Estudo da
Universidade de Washington destaca diferenças e aponta caminhos para melhorar o
atendimentoEnvato
Mulheres que vivem em áreas rurais apresentam mais
sintomas relacionados à menopausa do que aquelas em zonas urbanas, revelou um
estudo da Universidade de Washington. As disparidades, associadas à falta de
acesso a serviços médicos, incluem maior incidência de dores musculares,
alterações de humor, secura vaginal e problemas urinários.
“Essas diferenças estão diretamente ligadas à
desigualdade no acesso aos cuidados de saúde, um problema recorrente em várias
partes do mundo, incluindo o Brasil”, comenta Alexandra Ongaratto, médica
especializada em ginecologia endócrina e climatério e Diretora Técnica do
Instituto GRIS, o primeiro Centro Clínico Ginecológico do Brasil.
Um paralelo com o Brasil
No Brasil, a situação é semelhante. Segundo dados
do IBGE, cerca de 15% da população vive em áreas rurais, onde o acesso a médicos
especialistas, como ginecologistas, é limitado. Dados da pesquisa Demografia
Médica no Brasil 2023, conduzida pelo CFM, mostram que 73% dos
médicos estão concentrados nas capitais, deixando as regiões rurais
subatendidas.
“Essas mulheres precisam enfrentar longas
distâncias e custos elevados para consultas, o que limita o diagnóstico e
tratamento de condições como os sintomas da menopausa. Essa realidade exige
atenção urgente das políticas públicas de saúde no Brasil”, afirma a
ginecologista.
Desafios e soluções
O estudo norte-americano apontou que apenas 11% das
mulheres rurais participantes faziam terapia hormonal, devido a barreiras como
a distância de atendimento médico e receios infundados sobre o tratamento. No
Brasil, o cenário é ainda mais preocupante, já que muitas mulheres sequer
recebem informações adequadas sobre os benefícios e riscos da terapia hormonal.
“A desinformação sobre a menopausa é um problema
global, mas no Brasil ela é agravada pela falta de programas de educação em
saúde voltados para mulheres em áreas de difícil acesso. É essencial que essas
mulheres saibam que existem opções seguras e personalizadas para tratar os
sintomas da menopausa”, diz Alexandra.
Impactos do estudo para o
futuro
Os dados da pesquisa reforçam a necessidade de
iniciativas que diminuam as desigualdades no atendimento, tanto nos EUA quanto
no Brasil. Entre as recomendações, estão:
- Expansão de programas de telemedicina: ferramenta que pode
conectar mulheres em áreas remotas a especialistas de grandes centros.
- Capacitação de médicos generalistas: preparar clínicos gerais e
enfermeiros para atender às necessidades de saúde da mulher, especialmente
na menopausa, encaminhando para médicos especialistas.
- Campanhas de conscientização: informar a população sobre
os sintomas da menopausa e as opções de tratamento disponíveis.
“Se queremos reduzir essas desigualdades,
precisamos integrar a menopausa nas discussões sobre saúde pública. Não é só
uma questão de qualidade de vida; é uma questão de direitos”, enfatiza a
médica.
Uma perspectiva esperançosa
No Brasil, iniciativas como as campanhas de
conscientização em redes sociais já estão promovendo avanços. “As mulheres
estão começando a buscar informações e atendimento de forma mais ativa, mas
precisamos garantir que elas tenham suporte, independentemente de onde vivam”,
conclui Alexandra Ongaratto.
Com estudos como esse, espera-se que as
disparidades entre populações urbanas e rurais sejam diminuídas, garantindo a
todas as mulheres o direito ao envelhecimento saudável.
Instituto GRIS
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