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terça-feira, 19 de setembro de 2023

Depressão oculta: é possível ter o transtorno e não saber?

Especialista do CEJAM explica sintomas não tradicionais que podem indicar a presença do quadro

 

"Você tem que se animar mais", "Você precisa ser mais grato", "Você mudou". Essas são apenas algumas frases que uma pessoa com depressão ouve de quem não compreende sua realidade. Entre situações e sintomas complexos, a vida de quem tem esse diagnóstico pode ser mais difícil do que parece. Mas, imagine, agora, vivenciar tudo isso sem, ao menos, saber que tem o transtorno?

A "depressão oculta" é o nome informal dado ao quadro em que os sintomas não são tão perceptíveis quanto os da depressão mais grave, o que dificulta o seu reconhecimento.

Segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), estima-se que mais de 300 milhões de pessoas, de todas as idades, sofram com depressão em todo o mundo. Ainda de acordo com a entidade, o Brasil, atualmente, se destaca como a região da América Latina com mais casos de transtornos depressivos.

Os números, no entanto, apesar de chamarem atenção, podem ser bem maiores, se pensarmos em todos os casos que ainda não foram descobertos, mas que existem de forma silenciosa.

"Normalmente, os sintomas da ‘depressão oculta’ são menos óbvios. Mas ela tem a possibilidade de piorar, resultando em efeitos negativos para o indivíduo com o tempo, se não for reconhecida e tratada precocemente. Assim como outros quadros psicológicos,  esse transtorno pode ter um impacto direto na qualidade de vida, comprometendo a saúde física e o cotidiano do indivíduo, e não saber da sua existência dificulta ainda mais as coisas", explica o Dr. Alexandre Kakitsuka, psiquiatra e diretor médico do CAPS II Adulto Jardim Lídia e médico assistencial do AMA Especialidades Capão Redondo, gerenciados pelo CEJAM – Centro de Estudos e Pesquisas "Dr. João Amorim" em parceria com a Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo.

Além das clássicas manifestações que todos já conhecem, como tristeza, desinteresse, falta de energia e mudanças na qualidade do sono e no apetite, há mais alguns sinais que podem, muitas vezes, passar despercebidos no dia a dia.

O médico enfatiza que é importante também atentar-se, por exemplo, a mudanças de humor, isolamento social, piora das dores no corpo, falta de atenção e, até mesmo, à falta de segurança para tomar decisões cotidianas.

Desleixo com a higiene pessoal e da casa, redução do rendimento em diferentes atividades, incluindo trabalho e estudos, ou mesmo um mergulho exagerado na fuga, irritabilidade e na perda de interesse em atividades anteriormente apreciadas, também podem ser encarados como possíveis indícios.

"Não existe uma faixa etária específica em que a 'depressão oculta' seja mais comum. Ela pode surgir em qualquer fase da vida, porém os sintomas e os fatores, geralmente, são mais particulares", ressalta o especialista.

Em crianças ou adolescentes, os sintomas podem inicialmente se manifestar através de um baixo desempenho escolar, irritabilidade constante e queixas físicas frequentes. Já em adultos, é mais comum perceber dificuldades no trabalho e nos relacionamentos interpessoais. Quando se trata de idosos, é frequente a intensificação das dores crônicas e a solidão.

Ao notar qualquer sintoma suspeito, o indicado é buscar ajuda profissional para o melhor encaminhamento. O apoio multidisciplinar é importante para o tratamento da depressão e pode ser encontrado através do Sistema Único de Saúde (SUS), de forma gratuita.



CEJAM - Centro de Estudos e Pesquisas “Dr. João Amorim”
Cejamoficial
cejam.org.br/noticias.


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