Advogada Suéllen Paulino fala sobre como a Lei Maria da Penha mudou a forma como a Justiça lida com a violência doméstica
A advogada criminalista também ressalta as principais
dificuldades enfrentadas na aplicação das medidas protetivas
Agosto Lilás é a campanha de enfrentamento à violência doméstica e
familiar contra a mulher
Prestes a completar 17 anos, a Lei Maria da Penha permitiu
criar criar mecanismos para prevenir e coibir a violência doméstica e doméstica
contra as mulheres. Por isso, ela foi considerada inovadora pelos organismos
internacionais de proteção aos direitos das mulheres. A advogada criminalista
Suéllen Paulino ressalta como a lei mudou a forma como o sistema de justiça
brasileiro lida com a violência doméstica.
"A Lei Maria da Penha criou mecanismos de proteção,
como medidas protetivas de urgência e varas especializadas, aumentando a
punição e a prevenção da violência contra a mulher", pontua a
especialista, que também falou sobre as principais dificuldades enfrentadas na
aplicação das medidas protetivas previstas na Lei Maria da Penha.
"As dificuldades incluem falta de recursos,
delegacias especializadas insuficientes, morosidade judicial, dependência
econômica das vítimas e medo de retaliação".
Ela cita um caso notório em que esta lei fez a diferença.
'No caso de Eliza Samudio, a Lei do Feminicídio resultou em uma condenação mais
severa para o agressor, destacando a gravidade do crime contra mulheres'
Suéllen pontuou como os Centros de Referência de
Atendimento à Mulher (CRAMs) atuam na prática para ajudar as vítimas de
violência doméstica e também da importância do 180.
"Os CRAMs oferecem apoio psicológico, jurídico e
social, orientando sobre direitos, encaminhando para serviços de saúde e
assistência, e articulando com a rede de proteção. Já Ligue 180 oferece
orientação e apoio 24 horas por dia, encaminha denúncias e orienta sobre
serviços de proteção, sendo um canal vital para vítimas em todo o Brasil"
A advogada refletiu sobre o que precisa ser feito para
melhorar a proteção das vítimas de violência doméstica no Brasil. "É
necessário ampliar a rede de proteção, capacitar profissionais, promover
campanhas educativas contínuas e integrar políticas públicas de apoio econômico
e psicológico"
De acordo com Suéllen, o projeto "Mulher, Viver sem
Violência" integra ações governamentais para oferecer atendimento integral
às vítimas, incluindo a Casa da Mulher Brasileira. Ela também falou sobre o
papel das Delegacia de Defesa da Mulher e como elas se diferenciam das
delegacias comuns.
"As DDMs são especializadas em violência contra a
mulher, oferecendo um ambiente acolhedor e profissionais treinados,
diferentemente das delegacias comuns".
A capacitação contínua de policiais, juízes e promotores impacta a efetividade das leis de proteção contra a violência doméstica, de acordo com a criminalista. "Ela garante atualização legal, melhor compreensão da violência doméstica e um atendimento mais sensível e eficaz, aumentando a proteção e prevenção".
Suéllen apontou as mudanças que poderiam ser implementadas para aumentar a eficácia das campanhas educativas e informativas sobre violência doméstica. "As campanhas devem ser contínuas, usar diversos canais de comunicação, envolver influenciadores, adaptar-se a diferentes públicos e promover a conscientização sobre direitos e serviços disponíveis", finaliza.
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