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sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Burnout em alta: como identificar os sinais e saber a hora de buscar ajuda profissional

Especialistas do CEJAM apontam sintomas, tratamentos e orientam como o cuidado com a saúde mental pode ser realizado com o apoio do Sistema Único de Saúde (SUS)


O início de um novo ano costuma ser um convite à reflexão sobre objetivos, desafios e escolhas para os próximos meses, incluindo a trajetória profissional. Em um mercado de trabalho que frequentemente exige alta performance, o esgotamento físico e emocional pode ser um sinal de alerta de que algo não está indo bem.

A Síndrome de Burnout, caracterizada por exaustão extrema, estresse crônico e esgotamento físico relacionados ao trabalho, é um fenômeno em ascensão. O Brasil ocupa o segundo lugar em índices globais de burnout, atrás apenas do Japão, segundo a International Stress Management Association (ISMA-BR). Dados da organização revelam, ainda, que 72% dos brasileiros enfrentam estresse no ambiente profissional.

No Brasil, a partir desse ano, o transtorno passa a ser oficialmente reconhecido como uma doença ocupacional pela Classificação Internacional de Doenças, com o CID-11. Antes da nova classificação, a síndrome era tratada de forma genérica, o que dificultava diagnósticos e tratamentos precisos.    

“É preciso se atentar aos sinais. Os principais são cansaço excessivo, baixo desempenho, alteração do apetite, insônia e isolamento social, assim como sinais físicos como dores musculares e pressão alta”, afirma Renata Correia da Fonseca, psicóloga da UBS Jardim Aracati, gerenciada pelo CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

A profissional explica que sobrecarga de tarefas, um ambiente extremamente competitivo, a falta de suporte emocional, assim como desequilíbrio entre a vida pessoal e profissional, são apenas alguns dos fatores que podem desencadear a doença.

O Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), do Ministério da Previdência Social, divulgou que, em 2023, 421 pessoas foram afastadas do trabalho por burnout, o maior número dos últimos dez anos no país.

“É importante saber diferenciar o transtorno de outros com sintomas parecidos, como ansiedade e depressão. O burnout está relacionado à sobrecarga no trabalho e desequilíbrio entre a vida profissional e pessoal, já a ansiedade e a depressão podem ter diferentes motivações e são tratadas com terapia, exercício físico e cuidados medicamentosos. O burnout, no entanto, além dessas estratégias de cuidado exige a mudança do ambiente de trabalho e equilíbrio”, aponta Renata.

Se a incerteza desse início de ano é sobre a necessidade de uma mudança de emprego, a especialista sugere que existem indícios que podem esclarecer essa questão. "A gente sabe que chegou a hora de buscar novas oportunidades quando estamos desmotivados com as tarefas atuais, estagnados na carreira, estressados e com um sentimento persistente de frustração".


Terapia como melhor amiga

O papel do psicólogo para enfrentar o burnout é de suma importância, pois o profissional pode ajudar na identificação da síndrome, orientar a desenvolver formas de enfrentamento e auxiliar em como lidar com os sentimentos.

No país, é possível ter acesso à terapia a partir do Sistema Único de Saúde (SUS) de forma gratuita.   O CEJAM, que administra algumas unidades em parceria com o poder público, possui uma linha de cuidado dedicada exclusivamente à saúde mental. Essa iniciativa tem um impacto significativo no atendimento oferecido nos três níveis de assistência à saúde.

A partir desse olhar, a equipe de atenção primária possui a expertise necessária para avaliar cada caso individualmente e determinar o ponto mais adequado da rede de saúde para acompanhar o paciente, levando em consideração suas necessidades específicas.

“Em casos de burnout, se alguém precisa de ajuda, deve procurar a equipe da unidade básica de saúde mais próxima. Entre os profissionais disponíveis estão psicólogos que podem avaliar o caso e determinar se o paciente pode ser acompanhado pela equipe da UBS ou se necessita de apoio especializado em saúde mental”, complementa Laina Ramos, uma das gerentes responsáveis pela linha.

Caso seja necessário tratamento mais especializado, o paciente pode ser encaminhado para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS Adulto, para indivíduos maiores de 18 anos). Em situações de crises extremas, o atendimento segue pela Rede de Urgência e Emergência, com as Unidades de Pronto Atendimento (UPAS) ou Pronto Socorros de Psiquiatria.

Crises agudas são caracterizadas por sintomas intensos, alto grau de sofrimento e potencial risco à vida do indivíduo. Pensamentos persistentes de morte com planejamento, crises de ansiedade com alterações cardíacas e respiratórias significativas, ou prostração severa com alterações importantes na alimentação, sono e higiene são alguns exemplos dessas situações.


Outros aliados tão importantes quanto o auxílio psicológico

Além da terapia, outras estratégias podem auxiliar no bem-estar de pessoas com burnout. A prática de atividades físicas para a liberação de endorfinas, a escrita sobre sentimentos para ressignificar e compreender melhor os eventos vividos, a higiene do sono para reduzir o estresse e melhorar a cognição, assim como uma rede de apoio e a realização de atividades prazerosas, são medidas eficazes. 



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
cejamoficial


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