A mudança geracional traz consigo uma série de aspectos que precisam ser levados em consideração, sobretudo quando se trata de jovens que iniciam a sua carreira profissional e que buscam almejar, no futuro, posições de destaque.
Muitos pais empreendedores, conscientes da
necessidade dos filhos terem uma melhor formação, além daquela que lhes é dada
nas instituições de ensino, perguntam por cursos ou seminários que objetivam
complementar o conhecimento acadêmico dos jovens. Eles mesmos, pelas
circunstâncias e falta de tempo para estudar foram adquirindo uma série de
conhecimentos que permitiram administrar suas empresas e levá-las muita vezes
ao sucesso.
Os filhos por seu lado, na maioria das vezes receberam boa formação acadêmica,
mas na visão dos pais lhes falta um complemento na formação. Daí a pergunta por
cursos para jovens. Quando pensamos numa grade de assuntos que seriam de
interesse tanto para os pais quanto para os filhos, pensamos em matérias
ligadas ao negócio ou seja: complementação no conhecimento da área financeira;
gestão geral de negócios; assuntos ligados ao RH: direito civil e empresarial e
assim por diante. Mas será que estas são as disciplinas que atendem a
necessidade de uma melhor formação?
Acredito que ao longo do tempo muitos aspectos ligados à formação dos
jovens foram sendo deixados de lado. Apesar da evolução tecnológica muito
do que é preciso aprender não é suprido nem de longe pelos robôs ou
inteligência artificial.
Por exemplo, o falar bem e corretamente sem o
emprego de gírias e deixando o linguajar simplório de lado é de suma
importância. Cruzamos com futuros herdeiros de empresas familiares, com enorme
dificuldade de se expressar corretamente. Cultura geral faz muita falta na hora
de elaborar um raciocínio. Quantas vezes observamos jovens empresários,
acanhados e mudos frente a visitantes estrangeiros que visitam as empresas da
família. Além de temas diretamente ligados aos seus negócios, não são capazes
de abrir uma conversa junto a seus interlocutores. Na produção de cartas,
artigos, memorandos e assim por diante, mostram-se totalmente travados, tendo
que utilizar muitas vezes ChatGPT para substituir sua falta de conhecimento,
prática ou habilidade. A questão não está em utilizar ou não a tecnologia e sim
discernir sobre a qualidade e o conteúdo do que foi produzido. Isto
somente é possível se houver um certo domínio e prática sobre o assunto.
Me assusta por vezes quando jovens não são incentivados pelos próprios
pais a estudar uma língua estrangeira. Consideram desnecessário
para o negócio o saber falar outro idioma. Este pais pensam na educação e
formação dos filhos em relação às necessidades de seus negócios e não em relação
a formação de pessoas aptas a serem cidadãos do mundo no seu mais amplo
sentido. Saber falar um idioma estrangeiro é abrir o leque de conhecimentos,
aprender sobre outros costumes e tradições e eventualmente ter acesso a novas
oportunidades e descobertas.
A formação da nova geração de gestores, empresários ou futuros herdeiros
deveria levar em consideração softskills, ou seja, a formação e a informação
juntas. Basta olhar ao nosso redor e percorrer o CV de expoentes da vida
empresarial. Eles não são apenas grandes especialistas em informática,
mecânica, projetos e assim por diante. As linhas que descrevem a sua vida
profissional pregressa mostram aquilo que chamamos de cultura geral. O bem
formado generalista tem amplas possibilidades de subir em direção ao topo
das organizações se comparado com uma pessoa bem informada, mas limitada ao seu
mundo de sua especialização.
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