Tanto a seca quanto a geada ocasionam uma quebra de ciclo no desenvolvimento da planta Divulgação Biogénesis Bagó Brasil |
Ocorrências de seca e geadas são condições que trazem perdas e dúvidas de como proceder na ensilagem, prática destinada à conservação de forragem. Tanto a seca quanto a geada ocasionam uma quebra de ciclo no desenvolvimento da planta, seja em estágio inicial, intermediário ou do terço final. Esse estresse na planta abre oportunidade para o aparecimento de microrganismos oportunistas como fungos e leveduras e uma modificação de perfil e desafios fermentativos do material para ensilagem. Entretanto, mais prejudicial do que o estresse da planta é o estresse causado no produtor de silagem, que é pego desprevenido e é levado a tomar decisões erradas que podem impactar ainda mais as perdas.
Nessas
situações adversas, a primeira e principal recomendação é não tomar nenhuma
decisão por dicas ou indicações que não tenham sido provindas de um técnico
qualificado na área.
Decisões
devem ser tomadas com base em informações do material e da propriedade em
questão e nunca de forma generalizada.
A
melhor ação no momento do desafio ambiental, que consideramos ser a bússola que
direciona o produtor nas melhores decisões, é imediatamente providenciar uma
análise do teor de matéria seca (MS). Somente com base nos resultados desta
técnica é possível diagnosticar os desafios e partir para o melhor plano de
contenção de perdas.
Por
exemplo, no caso de uma geada que ocorra em um momento no qual a planta ainda
esteja muito nova, o teor de matéria seca será baixo, o que poderá levar muita
água para o silo caso seja ensilada.
Matéria seca muito baixa
Numa
condição de MS muito baixa, o excesso de água será o problema e uma ação
aplicável seria apenas esperar mais tempo, acompanhar e deixar a lavoura
“ganhar” mais matéria seca (5 a 10 dias extras antes do corte podem ser
suficientes). Não se deve considerar ensilar um material com teor de MS
inferior a 25%, sendo o ideal mirar entre 28% e 33%. A condição de menor teor
de MS exige uma queda de pH rápido para uma fermentação desejável, o que evita
a ocorrência de fermentação butírica, a qual prejudicará o consumo da silagem
por parte dos animais.
Para
esse cenário, recomenda-se o uso de inoculantes formulados com bactérias
homofermentativas, muito bem representados pelo MAGNIVA CLASSIC. Este
inoculante possui quatro bactérias e quatro enzimas que, em conjunto,
potencializam a fermentação, trabalham como um time olímpico de revezamento,
com cada bactéria atuando em baixas de pH e momentos diferentes. As enzimas auxiliam
no aumento da digestibilidade da fibra e liberam açúcares, originalmente
indisponíveis no material.
Matéria seca muito alta
Já
quando o problema for um incidente ambiental como a geada em uma lavoura com
estágio mais avançado de desenvolvimento ou até mesmo se a seca aparecer e
elevar o teor de MS além do que era planejado, a estratégia de contenção de
perdas será diferente.
Com
um cenário de matéria seca muito alta, o maior desafio de fermentação em um
contexto de menos água ou sendo mais específico, materiais com matéria seca
superior a 33%, é, sem dúvida, a formação de fungos e leveduras. Plantas com
teores de matéria seca mais altos têm características distintas e deve ser
considerado o uso de inoculantes à base de L. buchneri. O alto teor de carboidratos
solúveis (açúcares) e o alto teor de MS em materiais nesta condição podem
resultar em um risco considerável de menor estabilidade após a abertura, o que
se traduz, usualmente, em aquecimento da massa, que ocorre devido ao ingresso
de oxigênio. Isso acontece porque os açúcares solúveis são usados como
substrato por fungos e leveduras e levam à deterioração aeróbia. Graças à
capacidade de produzir ácido acético, o L. buchneri tem reconhecida ação de
controlar fungos e leveduras ao produzir esse ácido. A recomendação de
inoculantes nesta situação serão cepas heterofermentativas puras de
Lactobacillus buchneri, representadas pelo produto MAGNIVA STEEL ou uma
formulação heterofermentativa mista descoberta depois de 10 anos de pesquisa no
Brasil e recentemente lançada no mercado global com a combinação do
Lentilactobacillus buchneri e Lentilactobacillus hilgardii, o MAGNIVA PLATINUM
1.
