Dia nacional de
prevenção à doença é comemorado em 16 de setembro para reforçar a importância
da atenção permanente aos hábitos preventivos
No mês de agosto, a funkeira MC Katia veio a óbito
depois que seu quadro, já delicado, se complicou por conta de uma trombose. Há
situações extremamente específicas como a da cantora, mas existem também
aquelas em que é possível evitar a doença.
Por essa razão, em 16 de setembro é comemorado o
Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose Venosa, justamente para que seja
do conhecimento de todos a importância do olhar atento e cuidados necessários,
com ênfase aos grupos de risco.
O sangue precisa ser fluido dentro do vaso e, ao
mesmo tempo, ter a capacidade de coagular, ou seja, interromper o escape fora
dele, quando há, por exemplo, uma lesão de tecido, para que não haja uma
hemorragia descontrolada. A trombose é uma disfunção dessa liquidez do sangue,
que coagula dentro das veias, acometendo mais comumente as dos membros
inferiores (cerca de 90% dos casos).
O sistema responsável pela coagulação apresenta
dois mecanismos distintos que ocorrem simultaneamente, quase de forma
antagônica, e, ao mesmo tempo, complementar, que são a formação do trombo
propriamente dita e a dissolução do coágulo (chamada fibrinólise). Tais
mecanismos funcionando em desarmonia favorecem a ocorrência da trombose
patológica.
Algumas características e hábitos tornam o
indivíduo mais elegível à trombose, como obesidade, idade avançada (mais de 75
anos), imobilidade no leito, gravidez, uso de anticoncepcional, reposição
hormonal e doenças autoimunes, inflamatórias (como a Covid-19), cardíacas,
câncer, diabetes e outras hereditárias que determinem a trombofilia. Tais
condições preexistentes exigem uma vigilância permanente do paciente e do
médico que o acompanha, uma vez que o risco de embolia pulmonar – deslocamento
do coágulo para o pulmão – é ainda maior.
De acordo com o Dr. Marcos Müller, médico assistente
no Hospital Municipal Evandro Freire (HMEF)/CER Ilha, gerenciado pelo CEJAM -
Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim” em parceria com Secretaria
Municipal da Saúde do Rio de Janeiro, atitudes preventivas devem fazer parte do
dia a dia dos grupos de risco, como estar sempre em movimento, com exercícios
cotidianos e paradas de duas em duas horas para caminhar em caso de viagens
longas; mudar periodicamente de posição, mesmo estando acamado; ter uma
alimentação adequada; evitar o tabagismo; e usar meias elásticas apropriadas
(que fazem a compressão gradual do membro inferior), sobretudo as pessoas que
ficam de pé por longos períodos ou muito tempo sentadas.
“Na vigência de doenças preexistentes, como câncer,
varizes, doença renal e cardíaca, a prevenção com remédios é necessária e, para
isso, o paciente precisa de acompanhamento médico regular e adequado”, destaca.
Curiosidades do esforço físico
e importância do diagnóstico correto
O acompanhamento médico é fundamental em situações
suspeitas, uma vez que alguns sintomas mascaram uma possibilidade real de
trombose. O contrário se verifica também num caso de esforço súbito da perna e
do surgimento de ruptura venosa com sangramento – “Síndrome da Pedrada”,
remetendo a uma confusão diagnóstica.
Um outro caso comum em esportistas que usam muito
os membros superiores, como os arremessadores, por exemplo, é a formação de
trombose nas veias da parte superior dos braços.
Em todos esses casos, o evento pós-esforço é
relevante para a compreensão do problema ocorrido, necessitando de avaliação
profissional, até para que se evite a automedicação e as questões decorrentes
dessa prática.
Prevenção à moda antiga
Pacientes acamados são fortes candidatos à
trombose, mas podem se prevenir com um exercício bastante simples e eficaz,
segundo o médico do HMEF.
Ele explica que, no passado, era muito comum ver as
pessoas acamadas amarrarem ataduras à ponta dos pés e elas próprias fazerem
movimentos para puxar e empurrar aquela extremidade. Isso facilita a retomada
da caminhada e consequente desospitalização.
“É um exercício imprescindível, que pode se
apresentar como uma alternativa ao paciente que não pode fazer uso de
anticoagulante e que tem previsão de permanecer no leito por um longo período.
Em casos como esse, é preciso encontrar alternativas. O mercado, muitas vezes,
apresenta dispositivos caros e complexos, enquanto ensinar o paciente a puxar e
empurrar a ponta dos pés (dorso flexão e dorso extensão) continuamente, de
forma a massagear a panturrilha, pode ser um
fator decisivo para que não apresente
trombose enquanto estiver acamado”, reforça Dr. Marcos.
Segundo o médico, grávidas, sobretudo aquelas com varizes, também precisam fazer o exercício. “Se compararmos uma mulher não grávida a uma gestante no último trimestre, a chance da segunda desenvolver trombose é quatro vezes maior”, finaliza.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
@cejamoficial)
cejam.org.br/noticias
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