Pesquisar no Blog

sábado, 13 de maio de 2023

Benefícios relacionados à maternidade atingem status de necessidade

Diante de dados desafiadores, iniciativas que possibilitam o retorno da licença-maternidade com flexibilidade mostram o comprometimento das empresas com a equidade de gênero


A pesquisa “The Labor Market Consequences of Maternity Leave Policies: Evidence from Brazil”, divulgada pela FGV, mostra que cerca de 50% das mulheres perdem o emprego depois do início da licença-maternidade. A porcentagem de mulheres que está no mercado de trabalho acompanha esta média: após a maternidade, metade delas se distanciam do ambiente profissional - entre os homens, apenas 15% deixam seus empregos depois de terem filhos. 

O estudo ainda mostra que a maioria das saídas do mercado de trabalho acontece sem justa causa, por iniciativa do empregador. Mulheres com curso superior apresentam queda de emprego de 35% depois de um ano da licença, enquanto mulheres com níveis mais baixos de escolaridade atingem uma queda de até 51%. 

Países onde a igualdade de gênero alcançou um patamar elevado, como a Holanda, também enfrentam casos parecidos. Um estudo sobre o mercado de trabalho holandês, publicado pelo College Voor de Ritchen Van de Mens, mostrou que 1 em cada 5 mulheres foi rejeitada por causa da gravidez, enquanto 1 em cada 3 contou que ia assinar o contrato de trabalho e perdeu a vaga quando a empresa soube que era mãe. 

“O cenário, que poderia ser desanimador, oferece para as empresas a oportunidade de reconhecer a potência das mães, principalmente aquelas que estão retornando da licença-maternidade. Dez das habilidades listadas pelo Fórum Mundial Econômico como as mais requisitadas pelo mercado de trabalho são desenvolvidas durante a maternidade”, explica Dhafyni Mendes, pesquisadora de carreiras femininas e cofundadora do Todas Gorup. “Em momentos de priorização das pautas ESG, com impacto inclusive no aspecto financeiro, as ações da liderança impactam resultados de estudos como estes”, diz Dhafyni.

Iniciativas já adotadas por muitas empresas brasileiras, como licença-maternidade e paternidade estendidas, auxílio-creche, salas de amamentação, flexibilidade de horários, creches corporativas, carga horária reduzida ou short week são formas de reconhecimento da importância da presença das mulheres que são mães dentro de equipes de alta performance - além de contribuir substancialmente para o aumento da equidade de gênero. 

Outra prática que ganhou espaço em empresas americanas e canadenses é o subsídio do congelamento de óvulos para as funcionárias interessadas em terem filhos em momentos mais tardios. A prática tem levantado algumas polêmicas, principalmente em relação ao quanto a empresa está incentivando as mulheres a atrasarem seu desejo de maternidade. Grandes companhias como Meta, Google e IMB, já oferecem o benefício, defendendo o acesso ao planejamento familiar e à autonomia sobre a decisão de quando se tornar mãe. 

“Mulheres que são mães chefiam mais de 50% dos lares brasileiros, mas encontram barreiras para continuarem no mercado formal de trabalho, e acabam voltando para o final da fila de prioridades, promoções e melhores remunerações nas empresas. No entanto, precisamos mudar os viéses inconscientes que colocam a maternidade como obstáculo em vez de todo o desenvolvimento de novas habilidades que ela proporciona”, reflete Dhafyni. 

A pesquisadora, no entanto, vê com otimismo a pauta da maternidade estar em alta. “Falar sobre a potência das mães, a importância da nossa presença no mercado de trabalho e nosso papel social mostra que estamos avançando na consciêncientização. A valorização das mães é fundamental para a equidade de gênero como um todo, inclusive para as mulheres que não optarem pela maternidade”, conta Dhafyni Mendes, que vê como prioridade as empresas abrirem mais espaços de escuta para as mães. “Precisamos ser ouvidas, em primeiro lugar”, finaliza.



Dhafyni Mendes - pesquisadora do crescimento profissional feminino, com foco na trajetória de lideranças. Com mais de 10 anos de experiência em comunicação multiplataforma para este público, além do desenvolvimento de branding e treinamento de vendas para times globais femininos. Dhafyni é co-fundadora do Todas Group - plataforma que reúne as maiores líderes da América Latina em trilhas de aprendizados voltadas para o impulsionamento da carreira de mais de 30 mil mulheres no Brasil.
https://www.linkedin.com/in/dhafynimendes/
https://www.instagram.com/dhafyni/

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Posts mais acessados