Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul destaca o
Dia Mundial de Prevenção do Suicídio e a importância da conscientização sobre
saúde mental em crianças e adolescentesDivulgação
De acordo
com dados do Ministério da Saúde, o suicídio na infância e adolescência é uma
preocupação crescente no Brasil. Estatísticas revelam que, entre os anos de
2011 e 2020, houve um aumento de 95% no número de suicídios entre crianças e
adolescentes, representando um grave problema de saúde pública.
A
Sociedade de Pediatria do Rio Grande do Sul (SPRS) junta-se à iniciativa global
do Dia Mundial de Prevenção do Suicídio, que ocorre no dia 10 de setembro, para
enfatizar a necessidade de conscientização sobre saúde mental em crianças e
adolescentes. O médico pediatra, psiquiatra infantil e psicanalista, Victor
Mardini, destaca o papel dos profissionais da saúde, especialmente médicos
pediatras, na prevenção do suicídio nessa faixa etária.
“Antes
da pandemia, já observávamos um aumento nos transtornos depressivos e ansiosos
na faixa pediátrica. O suicídio, segundo a OMS, figura como a segunda causa de
morte entre jovens de 15 a 29 anos. Com a pandemia, esses problemas se
agravaram. É vital ressaltar o papel central do Pediatra na detecção e
prevenção dos transtornos mentais desde a gestação até o desenvolvimento da
criança e do adolescente. A relação próxima com a família possibilita a
identificação de fragilidades e riscos. As doenças mentais, como em outras fases
da vida, resultam da interação entre vulnerabilidade biológica e fatores
ambientais. Um vínculo forte permite a identificação desses riscos e a
orientação adequada, contribuindo para a saúde mental dos pacientes jovens”
salienta.
A saúde
mental é um fator fundamental para o bem-estar das crianças e adolescentes, e
fatores de risco relacionados podem aumentar sua vulnerabilidade ao suicídio.
Victor Mardini esclarece quais são e como os profissionais médicos podem
identificá-los precocemente, fornecendo uma base sólida para a prevenção.
“O
Pediatra, ao dar o exemplo, conversando diretamente com a criança e adolescente
sobre seus pensamentos mais dolorosos, mostrará para a família que o assunto
pode ser abordado sem medos, auxiliando a criança e o adolescente a ter um
canal de expressão do seu desespero e sua angustia, aliviando sua dor
emocional, sentindo-se acolhido e facilitando o encaminhamento do tratamento. A
criança e o adolescente vão sentir-se mais confiante de que poderão falar sobre
seus sentimentos e sofrimentos com sua própria família. Esta abordagem
permitirá mais facilmente o encaminhamento da família para uma consulta
psicológica/psiquiátrica. Em casos de evolução mais arrastada ou sintomas de
maior intensidade, com sintomas ansiosos e depressivos mais significativos e
sofrimento emocional persistente o questionamento aos pais e a própria criança
sobre interesses sobre o tema de morte, utilização da internet para buscas
destes assuntos, pensamentos de morte em relação a si mesmo, ideias de morrer
como solução para o seu sofrimento, a desesperança na vida, a existência de
algum plano concreto de como consolidar o suicídio, são fundamentais para
alertar os pais e indicar uma necessidade urgente de proteção e auxílio
psiquiátrico. Nestas situações o contato e encaminhamento imediato para um
colega psiquiatra é fundamental” acrescenta.
Estratégias
de triagem e intervenção são essenciais nesse contexto. É crucial que os
profissionais da saúde, especialmente médicos pediatras, estejam capacitados
para identificar os sinais de risco de suicídio em crianças e adolescentes e
possam intervir adequadamente. A conscientização e a educação são fundamentais
para promover uma detecção precoce e encaminhar para tratamento especializado.
Marcelo
Matusiak
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