Longe da romantização, especialistas do núcleo infantojuvenil da Holiste Psiquiatria apontam que ser mãe também é aprender a lidar com a frustração
A imagem das "supermães" funciona muito
bem nos personagens da ficção, mulheres que aparentemente são extremamente bem
resolvidas com a tarefa de educar uma criança. A realidade pode não ser assim
tão "cor-de-rosa", segundo especialistas do núcleo infantojuvenil da
Holiste Psiquiatria, maternar apresenta alguns desafios emocionais que, apesar
de comuns, ainda são tabus. São assuntos que não estão ligados ao amor materno,
mas à saúde mental.
"Para quem materna, o amor não vem sozinho, mas acompanhado de medos,
frustrações, angústias, projeções da própria infância, expectativas sobre a
criança e sobre a família, é um atravessamento que exige muita delicadeza ao se
tratar. A maternidade é algo singular que se relaciona com diversas variáveis
sociais, financeiras, culturais, emocionais, entre outras. É uma construção que
passa pela estrutura corporal, mental e das dinâmicas da vida", explica a
psicóloga e coordenadora do Núcleo Infantojuvenil, Daniela Araújo.
Ser mãe também é lidar com um
tipo de luto
Para a psicóloga, é preciso enxergar que a
maternidade não é apenas um substantivo e é mais do que um estado natural, mas
um verbo porque indica uma ação, que necessita de um sujeito para que se
realize. No entanto, é exatamente este ser que é deixado de lado, existe uma
mulher ali, uma companheira, uma profissional, que às vezes fica esquecida sob
o título de mãe, sem uma rede de apoio.
"Com a gestação, como fica o corpo de quem
gesta? Essa estrutura? E esse emocional? São mudanças constantes, inclusive de
conceitos, uns politicamente aceitos e outros nem tanto. O que não se fala, e
vai ganhando status de segredo, é que tornar-se mãe exige um hiato, um espaço,
um silêncio e até um tipo de luto por uma parte que é deixada, algo de seu
corpo, algo de seu tempo, algo de seus desejos, para que outra nasça e nascer
também dói", elabora.
Ser mãe não precisa ser
padecer no paraíso
Maternidade real significa entender que as
gestações não são iguais, logo a maternidade também não será. "Além disso,
é compreender que esta tarefa não é apenas sobre amor, mas sobre se sentir bem
para conseguir se relacionar melhor - e se para isso for preciso tirar um tempo
pessoal, buscar apoio profissional, fazer terapia, tudo bem. Não existem regras
ou um modelo a ser seguido. Em algum momento precisamos revisitar esses
assuntos. É urgente refletir sobre os simbolismos que giram em torno da
maternidade. Será que maternar é mesmo padecer no paraíso?", finaliza.
Quando o assunto é saúde mental, informação é o
primeiro passo. Para saber mais sobre, acesse o site: www.holiste.com.br
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