9 em cada 10 escolas terão que reajustar suas anuidades de 2025, que variam em sua maioria entre 8% e 10%. Entre os principais custos, estão o reajuste salarial dos professores e auxiliares, investimentos extras no corpo pedagógico para atender a surpreendente alta de laudos médicos emitidos para alunos especiais e por consequência as obrigatoriedades legais impostas às instituições de ensino.
A Meira
Fernandes, maior empresa de gestão e soluções para Instituições de Ensino, que
assessora cerca de 1.500 escolas particulares, realizou pelo 3º ano
consecutivo, uma pesquisa de abrangência nacional para
entender quais serão os rumos do segmento educacional em 2025.
A pesquisa considerou os custos financeiros, as principais demandas de Julho de
2023 a Julho de 2024 para as escolas, os atrasos médios nas mensalidades e da
inadimplência de pais e responsáveis, bem como a probabilidade de rematrículas
para 2025, e por fim entendeu quais os impactos desses fatores no reajuste das
mensalidades escolares para o próximo ciclo.
A pesquisa que
foi iniciada no dia 18 de junho, durante um encontro presencial com dezenas de
mantenedores, e depois realizada via internet em todo Brasil foi finalizada no
dia 16 de julho, com adesão de centenas de gestoras escolares. No total, a
pesquisa ouviu escolas que são responsáveis por mais de 66.290 matrículas em nove
estados brasileiros, sendo eles: São Paulo, Rio de Janeiro,
Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia, Ceará, Paraíba, Goiás e Paraná – ao total esses
estados juntos representam cerca de 70,14% de todas as escolas privadas
existentes no país.
O segmento da
educação particular brasileira conta com diversas peculiaridades e calendários
próprios, ou seja, os reajustes são traçados em Junho/Julho de cada ano
tentando prever o ano seguinte. Isso faz com que, muitas vezes, custos
inesperados surjam ao longo do caminho, e os dados da pesquisa deste ano
corroboram essa versão, levando em conta que em Junho de 2023, quando foram
pensados o equilíbrio de contas para 2024, a discussão, condição e diagnóstico
de alunos especiais estava apenas se iniciando.
“Nos
últimos nove meses, o tema alunos especiais ganhou um protagonismo
surpreendente nas secretárias das escolas. Nunca um tema teve tanto impacto
jurídico e financeiro como este. Pais e responsáveis passaram a olhar com mais
atenção seus filhos - muitas vezes por orientação e cuidado da própria escola –
e os diagnósticos realizados por médicos e especialistas começaram a ser mais
frequentes, o que ao nosso entendimento é muito positivo, do ponto de vista da
inclusão, aprendizado e atenção. Porém, não podemos esquecer que essa adaptação
estrutural e do corpo pedagógico da escola também é impactado diretamente - e
que esse custo não estava previsto em Junho/2023 - quando os valores foram
pensados, o que leva as escolas a buscar um reequilíbrio para o próximo ciclo”, diz Dra. Mabely Meira Fernandes – Diretora Jurídica da
Consultoria Meira Fernandes.
A pesquisa
apontou que 58% das escolas tiveram um aumento entre 1% a 5% em diagnósticos
voltados ao desenvolvimento da educação especial em seus alunos matriculados e
novas matrículas. Outras 38% das instituições tiveram um salto que gera ainda
mais atenção: ficando entre 5% e 20% mais alunos e matrículas com estes
reconhecimentos.
Entre os
principais pareceres aferidos na pesquisa - 44,12% dos aumentos dos
diagnósticos estão relacionados ao TEA (Transtorno do Espectro Autista), outros
41,18% ao TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção/Hiperatividade) e 14,71% são
do TDI (Transtorno de Desenvolvimento Intelectual).
“As
escolas sempre serão um lugar de acolhimento e socialização, essa é a base e
principalmente o sentimento dos mantenedores brasileiros. Isso para nós é muito
claro quando atendemos dezenas deles diariamente - o ponto é que esses
investimentos para melhor acolher, ensinar e servir precisam ser mostrados e
compartilhados, não é apenas uma questão financeira que está em discussão, já
que 96,97% delas apontaram impacto em sua operação nessa situação; mas sim a
evolução do processo de inclusão da educação brasileira”, complementa Dra. Mabely.
O
IMPACTO NO CUSTO DA OPERAÇÃO ESCOLAR
Nos últimos três
anos, as escolas foram diretamente impactadas pelo aumento significativo do
custo de sua operação. De 2021 a 2023, houve um aumento médio de 7,65% nos
custos da folha de pagamento dos professores (índice /SINPRO)* e Auxiliares da
Administração Escolar (Índice/SAAESP)**, ou seja, um índice equivalente aos
reajustes praticados quando comparados diretamente.
Há ainda que se
considerar as pesadas negociações durante a pandemia de COVID-19, entre os anos
de 2021 e 2022, que para evitarem um colapso ainda maior na evasão de alunos,
que chegou a superar os 15% em todo Brasil, as escolas concederam descontos e
flexibilização nas mensalidades nunca antes praticados e que ainda estão em
franca recuperação.
Para 2024, já
existe um aumento certo na operação escolar, que já está validado. Será de 5%
tanto para o (índice/SINPRO) quanto para o (Índice/SAAESP), esses valores
quando somados aos custos da inadimplência mais os investimentos na estrutura
de pessoal para os novos atendimentos a demanda de alunos especiais, torna o
reajuste que as Instituições de Ensino irão propor, menor que os custos que
estão sendo impostos as escolas - sem aumento real de lucratividade.
