Psicóloga especialista em
saúde mental da mulher e em parentalidade avalia que a sanção da lei vai
permitir melhorias que chegam até a formação psíquica do bebê
Dentro de 6 meses, pessoas grávidas e no puerpério (pós-parto), terão garantido
o acesso a acompanhamento de saúde mental pelo Sistema Único de Saúde (SUS),
conforme lei sancionada pela presidência da república no início de novembro.
Katherine Sorroche, psicóloga especialista em saúde mental da mulher e
parentalidade, avalia que a medida chega para facilitar a lida com diversas das
dificuldades enfrentadas desde o planejamento da gravidez, até o pós-parto.
"O ciclo gravídico-puerperal, que compreende desde o desejo de ter um filho
(ou não), passando pela gestação, parto e puerpério, é um período que desencadeia
diversos processos psíquicos na mulher, e na família", conceitua a
especialista. Ela aponta cinco contextos em que a mulher se beneficiará do
amparo psicológico.
1-Transformação interna
Ela entende que a sanção da lei facilita a visibilidade e dá espaço para mudanças internas transformadoras. "Gestar traz não somente mudanças físicas, como também mudanças internas profundas, tornando essencial olharmos e cuidarmos dos medos, anseios e angústias", observa.
2-Sutilezas que afetam mãe e bebê
Katherine ressalta a importância da lei na condução do amparo levando em conta o contexto social, financeiro, conjugal, afetivo e emocional da mulher. " Desde a concepção, esses fatores interferem diretamente na saúde mental da mãe, no vínculo mãe-bebê e na formação do psiquismo da criança", amplifica a especialista.
3-Informação como prevenção
Outro ponto que a psicóloga destaca como benefício da lei é o fato de que as mulheres terão mais acesso ao que pode acontecer com a mente delas durante esse período, o que tende a ajudá-las a lidar melhor com essas situações, caso aconteçam de fato. "Ter assistência psicológica durante a gestação, parto e puerpério é efetivo tanto para o diagnóstico, manejo e tratamento de transtornos perinatais (depressão gestacional, depressão pós-parto e transtorno de ansiedade), como também é um grande aliado na prevenção destes e outros transtornos", explica a Katherine.
4-Mais segurança e confiança
Katherine
pondera, ainda, que mesmo sem transtornos diagnosticados, a característica
educativa dessa iniciativa deve suavizar todo o processo de vivência da
maternidade, da relação com o bebê e dos cuidados com a criança. "Receber
informação acerca do puerpério fisiológico e emocional, da mudança de vida após
a chegada do bebê e a respeito das necessidades fisiológicas, psicológicas e
afetivas do bebê certamente contribuem e muito para que essa mulher atravesse o
puerpério de forma mais segura e confiante", avalia.
5-Melhor lida com gravidez de risco
"A assistência psicológica também é um grande aliado quando há gestação de risco, contribuindo para a compreensão maior da dinâmica que se estabelece, bem como para alívio da sobrecarga emocional", lembra a psicóloga.
Acesso à assistência
O amparo psicológico, segundo Katherine, poderá ocorrer após avaliação e encaminhamento do profissional de saúde no pré-natal e no puerpério, de acordo com o prognóstico.
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