Apesar de crônicas, a doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU) têm tratamento
As doenças inflamatórias intestinais (DIIs) afetam
mais de cinco milhões de pessoas globalmente. As mais conhecidas são a
doença de Crohn (DC) e a retocolite ulcerativa (RCU). O Maio Roxo alerta para a
importância do diagnóstico precoce das DIIs que afetam o sistema digestivo,
pois a demora no início do tratamento adequado pode levar a complicações como
estenose e perfuração intestinal.
“A própria doença pode ser traiçoeira no
diagnóstico, por isso é importante que o paciente observe sinais flutuantes e a
persistência de sintomas como fadiga, emagrecimento, diarreia persistente
(crônica) por mais de quatro semanas e procure a ajuda de um
gastroenterologista”, explica o Dr. Clóvis Klock, presidente da Sociedade
Brasileira de Patologia (SBP).
Organizações de pacientes em mais de 50 países se
engajam na campanha que celebra o dia 19 de maio como Dia Internacional das
Doenças Inflamatórias Intestinais (World IBD
Day), com o intuito de conscientizar sobre essas doenças. Em 2023, neste
dia, será lançada uma pesquisa sobre pessoas portadoras de DIIs com 60 anos ou
mais, com o intuito de investigar a qualidade de vida e dos cuidados desses
pacientes.
As DIIs são mais frequentes na faixa etária entre
15 e 40 anos, o que não impede de serem diagnosticadas em outras fases da vida,
mesmo em crianças. São consideradas doenças crônicas, apesar de não terem cura,
com o tratamento adequado, o paciente pode ter uma vida normal. Acredita-se
que a sua gênese esteja relacionada a fatores genéticos, imunológicos,
ambientais, alimentação e alteração da flora intestinal. “Às vezes, a
dificuldade no diagnóstico ocorre pois o quadro se modifica. Um período com
diarreias frequentes, pode ser seguido por outro sem sintomas. E depois, podem
aparecer outros sintomas”, diz o Dr. Klock.
Os sintomas mais comuns para a doença de Crohn (DC)
e a retocolite ulcerativa (RCU) são diarreia ou prisão de ventre, cólica (dor
abdominal), sensação de estufamento após a ingestão de alimentos, dor de
estômago, emagrecimento e sangue nas fezes. Ambas as doenças são caracterizadas
por sintomas recorrentes, de longa duração. Um dos parâmetros de diferenciação
entre ambas as doenças é a distribuição anatômica no organismo. A doença de
Crohn acomete da boca ao ânus (qualquer área do trato gastrointestinal), com
áreas de intestino normal entre as áreas de intestino com inflamação, e a
retocolite ulcerativa costuma se localizar no intestino grosso, desde o
reto.
A jornada diagnóstica para o paciente é cansativa,
mas é importante que ele observe mudanças no hábito intestinal, vontade de
evacuar logo após as refeições, febre e até faça anotações para que possa ter a
correta história do que está acontecendo. “O diagnóstico requer exames
físico, laboratoriais e outros mais invasivos como a ileocolonoscopia e
colonoscopia para investigar a gravidade da inflamação e coletar uma amostra
(biópsia) para obter a histologia”, explica o Dr. Klock.
O papel do médico patologista é essencial na
análise dessas amostras ao microscópio, para determinar a histopatologia, que é
o exame dos tecidos afetados pelas DIIs, fornecendo dados específicos para
auxiliar no diagnóstico, e permitir a escolha do tratamento mais adequado. O
patologista pode identificar características que permitem a diferenciação entre
retocolite ulcerativa e doença de Crohn.
Fechado o diagnóstico, as DIIs são classificadas
como leve, moderada ou grave. O tratamento é feito com medicamentos e,
dependendo da gravidade, também pode ser necessária abordagem cirúrgica. Hoje,
as terapias biológicas também são opções terapêuticas com boa eficácia. A
medicação indicada tem que ser ajustada para cada paciente e o custo mensal
envolvido pode variar bastante, dependendo do grau de atividade da doença.
Infelizmente, quem tem colite também tem um risco
maior de desenvolver câncer. Porém, com o tratamento certo e com o intestino
cicatrizado, o risco diminui consideravelmente. “Para o paciente que tem um
processo inflamatório é importante manter a vigilância do câncer colorretal”,
diz o Dr. Klock.
A melhor prevenção contra as DIIs é buscar uma
alimentação saudável, evitando produtos com aditivos alimentares, consumir
frutas como laranja e limão, fazer exercícios físicos, evitar a obesidade, fumo
e bebidas alcoólicas, além de manter as consultas médicas e exames em dia.
Sociedade Brasileira de Patologia (SBP)
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