Quando detectada no início, doença tem até 90% de chances de cura, mas é preciso que os homens se responsabilizem cada vez mais pela própria saúde
O Novembro Azul é o mês para relembrar que a prevenção do câncer de próstata precisa estar entre os compromissos da saúde masculina. Estamos falando de uma doença que está longe de ser rara: é a segunda neoplasia mais comum entre os homens brasileiros, depois do câncer de pele. E que conta com o diagnóstico precoce como a arma mais efetiva para o tratamento. Quando descoberta no estágio inicial, as chances de cura são de 90%.
E é neste ponto que precisamos melhorar: para estar um passo
à frente da doença, é necessária conscientização. É histórico e cultural o fato
de que os homens precisam se responsabilizar mais pela própria saúde. Esta é a
visão de quem atende pacientes diariamente, e há também dados que demonstram
esse comportamento.
Informações levantadas em 2022 pela Sociedade Brasileira de
Urologia (SBU) revelaram que, em um mesmo semestre, 1,2 milhão de mulheres
haviam buscado atendimento ginecológico no Sistema Único de Saúde (SUS),
enquanto apenas 200 mil homens se consultaram com urologistas no mesmo período.
Na Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, a proporção de mulheres
brasileiras que procurou um médico naquele ano foi de 82,3%, contra 69,4% de
homens (considerando todas as especialidades).
Além da cultural resistência no cuidado com a saúde, a
prevenção ao câncer de próstata esbarra em mais um tabu: o toque retal. O exame
de toque é indispensável para identificar alterações de tamanho na próstata,
uma avaliação simples feita pelo médico com o dedo indicador, de forma indolor
e que leva poucos segundos. Vale lembrar que as mulheres se submetem a exames
igualmente invasivos – e estão com a prevenção mais em dia do que os homens.
Estamos em 2023 e é preciso esclarecer: não é obrigação das mulheres agendar as consultas dos homens nem implorar a eles para que busquem atendimento. Como médico, posso afirmar por experiência que o suporte de uma companheira ou até de uma irmã ou de uma amiga é extremamente importante para um paciente que enfrenta um diagnóstico difícil. Este apoio pode fazer do tratamento uma jornada mais acolhedora. Mas suporte não deve ser confundido com responsabilização.
As mulheres dão aula de autocuidado, especialmente com a
atenção aos exames preventivos. O zelo maior pela saúde é também uma das razões
para que tenham uma expectativa de vida mais alta. Que possamos aprender com
elas.
Faça a sua parte na prevenção:
· A partir dos 50 anos, vá anualmente ao urologista para fazer os exames preventivos (de toque e PSA).
· Cuide de forma global da saúde: pratique exercícios físicos, mantenha uma alimentação equilibrada, não fume, modere a ingestão de álcool e controle o estresse.
· Fique alerta ao histórico de câncer de próstata na família. Neste caso, é importante começar a prevenção aos 45 anos.
· Busque
atendimento médico se apresentar sintomas como dificuldade para urinar ou
sangue na urina.
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