incidence and prevalence of paroxysmal nocturnal haemoglobinuria (PNH) and survival of patients in Yorkshire. Blood. 2006;108:985.
[2] Hillmen P, Lewis SM, Bessler M, Luzzatto L, Dacie JV. Natural History of Paroxysmal Nocturnal Hemoglobinuria. N Engl J Med. 1995 Nov;333(19):1253-1258. PMID: 7566002.
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[9] CROSSWALK-A (NCT04912869). [Internet; cited June 2024]. Available from: https://clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT04912869.
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[11] Röth A, Nishimura JI, Nagy Z, Gaál-Weisinger J, Panse J, et al. The complement C5 inhibitor crovalimab in paroxysmal nocturnal hemoglobinuria. Blood. 2020;135:912-920.
[12] Liu H, et al. Phase 2 study of the oral factor D inhibitor danicopan in patients with paroxysmal nocturnal hemoglobinuria with an inadequate response to eculizumab. Am J Hematol. 2023 Sep;98(9):1407-1414.
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