Especialista do
CEJAM explica sintomas não tradicionais que podem indicar a presença do quadro
"Você tem que se animar
mais", "Você precisa ser mais grato", "Você mudou".
Essas são apenas algumas frases que uma pessoa com depressão ouve de quem não
compreende sua realidade. Entre situações e sintomas complexos, a vida de quem
tem esse diagnóstico pode ser mais difícil do que parece. Mas, imagine, agora,
vivenciar tudo isso sem, ao menos, saber que tem o transtorno?
A "depressão oculta" é o nome informal dado ao quadro em que os
sintomas não são tão perceptíveis quanto os da depressão mais grave, o que
dificulta o seu reconhecimento.
Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), estima-se que mais de 300
milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com depressão em todo o mundo.
Ainda de acordo com a entidade, o Brasil, atualmente, se destaca como a região
da América Latina com mais casos de transtornos depressivos.
Os números, no entanto, apesar de chamarem atenção, podem ser bem maiores, se
pensarmos em todos os casos que ainda não foram descobertos, mas que existem de
forma silenciosa.
"Normalmente, os sintomas da ‘depressão oculta’ são menos óbvios. Mas ela
tem a possibilidade de piorar, resultando em efeitos negativos para o indivíduo
com o tempo, se não for reconhecida e tratada precocemente. Assim como outros
quadros psicológicos, esse transtorno pode ter um impacto direto na
qualidade de vida, comprometendo a saúde física e o cotidiano do indivíduo, e
não saber da sua existência dificulta ainda mais as coisas", explica o Dr.
Alexandre Kakitsuka, psiquiatra e diretor médico do CAPS II Adulto Jardim Lídia
e médico assistencial do AMA Especialidades Capão Redondo, gerenciados pelo
CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" em parceria
com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.
Além das clássicas manifestações que todos já conhecem, como tristeza,
desinteresse, falta de energia e mudanças na qualidade do sono e no apetite, há
mais alguns sinais que podem, muitas vezes, passar despercebidos no dia a dia.
O médico enfatiza que é importante também atentar-se, por exemplo, a mudanças
de humor, isolamento social, piora das dores no corpo, falta de atenção e, até
mesmo, à falta de segurança para tomar decisões cotidianas.
Desleixo com a higiene pessoal e da casa, redução do rendimento em diferentes
atividades, incluindo trabalho e estudos, ou mesmo um mergulho exagerado na
fuga, irritabilidade e na perda de interesse em atividades anteriormente
apreciadas, também podem ser encarados como possíveis indícios.
"Não existe uma faixa etária específica em que a 'depressão oculta' seja
mais comum. Ela pode surgir em qualquer fase da vida, porém os sintomas e os
fatores, geralmente, são mais particulares", ressalta o especialista.
Em crianças ou adolescentes, os sintomas podem inicialmente se manifestar
através de um baixo desempenho escolar, irritabilidade constante e queixas
físicas frequentes. Já em adultos, é mais comum perceber dificuldades no
trabalho e nos relacionamentos interpessoais. Quando se trata de idosos, é
frequente a intensificação das dores crônicas e a solidão.
Ao notar qualquer sintoma suspeito, o indicado é buscar ajuda profissional para
o melhor encaminhamento. O apoio multidisciplinar é importante para o
tratamento da depressão e pode ser encontrado através do Sistema Único de Saúde
(SUS), de forma gratuita.
CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
Cejamoficial
cejam.org.br/noticias.
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