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sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Urbanização e crescimento das cidades intensificam riscos de zoonoses

Dra. Carolina Brites, Infectologista Pediátrica, alerta para o aumento das doenças transmitidas de animais para humanos nos centros urbanos

 

As zoonoses, doenças infecciosas transmitidas entre animais e pessoas, representam um desafio crescente em centros urbanos, onde a convivência próxima com animais domésticos e o contato indireto com animais selvagens se intensificam. Essas doenças, que podem ser causadas por bactérias, vírus, parasitas e até agentes não convencionais, se espalham entre humanos por meio de contato direto, água, alimentos contaminados e pelo meio ambiente. 

Com o avanço da urbanização e a destruição de habitats naturais, o risco de zoonoses aumenta consideravelmente. De acordo com a Dra. Carolina Brites, Infectologista Pediátrica, “a destruição dos habitats naturais acaba aumentando o risco de ter essas doenças, pois animais selvagens entram mais em contato com os humanos”. Além disso, o aumento da posse de animais domésticos nas cidades também contribui para a disseminação dessas doenças, especialmente se não houver controle adequado da saúde desses animais. 

Dentre as zoonoses mais comuns em centros urbanos, destacam-se a raiva, leptospirose, brucelose e esporotricose. “Essas infecções podem ser transmitidas pelos animais aos humanos”, explica a Dra. Brites. Os patógenos se espalham entre os humanos por meio de qualquer ponto de contato com animais domésticos, agrícolas e selvagens, o que torna crucial a adoção de medidas de prevenção e controle. 

Um dos principais desafios no controle de zoonoses nas cidades, segundo a Dra. Brites, é a "destruição exacerbada dos ambientes naturais", além de práticas comerciais como o comércio de carnes e subprodutos de animais selvagens que elevam o risco de exposição a patógenos. A utilização excessiva de antibióticos em animais agrícolas também é um problema, uma vez que pode promover a resistência antimicrobiana, dificultando o tratamento de infecções em humanos. 

Outro fator que agrava a disseminação de zoonoses é a emergência climática. “A reação climática piora ainda mais a destruição dos habitats naturais dos animais selvagens”, destaca a infectologista. Com o aumento de eventos climáticos extremos, como enchentes e secas, há uma maior mobilidade e migração de animais para áreas urbanas, o que potencializa o risco de contato com humanos e a disseminação de doenças. 

A colaboração entre profissionais de saúde pública e a comunidade é fundamental para melhorar a prevenção e o controle de zoonoses. A Dra. Brites ressalta que “não só os profissionais de saúde, mas toda a população deve ter sensibilidade em relação à prevenção e controle”. Entre as medidas eficazes estão o estabelecimento de padrões para água potável, a remoção adequada de resíduos, a proteção de águas superficiais e diretrizes seguras para o cuidado de animais, especialmente no setor agrícola. 

A educação pública também desempenha um papel crucial na prevenção de zoonoses. Para a Dra. Brites, é essencial que “todos os cidadãos se sensibilizem com essa situação” e que campanhas educativas sejam realizadas para informar e engajar a população sobre a importância das práticas preventivas. “Falta informação de qualidade para que o cidadão entenda o motivo pelo qual precisa adotar certas medidas de prevenção”, afirma. 

Em relação às pesquisas, a Dra. Brites destaca que o Brasil é um país de grande relevância no estudo das zoonoses, dada a sua biodiversidade e a interação intensa entre humanos e animais. “A ciência tenta fazer o melhor possível em relação à medicação e ao entendimento das zoonoses, mas precisamos também de uma maior sensibilidade da população para combater essas doenças de forma eficaz”, conclui a infectologista. 

Assim, a conscientização, a educação e a cooperação entre todos os setores da sociedade são essenciais para reduzir o impacto das zoonoses em centros urbanos e proteger a saúde pública. 

 

Carolina Brites - CRM-SP: 115624 | RQE: 122965 - concluiu sua graduação em Medicina na Universidade Metropolitana de Santos (UNIMES) em 2004. Especializou-se em Pediatria pela Santa Casa de Santos entre 2005 e 2007, onde obteve o Título de Pediatria conferido pela Sociedade Brasileira de Pediatria. Posteriormente, especializou-se em Infectologia infantil pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e completou uma pós-graduação em Neonatologia pelo IBCMED em 2020. Em 2021, concluiu o mestrado em Ciências Interdisciplinares em Saúde pela UNIFESP. Atualmente, é professora de Pediatria na UNAERP em Guarujá e na Universidade São Judas em Cubatão. Trabalha em serviço público de saúde na CCDI – SAE Santos e no Hospital Regional de Itanhaém. Além disso, mantém um consultório particular e assiste em sala de parto na Santa Casa de Misericórdia de Santos. Ministra aulas nas instituições de ensino onde é professora.


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