Ministério da
Saúde amplia vacinação contra o papilomavírus humano para vítimas de abuso
sexual entre 9 e 45 anos
Diante de uma série de evidências do perigo de vulnerabilidade, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação contra o papilomavírus humano (HPV) para as vítimas de violência sexual. A medida visa assegurar a proteção de indivíduos com idades entre 9 e 45 anos que ainda não receberam a vacina ou não concluíram o esquema de imunização contra esse vírus. Nícolas Cayres, ginecologista e professor de Medicina do Centro Universitário de Brasília (CEUB), esclarece os mitos e verdades sobre a vacina e defende a medida de ampliação dos grupos prioritários.
Responsável pela formação de verrugas na pele, as lesões genitais podem ser de alto risco, pois são precursoras de tumores malignos, especialmente do câncer de colo do útero e do pênis. De acordo com o ginecologista, a ausência de prevenção contra o HPV pode acarretar complicações graves, sendo o câncer de colo do útero a principal delas. "O Papilomavírus é o primeiro entre as causas ginecológicas de câncer", alerta o especialista.
Cayres revela que a falta de vacinação contra o HPV
em homens afeta diretamente as mulheres. "Quando os homens não se vacinam,
eles podem se tornar portadores do vírus e transmiti-lo a suas parceiras
sexuais ", frisa o professor. Embora o câncer de pênis possa ser
decorrente da ausência de prevenção contra o HPV em homens, o especialista
afirma que sua incidência é muito baixa quando comparada ao câncer de colo do
útero na população em geral. Por isso, a vacinação para meninos protege as
mulheres do aumento da incidência desse tipo de câncer.
Prevenção do HPV é autocuidado
Nícolas Cayres afirma que há uma conscientização maior sobre a prevenção das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) nas mulheres devido às graves sequelas causadas pela infecção do HPV. Segundo levantamento divulgado pelo Instituto Nacional do Câncer (INCA), somente em 2023, ocorrerão cerca de 17.000 novos casos de câncer de colo do útero no Brasil. Essa incidência é alarmante e reforça a necessidade de prevenção.
Além da vacina, o ginecologista reforça o exame de Papanicolau como fundamental para o diagnóstico precoce de lesões invasoras causadas pelo HPV no colo do útero. Segundo ele, essas lesões têm potencial de se tornarem câncer, mas são completamente tratáveis quando detectadas em estágios iniciais. O Ministério da Saúde recomenda que a mulher faça esse exame a cada três anos, caso tenha dois exames anteriores normais. O simples ato de realizar o Papanicolau regularmente pode evitar o desenvolvimento dessa doença evitável.
Para aumentar o engajamento nas campanhas de
imunização contra o HPV, o docente do CEUB afirma ser fundamental que as
famílias, escolas e profissionais de saúde trabalhem juntos para conscientizar
sobre a importância da prevenção, visando uma vida sexual saudável e livre de
complicações causadas por essa infecção. "A prevenção do câncer de colo do
útero é uma questão de autocuidado e responsabilidade", reforça.
Números no Brasil
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde, 87,08% das meninas receberam a primeira dose da vacina em 2019, mas em 2022, a cobertura caiu para 75,81%. Entre os meninos, a cobertura caiu de 61,55% para 52,16% no mesmo período. 7 em cada 10 casos de câncer de colo de útero no Brasil são causados por um vírus que pode ser combatido com vacina gratuita oferecida pelo SUS.
Quanto à violência sexual, o boletim epidemiológico
do Ministério da Saúde publicado em maio deste ano revelou 202.948 casos
notificados envolvendo crianças e adolescentes. Desse total, somente em 2021,
foram registradas 35.196 notificações, marcando o maior número observado
durante esse intervalo de tempo. No estado de São Paulo, 30% das vítimas de
violência sexual atendidas pelos serviços de saúde contraíram HPV.
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