CEO do Instituto Suassuna explica que o assunto ainda desperta tabus e sofre com a falta de debates aprofundados
Homens também choram, mas culturalmente, em muitos casos, parecem não ter o direito de demonstrar as emoções, já que a saúde emocional dos homens é um assunto que, infelizmente, ainda sofre de falta de atenção e de debates aprofundados.
Segundo Danilo Suassuna, idealizador do Instituto Suassuna, que organiza e realiza congressos, seminários, workshops e extensões voltadas aos profissionais da psicologia, existe uma “cultura do silêncio” enfrentada pelos homens, e ela se torna ainda mais complexa quando se considera o julgamento externo e as pressões sociais. “A sociedade sustenta uma visão ultrapassada de que “homens não choram” e devem “dar conta de tudo”, ampliando o estigma e a relutância em buscar ajuda psicológica. Este paradigma não apenas marginaliza os homens que enfrentam questões emocionais, como também agrava casos de ansiedade e estresse. É como uma bola de neve, onde a recusa em buscar ajuda profissional contribui para o agravamento das condições emocionais e mentais”, explica.
Estudos indicam que a procura por terapia por parte dos homens é
discreta. Segundo relatório da Pesquisa Nacional de Saúde 2019, 69,4% dos
homens passaram por consulta no ano de 2018, enquanto esse número é de 82,3%
entre as mulheres —sendo que, dessas pessoas, 79,4% são brancas. “Uma recente
pesquisa do INSTITUTO IDEIA, encomendado pela revista GQ, aponta que 80% dos
homens brasileiros nunca se submeteram à terapia”, afirma Suassuna.
O especialista aponta que a perpetuação de estereótipos de masculinidade
tem ramificações graves e pode levar a problemas mais sérios, incluindo
impactos na saúde física, como doenças cardíacas, hipertensão e diabetes.
“Essas questões tornam-se ainda mais preocupantes quando observamos que muitos
homens acabam recorrendo a mecanismos não saudáveis para lidar com o estresse e
a ansiedade, como abuso de substâncias”, alerta.
Suassuna acredita que a terapia psicológica com profissionais atuantes
e pós-graduados se mostra não apenas útil, mas essencial para o enfrentamento
da questão. “Diferentes abordagens da psicologia oferecem ferramentas valiosas
para enfrentar problemas emocionais e mentais. O que é crucial é que o
terapeuta não seja apenas bem treinado academicamente, mas também tenha
experiência prática comprovada”, orienta.
Ele enfatiza que o problema da negligência da saúde emocional entre os homens é complexo e multifacetado, necessitando de uma solução igualmente complexa e diversificada. “O reconhecimento do problema é o primeiro passo, seguido pelo desmantelamento da cultura do silêncio e do estigma associado à vulnerabilidade masculina. E, acima de tudo, é indispensável que os homens busquem ajuda com profissionais qualificados e atuantes para realmente tratar dos problemas de saúde emocional de forma eficaz”, conclui.
Danilo Suassuna - Doutor em Psicologia pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás (2008), possui graduação em Psicologia pela mesma instituição. Autor do livro “Histórias da Gestalt-Terapia – Um Estudo Historiográfico”. Professor da Pontifícia Universidade Católica de Goiás e do Curso Lato-Sensu de Especialização em Gestalt-terapia do ITGT-GO. Coordenador do NEPEG Núcleo de estudos e pesquisa em gerontologia do ITGT. É membro do Conselho Editorial da Revista da Abordagem Gestáltica. Consultor Ad-hoc da revista Psicologia na Revista PUC-Minas (2011). Para mais informações acesse o instagram: danilosuassuna
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