Com milhões de faixas disponíveis nas plataformas digitais, e o crescimento contínuo do mercado, saber quando e como lançar um novo projeto é fundamental para alcançar o sucesso na indústria da música
De acordo com informações da IFPI (Federação
Internacional da Indústria Fonográfica), a indústria da música brasileira
cresceu 15,4% em 2022. O número está acima da média global, que foi de 9% no
mesmo período. Isso ocorreu especialmente devido ao impulso dos serviços de
streaming, que atualmente representam 86,2% das receitas totais da indústria da
música. Com isso, o Brasil chegou a 9ª posição no ranking global.
O relatório do IFPI também indica que a indústria
fonográfica nacional arrecadou R$ 2,5 bilhões em 2022. Além disso, segundo
dados da Loud & Clear do Spotify, ano passado já haviam 158 milhões de
faixas disponíveis na plataforma.
Dessa forma, conseguir destaque nos serviços de streaming é um desafio, e para contorná-lo diversos artistas apostam em estratégias de lançamentos constantes. Afinal, a própria estrutura dessas plataformas favorece o consumo de músicas novas. Contudo, publicar muitos conteúdos em um curto período de tempo nem sempre é o melhor caminho, ainda mais quando falamos em artistas independentes.
“A constância dos lançamentos depende muito da capacidade criativa e financeira do artista. Ou seja, não adianta lançar com frequência sem ter um projeto artístico, e isso precisa ser avaliado caso a caso, de acordo com o perfil do artista e do seu público-alvo”, explica Eriton Bezerra, CEO da New Music Brasil.
Empresa especializada na indústria da música, a New Music Brasil tem centenas de artistas independentes em seu catálogo. E para elaborar o plano de carreira de cada um, a empresa foca no potencial de crescimento de seus artistas, buscando auxiliá-los a construir uma “personalidade musical”, nas palavras do CEO. A partir daí, são elaboradas as estratégias de lançamento que melhor atendam às necessidades e condições do artista.
Em outras palavras, não existe uma fórmula ideal que se
aplica a todos os artistas. Ainda que os serviços de streaming favoreçam a
lógica de lançamentos constantes, fatores como a condição financeira e
personalidade musical do artista, além das características do público-alvo,
precisam ser levados em consideração.
Quando uma música deixa de ser novidade na indústria?
Eriton Bezerra explica que a primeira semana após o lançamento de uma música é fundamental para atrair a atenção dos ouvintes pela novidade. Além disso, conforme análise da British Phonographic Industry (BPI), duas semanas é o tempo que uma faixa pode levar para atingir seu pico comercial após o lançamento. Ao mesmo tempo, faixas com mais de um ano são atualmente definidas pelos players de mercado (gravadoras e selos) como catálogo.
No entanto, o desempenho das músicas nas plataformas digitais pode crescer em até 12 meses. “Se olharmos para os analíticos, a grande maioria das músicas de maior performance no meio digital chegam no seu melhor desempenho entre 5 e 10 meses após a publicação, praticamente no momento em que a música começa o seu caminho para virar uma faixa de catálogo”, comenta Eriton.
Já no segundo ano, o desempenho de uma música cai em
média 65%, e segue caindo até se estabilizar como faixa de catálogo, mantendo
um consumo em torno de 10 a 15%, na comparação com o primeiro ano, segundo
Eriton Bezerra.
Lançamentos ou catálogos: no que investir?
Recentemente, um dos maiores players da indústria da música do mundo anunciou que não fará mais distinção entre lançamentos de músicas novas e músicas de catálogo. A proposta visa promover todas as faixas da empresa com o mesmo empenho.
Para Eriton Bezerra, “são dois caminhos diferentes, ambos
muito importantes. Investir em catálogos faz muito sentido quando pensamos em
projetos de carreira. Já o repertório de artistas emergentes tem maior apoio
nos lançamentos. A melhor estratégia é mesclar os dois caminhos, sempre segundo
o perfil de cada artista e gênero musical”.
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