Conheça a experiência de pequenos estabelecimentos que migraram do sistema convencional de fornecimento de energia e obtiveram redução no valor da fatura
O mercado de energia elétrica
está em ebulição no Brasil. Novas regras já implementadas oferecem total
liberdade aos consumidores para sair do sistema de tarifas das concessionárias
e migrar para fornecedores que produzem energia solar, sem burocracia.
Seja pela redução de custos ou
a preocupação em cumprir parte da agenda ESG, ou os dois, pequenos negócios
como bares, restaurantes, padarias, dentre outros, cujas atividades dependem do
uso intenso de refrigeração ou forno, têm optado pelo uso de energia solar, sem
a necessidade de grandes investimentos na compra e instalação de placas
solares.
Uma solução para os
interessados no uso de energia sustentável, 100% renovável, mas que não têm
como gerar sua própria energia a partir da luz do sol, é a possibilidade de
aderir ao sistema de assinatura de energia solar.
Nesse modelo, a energia é
produzida em fazendas solares (como as da fornecedora LUZ, na foto que
abre essa matéria) e injetada na rede de transmissão das concessionárias,
chegando até o consumidor sem custos adicionais, por meio da geração
distribuída (GD), compartilhada para clientes de baixa tensão.
Foi o que fez Rodrigo Luís
Rocha, proprietário do restaurante Passadio, inaugurado há 19 anos na região
central de Campinas, interior de São Paulo. Há três meses, o empresário optou
pelo uso da energia solar e obtêm uma redução média de 12% no valor da conta de
luz.
“Aderi ao sistema porque
considero importante ter a liberdade para mudar de fornecedor. Não quero ficar
nas mãos apenas da CPFL. A redução de custos veio como uma consequência”, explica.
Além de pagar uma fatura com
valor menor de energia, Rodrigo aponta como vantagem a possibilidade de saber
em tempo real o consumo de cada equipamento, como freezer, fritadeiras e
lâmpadas.
Com essas informações, é
possível ter uma noção do custo diário com esse insumo e avaliar, por exemplo,
se vale a pena abrir o restaurante nos finais de semana.
Com um consumo mensal de
energia entre R$ 1,5 mil a R$ 3,5 mil, a Hospedaria Elegance, localizada em
Itanhaém, no litoral paulista, também trocou o sistema convencional pela
assinatura de energia solar.
De acordo com a proprietária da
pousada, Camylla Lima, que optou por um contrato de um ano de uso de energia
solar por uma questão de sustentabilidade e redução de custos, a economia
mensal na fatura chega 10% por mês.
“Reduzir custos é sempre bom
para o comerciante, principalmente para nós que vivemos do turismo e passamos
por alta e baixa temporada. Infelizmente, não são todos que têm essa
consciência ambiental”, diz.
O MERCADO
De acordo com Rafael Maia, CEO
da LUZ, fornecedora digital de energia elétrica que faz parte do Grupo Delta
Energia, 80% dos pequenos varejistas no Brasil atuam em baixa tensão (consumo
até R$ 10 mil/mês) e, portanto, podem usufruir dos benefícios da geração
distribuída.
“A aceitação desse modelo tem
sido mais alta do que esperávamos”, diz. Uma das razões para o aumento da
procura é a possibilidade de conhecer o consumo em tempo real e por aparelhos
por meio de medidor inteligente que usa recursos de Inteligência Artificial
(IA).
No domicílio do consumidor, que
pode ser uma casa, apartamento ou um pequeno negócio que use baixa tensão, são
instalados medidores inteligentes no quadro de luz que, conectados ao wi-fi,
transmitem ao APP da companhia dados de consumo em tempo real.
Medidores inteligentes instalados no quadro de luz permitem ao cliente acompanhar, por meio de app, o consumo de energia em tempo real |
Com essas informações, o consumidor tem condições de gerenciar seus gastos com energia elétrica em tempo real, sabendo em qual equipamento ou horário está ocorrendo a alta de consumo e, com isso, adotar medidas para o uso mais racional e reduzir ainda mais a fatura”, explica.
A empresa possui atualmente
cinco usinas solares e atua na geração distribuída para consumidores de baixa
tensão do interior e litoral de São Paulo, Brasília e Mato Grosso do
Sul.
Na capital paulista,
recentemente, o Grupo Alife Nino, rede de restaurantes que inclui marcas como
Nino Cucina e Tatu Bola, fechou contrato com a Sun Mobi para suprimento de
energia solar a 16 estabelecimentos da rede na capital paulista.
O fornecimento será feito pelas
usinas fotovoltaicas da empresa, localizadas na grande São Paulo, em Caieiras,
e no interior do Paraná, em Assaí e Palotina. Na cidade de São Paulo, a Sun
Mobi tem 99 unidades de consumo, entre condomínios residenciais e pequenos
negócios.
“Os pequenos empresários buscam
por mais eficiência, rentabilidade, tecnologia e sustentabilidade. A energia
solar por assinatura e boas práticas quanto ao uso correto da eletricidade são
algumas soluções que ampliam a competitividade e a sustentabilidade nos pequenos
negócios brasileiros”, diz o sócio-diretor da Sun Mobi, Guilherme Susteras.
ENERGIA
LIVRE
Para as pequenas e médias
empresas que estão no grupo A (Alta e Média Tensão) de consumo de energia
elétrica, a novidade é a possibilidade de aderirem ao mercado livre de energia
e mudar de fornecedor.
Com a migração, as empresas
podem obter desconto permanente na fatura, que varia entre 30% e 40%. Mas é
preciso estar atento aos prazos, pois o processo de adesão ao chamado Ambiente
de Contratação Livre (ACL) requer seis meses de antecedência para a vigência do
novo contrato.
Para migrar, o empreendedor
precisa avisar à concessionária sobre seu interesse em mudar de fornecedor. Por
lei, os clientes têm um prazo contratual com a concessionária que deve ser
cumprido, especialmente em função da reserva de energia, que é feita com
antecedência pela concessionária.
Por isso, as negociações já
estão acontecendo e, a partir de 1º janeiro de 2024, as pequenas e médias
empresas já começam a se beneficiar dos descontos, conforme determina a
Portaria 50/2022 do Ministério de Minas e Energia (MME).
A medida possibilita a migração
de cerca de 72 mil unidades consumidoras para o mercado livre de energia.
Dentro deste perfil de consumidores do grupo A estão proprietários de comércios
e empresas de médio e pequeno portes, como açougues, minimercados, lavanderias,
salões de beleza e pequenas fábricas.
Silvia Pimentel
https://dcomercio.com.br/publicacao/s/uso-da-energia-solar-atrai-pequenos-negocios
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