Para um início adequado deste texto, acredito que seja importante alinhar as expectativas entre mim, que escrevo, e você, que lê. É inegável que o ensino superior, no modelo tradicional, precisa de melhorias. No entanto, gostaria de focar na metade cheia desse copo e apresentar alguns argumentos que costumo usar quando me deparo com críticas que considero excessivas em relação à realidade das universidades brasileiras.
Primeiro, é crucial reconhecer que todas as universidades privadas não são iguais. Existem as comunitárias, confessionais, filantrópicas e as particulares com foco no lucro. Essa distinção é importante porque as razões de existir, mesmo que as missões, visões, princípios e valores sejam praticamente iguais, são diferentes. As fundações, por exemplo, conseguem oferecer uma experiência acadêmica mais rica em eventos, pesquisa e extensão, pois reinvestem uma parte maior do superávit no serviço. Essa afirmação é baseada em minha experiência de 20 anos e não há uma fórmula pronta para isso; trata-se apenas da minha percepção.
1. O Ensino Superior quebra ciclos de perpetuação de pobreza e cria ciclos de perpetuação de riqueza entre gerações.
Uma pesquisa divulgada recentemente pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou informações cruciais sobre a relação entre a escolaridade e a renda dos pais e a trajetória profissional de seus filhos. A pesquisa demonstra que o nível educacional dos pais exerce uma influência significativa na carreira e no salário de seus filhos. Em média, os filhos alcançam níveis de escolaridade e salários mais elevados quando os pais têm concluído o ensino superior e possuem empregos de melhor qualidade. É importante notar que essa influência se estende tanto aos pais quanto às mães, destacando a relevância do ambiente educacional e profissional em que os filhos crescem.
A pesquisa não analisou detalhadamente a qualidade do ensino frequentado pelos pais, nem comparou se eles se formaram em áreas com maiores salários e condições.
Nas famílias em que os pais possuíam pelo menos um diploma universitário, 69,1% dos filhos também conseguiram concluir a graduação. Esse percentual é significativamente menor nas famílias em que o pai não é alfabetizado (9,6 milhões de pessoas que não sabiam ler e escrever em 2022 no Brasil), onde apenas 4% dos filhos conseguiram concluir o ensino superior. DEZESSETE vezes menor.
1. O Ensino Superior é um escudo contra a precarização do emprego.
“Motoristas de Aplicativo” são considerados parte da GIG Economy e vem sendo utilizados como exemplos de empregos precarizados (uma vez que não possuem vinculo trabalhista com as plataformas nas quais atuam). Entre esses motoristas 61,8% possuem o Ensino Médio completo, 19,9% o fundamental completo e 7,7% o fundamental incompleto.
Na contramão o percentual de pessoas com nível superior completo entre os motoristas de aplicativo e taxistas é de apenas 10,9% (entre Mototaxistas é de 7,1%).
O percentual para entregadores de mercadorias via motocicleta é ainda menor: 1,9%. A título de comparação, esse resultado para o total de ocupados na economia em geral é de 22%. É correto afirmar portanto que a faculdade protege contra a informalidade dos empregos da GIG Economy. Segundo dados do IPEA.
Concluir o ensino superior leva o profissional a menor taxa de desemprego por nível de ensino. Dos profissionais com faculdade apenas 5,2% estão desempregados. Como medida de comparação o desemprego para quem possui o Ensino Médio Incompleto é de 18,4% e o Ensino Médio Completo 12,6%. Segundo dados da PNAD Contínua.
1. Eleva a Renda e o Salário.
Quanto maior o nível de instrução, maior o rendimento. Aqueles que possuem ensino superior completo registram rendimento médio aproximadamente três vezes maior (R$ 5.108) que o daqueles que tinham somente o ensino médio completo (R$ 1.788). São cerca de seis vezes o daqueles sem instrução. As pessoas que não possuíam instrução apresentaram o menor rendimento médio (R$ 918). Segundo dados do IBGE.
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