Campanha destaca estratégias para promover bem-estar emocional e enfrentar desafios cotidianos, na busca por autocuidado, equilíbrio emocional e apoio profissional
Com o início de um novo ano, o Janeiro Branco surge como uma
campanha para ampliar a conscientização sobre a saúde mental, tema que afeta
milhões de pessoas globalmente. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),
quase um bilhão de pessoas viviam com algum transtorno mental em 2019,
incluindo 14% dos adolescentes no mundo. O suicídio, por exemplo, foi
responsável por mais de uma em cada 100 mortes no mesmo período, destacando a
necessidade de um olhar atento para o bem-estar emocional.
A psicóloga hospitalar supervisora Virginia Tavares Bonon,
do Hospital Mater Dei Santa Clara, em Uberlândia (MG), destaca que muitos ainda
associam saúde mental à ausência de doenças psíquicas, uma visão limitada e
influenciada por questões históricas e culturais. “Saúde mental não é uma linha
reta. Assim como a batida do coração tem altos e baixos, o mesmo vale para o
bem-estar emocional. É um estado de equilíbrio que envolve componentes físicos,
mentais e sociais”, afirma. Ela reforça que práticas como atividade física,
alimentação saudável, redes de apoio, qualidade do sono e momentos de lazer são
fundamentais para a saúde mental, muito além do que buscar ajuda apenas em
momentos de crise.
Quando buscar
ajuda profissional?
Identificar a necessidade de apoio psicológico ou psiquiátrico
ainda enfrenta barreiras culturais e estigmas, segundo Virginia. Muitos recorrem
a outras especialidades médicas antes de considerar a saúde mental, adiando um
tratamento adequado. “É essencial buscar ajuda sempre que algo persistente
interfere no cotidiano, como dificuldades em realizar tarefas habituais,
bloqueios emocionais ou pensamentos suicidas. Psicólogos e psiquiatras atuam de
maneira complementar, cada um em sua especialidade, para oferecer suporte
eficaz”, explica a psicóloga.
Além disso, eventos traumáticos, lutos e situações de
estresse intenso também são sinais para procurar profissionais da área. A
profissional alerta que esses especialistas ajudam não apenas na superação de
dificuldades, mas também no fortalecimento emocional, em momentos de mudança ou
desafios.
Relacionamentos
e autoconhecimento: chaves para o bem-estar
A construção de relacionamentos saudáveis é um pilar
importante para a saúde mental. Segundo Virginia, desde a infância, relações
interpessoais moldam nossa autoestima, senso de pertencimento e capacidade de
lidar com o estresse. “Precisamos de uma rede de apoio, pessoas com quem
podemos ser autênticos. O autoconhecimento também é essencial para compreender
quais conexões são saudáveis e contribuem para o nosso bem-estar”, explica.
Esse processo, ela acrescenta, pode ser trabalhado ao longo
da vida, especialmente em momentos de reflexão, como o início do ano, quando
muitos reavaliam metas e prioridades.
Cuidados
básicos e expectativas realistas
Virginia chama atenção para a busca de um equilíbrio entre
autocuidado e as demandas da vida moderna. Ela destaca que práticas simples,
como manter uma boa alimentação, um sono adequado e realizar exercícios
físicos, devem ser prioridades. Contudo, é importante evitar a idealização de
metas perfeitas, especialmente no início de um novo ciclo. “A saúde mental não
é linear. Ter dias bons e ruins faz parte da experiência humana. Não há um
caminho rígido e perfeito a ser seguido”, afirma.
A psicóloga também alerta contra a pressão de estabelecer
objetivos excessivamente rigorosos na virada do ano, um momento culturalmente
associado à renovação e planejamento. “Metas precisam ser flexíveis e alinhadas
à realidade, sem cobranças inatingíveis que gerem frustrações e sobrecargas
emocionais”, conclui.
Saúde mental
como prioridade
Com a campanha Janeiro Branco, a sociedade é convidada a
olhar para a saúde mental como parte integral da qualidade de vida. Adotar
estratégias de autocuidado, buscar apoio profissional, quando necessário, e
promover relações saudáveis são passos fundamentais para começar o ano com mais
equilíbrio emocional. A mensagem central é clara: cuidar da mente é tão
importante quanto cuidar do corpo, e ambos estão profundamente conectados.
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