OS
ATRASOS E A INADIMPLÊNCIA CONTINUAM A “SANGRAR” OS CAIXAS DAS ESCOLAS
Ao total 100%
das escolas que responderam à pesquisa, afirmaram que estão sofrendo um
atraso(1) significativo no recebimento das mensalidades por parte de pais e
responsáveis: 49,17% dos mantenedores afirmaram que de Janeiro a Junho sofreram
atrasos de 4% ou mais de toda a receita que a escola gera com serviços
educacionais. Outros 23,33% dizem que este atraso está em cerca de 2% a 3% e
outros 27,50% dizem que o atraso está em 0,5% e 2%.
“O
segmento da educação particular não é um segmento com margens de lucro altas e
os custos de operação são expressivos – para empreender nesse setor é preciso
muita garra e paixão pela educação como vemos diariamente, porém estar atenta
ao fluxo de caixa, a uma gestão eficiente das contas/tributos e principalmente
muito critério e racionalidade ao lidar com os atrasos é o primeiro passo para
manter a escola funcionando bem e garantir a longevidade do negócio”, alerta Husseine Fernandes – Diretor da Consultoria Meira
Fernandes.
Por ser um setor
com regulações e controles rigorosos, os pais e responsáveis correm o risco de
não conseguir matricular o filho no ano seguinte, caso não regularizem a
situação financeira, o que faz com que as escolas tenham como característica
sempre estarem dispostas a negociação, para manter a relação positiva para
ambos os lados. Tanto que na mesma pesquisa, os 52,50% dos mantenedores estimam
que a inadimplência(2) anual deve ficar entre 1% e 3%. Para 33,33% o cenário é
um pouco mais delicado e devem encerrar 2024 entre 4% e 6% de inadimplência e
para outras 14,17% esse número encerra entre 7% a 10% ou mais, ficando bem
acima da média do estado com mais escolas no país: São Paulo, que apresentou
nos últimos dois anos uma média de 7,07% de inadimplência.
“Para
alguns pais pode parecer que a mensalidade – apenas do filho(a) dele, não
impacta em nada uma escola, mas sim ela tem impactos e isso prejudica o bom
andamento e a saúde financeira da instituição. Nossa recomendação é não deixar
um desequilíbrio momentâneo passar e se tornar uma “bola de neve”, sugerimos
aos pais que procurem as escolas o mais rápido possível, o diálogo e a
transparência são o caminho mais curto para uma boa solução. Atendemos as
escolas e sabemos que 100% das mantenedoras sempre estão dispostas a uma
negociação positiva e racional”,
complementa Husseine Fernandes.
NÃO
SE TRATA DE AUMENTO E SIM DE RECOMPOSIÇÃO
Quando todos
esses dados são analisados pelos mantenedores/donos de escolas, a sensibilidade
pedagógica e o amor à educação pesam bastante na tomada de decisão em relação
aos reajustes praticados pelas escolas.
Ao total 48,33%
das escolas aplicarão reajuste entre 8% e 10% buscando um empate e equilíbrio
direto nas contas. Outras 33,33% irão aplicar reajustes entre 5% e 7%, apenas
1,67% das instituições trabalharão com índice entre 1 e 4% para 2025 e outras
15% das escolas aplicarão um índice superior que ficará entre 11% a 15% para o
próximo ano.
“O
reajuste tem como único objetivo trazer um equilíbrio nas contas das escolas, é
um erro traçar um comparativo direto apenas com a inflação. Estamos falando de
mais de 850.000 postos de trabalho na Educação Básica, que incluem tanto
professores quanto auxiliares de sala, e esses profissionais precisam ser
valorizados pela entrega na formação de alunos de todo país. As escolas
precisam recompor os percentuais que são acordados entre os sindicatos da
categoria, é uma questão simples de equidade”, reforça Dra. Mabely Meira Fernandes.
Ainda não está
nessa conta, porém, os donos de escolas já estão preocupados com os
desdobramentos e impactos da nova reforma tributária que promete acertar em
cheio o setor, trazendo mais um aumento de custo para as instituições de
ensino, seja pelos tributos diretamente falando na atividade, seja pelo
nível maior de acuracidade na rotina financeira ou no aumento da burocracia
interna e que demandará a contratação de mais profissionais na área
administrativa das escolas e que fogem do core business do negócio:
ENSINAR/EDUCAÇÃO!
A
PESQUISA MEIRA FERNANDES
Este é o 3º ano
que a Meira Fernandes realiza a pesquisa de índices de reajustes, rematrículas,
matrículas e inadimplência no segmento educacional. Todas disponíveis na
íntegra, no formato PDF, para os interessados da imprensa e do setor
educacional.
A pesquisa
realizada de maneira presencial e também digital, foi endereçada aos donos das
escolas particulares, os chamados “Mantenedores” e também a seus diretores da
área financeira, que responderam ao questionamento feito de maneira direta e
objetiva com cerca de 10 perguntas que buscam trazer um retrato claro do setor
e os impactos sofridos ao longo do ano.
LINK
PARA ACESSAR A PESQUISA COMPLETA:
*(índice /SINPRO – Sindicato dos Professores) é levado em consideração o índice do SINPRO – Estado de São Paulo (maior sindicato da categoria).
**(Índice/SAAESP) – Sindicato dos Auxiliares de Administração Escolar de São Paulo (maior da categoria) *** São Paulo é o Estado com a maior quantidade de Escolas Particulares do Brasil em média o estado possui: 10.833 escolas.
(1) Considera-se atraso: a falta de pagamento acumulada entre os meses das mensalidades.
(2) Considera-se inadimplência: o valor das mensalidades não pagas por pais ou responsáveis de um ano para o outro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário