Câncer de próstata: mitos e verdades que você precisa saber
No mês de conscientização sobre a doença, urologista do Hospital Alemão Oswaldo Cruz esclarece as principais dúvidas e orienta sobre a importância do diagnóstico precoce
O câncer de próstata é o segundo tipo mais comum no país, ficando atrás apenas do câncer de pele não melanoma. Em 2020, quase 16 mil brasileiros morreram com a doença e, de acordo com o Inca (Instituto Nacional de Câncer), são estimados 71.730 novos casos da doença no país para o triênio de 2023 a 2025.
O diagnóstico precoce é fundamental para aumentar as chances de cura, que podem chegar a 90%, segundo o Inca. Por isso, criou-se o Novembro Azul, uma campanha que visa alertar a população sobre a necessidade de realizar exames periódicos e cuidar da saúde de forma integral.
No entanto, há muitas dúvidas, medos e preconceitos em relação ao
câncer de próstata e aos seus métodos de detecção. Pensando nisso, o Dr. Carlo
Passerotti, coordenador do Centro Especializado em Urologia do Hospital Alemão
Oswaldo Cruz, esclarece quais são os mitos e verdades sobre o assunto:
1. O câncer de próstata é uma doença exclusiva entre homens
idosos.
Mito
O câncer de próstata pode ocorrer em homens de qualquer idade, mas
é mais frequente a partir dos 50 anos, podendo ocorrer até mesmo antes dos 40
anos. Aproximadamente 62% dos casos são diagnosticados em pacientes acima dos
65 anos, portanto a vigilância deve começar mais cedo. Além disso, fatores como
familiares e obesidade podem aumentar o risco da doença.
2. Minha família não tem antecedentes de câncer de próstata,
portanto minhas probabilidades de desenvolver essa doença são muito baixas.
Mito
Apesar de um histórico familiar positivo dobrar as chances de ter
a doença, cerca de 85% dos casos ocorrem em homens sem parentes com câncer de
próstata. Hábitos alimentares, obesidade e estilo de vida, além também de
idade, pode determinar o aparecimento da neoplasia. Portanto, todo homem deve
ficar atento aos sinais e fazer os exames recomendados pelo médico.
3. A ausência de qualquer sintoma indica a ausência de
câncer de próstata.
Mito
O câncer de próstata é uma doença silenciosa, que geralmente não
apresenta sintomas iniciais. Quando eles surgem, podem ser confundidos com outras
condições, como infecção urinária ou hiperplasia benigna da próstata. Os
sintomas mais comuns são: dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou
interrompido, urgência para urinar, dor ou ardor ao urinar, sangue na urina ou
no sêmen, dor na região pélvica ou lombar e disfunção erétil. Portanto, é
essencial realizar exames regulares.
4. O exame de PSA, somente, é capaz de identificar a
presença de câncer de próstata.
Mito
O exame de PSA (Antígeno Prostático Específico) é um teste sanguíneo que avalia os níveis desse antígeno no sangue, o qual é produzido naturalmente pelo tecido prostático e está presente tanto na corrente sanguínea quanto no sêmen. É importante destacar que o PSA pode estar elevado em diversas situações, como infecções, inflamações ou crescimento benigno da próstata.
Portanto, um nível elevado de PSA por si só não é suficiente para
diagnosticar o câncer de próstata, mas serve como um forte indicativo para a
realização de outros exames. Por outro lado, um PSA baixo não descarta completamente
a possibilidade de câncer de próstata, sendo necessário considerar outros
fatores e realizar uma avaliação médica completa para obter um diagnóstico
preciso.
5. Um nível elevado de PSA pode garantir, a presença de
câncer de próstata.
Nem sempre
Como já mencionado, o PSA pode estar alto por outros motivos que
não o câncer. Além disso, existem casos em que o PSA está normal e o homem tem
câncer de próstata. Por isso, é importante avaliar outros fatores, como idade,
histórico familiar e resultados anteriores do PSA.