Uma
dica para o produtor que pode precisar abrir seu silo mais cedo devido a alguma
necessidade iminente de alimento, a formulação mista do produto MAGNIVA
PLATINUM 1 permite com exclusividade abertura antecipada do silo com 15 dias
após o fechamento e com garantia de estabilidade aeróbia. Da mesma forma, esta
formulação em estudo recente apresentou 9% maior degradabilidade do amido em
silagens de grão úmido e snaplage (silagem da espiga do milho, com palha,
sabugo e milho), fato que pode representar grande diferença econômica no valor
nutricional final desse material.
Para
silagens de capins que possuem características bem distintas de matéria seca
elevada, existe também um produto no mercado que combina cepas
homofermentativas e heterofermentativas com uma grande concentração de enzimas
que agem na quebra da fibra e proporcionam maior disponibilidade do açúcar para
a fermentação e melhor qualidade da silagem final, o MAGNIVA DRY.
Como saber então qual
inoculante utilizar?
O
primeiro ponto a se considerar em inoculantes é que a formulação precisa fazer
sentido do ponto de vista de fermentação e queda de pH. Em avaliação da maior
entidade de segurança alimentar Europeia (EFSA, 2013), nenhum inoculante que
possua menos do que 100.000 UFC/g de inoculação final foi capaz de entregar a
proteção e fermentação esperada desta tecnologia. Portanto, é preciso ter
atenção quanto a formulações que possuem muitas cepas, porém em sua descrição
não são específicas em informar a concentração de Unidades Formadoras de
Colônia (UFC).
Outro
ponto de atenção é o fator é o preço. Como já dizia o ditado popular, “quando a
esmola é muita, todo santo desconfia”. Assim, desconfie de produtos
apresentados como muito completos a preços muito abaixo da média do mercado.
Um
aspecto que não pode ser ignorado refere-se a condições de armazenamento e
prazo de validade. Isso porque inoculantes são “bactérias vivas” e têm vida
útil. Dessa forma, não adquira produtos vencidos, principalmente se não tiver a
data confirmada da colheita definida, pois você poderá inocular grande parte do
produto morto. Não armazene este produto em local que passa por temperaturas
muito elevadas ou em contato direto com o sol. Após aberto é recomendada a sua
utilização completa.
Durante
a aplicação, em muitos casos, a inoculação não é homogênea, pois, após a
diluição, há formação de corpo de fundo no tanque da automotriz. Isso ocasiona
uma inoculação ineficiente em que parte do material recebe pouco produto e
outra parte, muito. Toda a linha MAGNIVA possui a exclusiva tecnologia HC (High
Concentration) que foi desenvolvida pela Lallemand e que permite uma diluição
totalmente homogênea, sem formação de corpo de fundo. A regulagem de aplicação
permite chegar até o mínimo de 300 mL por tonelada, ou seja, com um tanque de
200 L podemos inocular até 666 toneladas. Isso representaria 14,8 hectares,
considerando 45 toneladas de massa/ha de produção.
Todo
esse benefício traz economia de muito tempo de máquina, que vai parar menos
para encher o tanque. Vale lembrar que a grande maioria dos produtos do mercado
requer diluições de 1 L a 2 L por tonelada para não ter a aplicação
comprometida.
Com
esses cuidados, manejo estratégico e orientação correta, a chegada de eventos
inesperados como geada e seca não será tão traumática e não trará tantos
impactos na produção da silagem.
Pedro Hespanha - zootecnista
e Gerente de Produtos & Trade da Biogénesis Bagó
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