6. Ter um nível baixo de PSA não implica necessariamente a
ausência de câncer de próstata.
Nem sempre
Cerca de 15% dos homens com níveis normais de PSA têm câncer de
próstata. Além disso, alguns tumores de próstata podem não produzir PSA ou
produzir em quantidades muito baixas, dificultando a sua detecção.
7. O exame de toque retal é necessário mesmo quando o PSA é
realizado.
Verdade
O exame de toque retal é um procedimento simples, rápido e
indolor, para palpar a próstata e verificar se há alterações em seu tamanho,
forma ou consistência. Ele é essencial para complementar o exame PSA, pois
permite identificar lesões que podem não ser detectadas pelo teste de sangue.
Além disso, ele pode ajudar a definir a necessidade e a localização da biópsia
da próstata, que é o único exame capaz de confirmar o diagnóstico de câncer.
Portanto, ambos os exames devem ser realizados juntos para uma detecção eficaz,
uma vez que são complementares.
8. Manter ou não uma vida sexual ativa, usar cueca apertada
ou passar muito tempo sentado provoca câncer de próstata.
Mito
Esses fatores não têm nenhuma relação com o desenvolvimento de
tumores de próstata. O que pode influenciar o risco da doença são hábitos como
tabagismo, alcoolismo, alimentação inadequada e sedentarismo. Inclusive, alguns
estudos indicam que uma vida sexualmente ativa pode até reduzir o risco de
neoplasia de próstata.
9. Não há sintomas de câncer de próstata em estágio inicial.
Verdade
Normalmente, isso é verdade. No entanto, alguns homens podem
apresentar sintomas urinários devido ao envelhecimento e ao aumento da
próstata, que ocorre com o passar dos anos. Sintomas como dificuldade
miccional, aumento da frequência urinária, esvaziamento incompleto e acordar
durante a noite para urinar podem ocorrer simultaneamente e causar confusão,
podendo ser decorrentes da hiperplasia benigna da próstata. Portanto, é
importante consultar um médico urologista para esclarecer a causa dos sintomas
e realizar os exames adequados.
10. O câncer de próstata não é curável.
Mito
O câncer de próstata tem cura sim, desde que seja diagnosticado
precocemente e tratado adequadamente, as chances chegam a 90% de cura. Existem
diversas opções de tratamento para o câncer de próstata, como cirurgia,
radioterapia, braquiterapia, hormonioterapia e quimioterapia. A escolha do
tratamento depende do estágio da doença, das características do tumor, da idade
e das condições clínicas do paciente. O objetivo do tratamento é eliminar o
tumor, preservar a função sexual e urinária e evitar as complicações da doença.
11. Não existe prevenção para o câncer de próstata.
Verdade, porém
Não existe uma forma de prevenir o câncer de próstata, mas existem
medidas que podem reduzir o risco ou facilitar a detecção precoce da doença.
Entre elas estão: manter uma alimentação saudável, rica em frutas, verduras e
cereais integrais; diminuir a gordura da dieta e ingerir alimentos que
contenham licopeno (tomate); praticar atividade física regularmente; evitar o
consumo excessivo de álcool; não fumar; realizar consultas médicas periódicas e
fazer os exames de rastreamento conforme a orientação do médico.
12. Traumas na região peniana aumentam os riscos de câncer
de próstata.
Mito
Não há evidências científicas que comprovem essa relação. Os
traumas na região peniana podem causar dor, sangramento, infecção ou
deformidade do órgão, mas não aumentam o risco de câncer de próstata.
13. Transexuais femininas precisam fazer exame de próstata.
Verdade
Sim. Mulheres transgênero, travestis e pessoas não binárias também
devem fazer os exames de próstata conforme a recomendação médica. Isso porque
elas ainda têm a glândula prostática e podem desenvolver câncer nela. O uso de
hormônios femininos pode reduzir o tamanho da próstata e os níveis de PSA, mas
não elimina totalmente o risco da doença.
Hospital Alemão Oswaldo Cruz
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