Principais sintomas são dores na região pélvica e nas costas, inchaço e varizes nas pernas e desconforto durante e após a relação sexual. Paciente deve ser avaliada por uma equipe multidisciplinar
As varizes pélvicas são vasos dilatados e
insuficientes que acometem o útero e os ovários, que podem até mesmo ser a
origem de varizes nos membros inferiores. Um terço da procura pelo médico
ginecologista é devido à queixa de dor pélvica crônica, que muitas vezes está
relacionada à presença de varizes pélvicas. Portanto, a doença não é incomum e
precisa ser investigada, principalmente quando não são encontradas doenças
ginecológicas que possam justificar a dor.
A principal causa da doença são as síndromes venosas
obstrutivas abdomino-pélvicas. Conforme o cirurgião vascular e presidente da
Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular - Regional São Paulo
(SBACV-SP), Dr. Fabio Rossi, as veias são vasos responsáveis pelo retorno do
sangue para o coração. Suas paredes são muito finas e a pressão no seu interior
muito baixa, por isso elas podem ser comprimidas por artérias e outras
estruturas, obstruindo o fluxo sanguíneo, levando ao seu represamento e
consequente aumento da pressão do sangue. Isso provoca dor, inflamação e risco
de trombose. “Algumas teses indicam haver componente genético e também hormonal
na origem da doença”, afirma o especialista.
Os principais sintomas são dores na região pélvica
e nas costas ou ainda em topografia renal, que podem estar associados à dor,
inchaço e varizes nas pernas. Outra queixa muito comum é a presença de dor e
desconforto durante e após a relação sexual, chamada de dispareunia. Em algumas
situações, é possível ocorrer sangramento pela urina. “Pesquisas têm
demonstrado que a doença também pode provocar enxaqueca, mal-estar geral
crônico e até depressão”, conclui Dr. Rossi.
Estudos
indicam que as varizes pélvicas talvez estejam relacionadas à infertilidade, principalmente
em situações em que outras causas tenham sido descartadas. A hipótese é que as
varizes pélvicas têm potencial para acarretar o inchaço do endométrio, que é a
cavidade interior do útero onde o embrião é formado, e dificultar o seu
desenvolvimento e até mesmo provocar abortamento. Mas as pacientes multíparas,
ou seja, as que já deram à luz algumas vezes, são as mais acometidas pelas
varizes pélvicas. Isso ocorre pela ação das altas cargas hormonais,
estrogênicas e progestagênicas, e também pelo aumento da compressão, provocado
pelo volume uterino durante a progressão da gestação.
Conforme exemplifica o médico, com o tratamento há
melhora significativa dos sintomas e até mesmo a cura. A técnica é escolhida de
acordo com o quadro clínico, e os achados anatômicos, avaliados por meio de
exames como o Doppler Vascular e a Angiotomografia. A embolização da veia
gonadal é feita por meio da identificação do segmento venoso incompetente,
responsável pela formação das varizes pélvicas, e a injeção por cateter, de
espuma de polidocanol e molas em seu interior, com o objetivo de “entupir” e
“secar” essas varizes. A angioplastia e colocação de stent na veia ilíaca
é usada para tratar o local em que existe a compressão, e a obstrução do fluxo
sanguíneo, técnica utilizada quando existe também sintomas e varizes nas
pernas. Em casos mais raros, quando a obstrução envolve a veia renal, pode ser
necessária a angioplastia desta veia. “Temos ainda algumas equipes que preferem
o tratamento cirúrgico convencional. As técnicas apresentam resultados clínicos
favoráveis na atualidade, desde que realizadas por equipe experiente”, afirma o
especialista.
A doença também tem uma prevalência de
aproximadamente 15% na população masculina, que se agrava com o passar do tempo
se não for tratada. O seu diagnóstico é mais fácil de ser feito, uma vez que as
varizes pélvicas se desenvolvem e exteriorizam para a bolsa escrotal. Ela é
chamada de varicocele e, além do problema estético, pode provocar dor, e é uma
importante causa de infertilidade masculina.
Apesar de todo o conhecimento adquirido, do
desenvolvimento das técnicas minimamente invasivas endovenosas das varizes
pélvicas e do bom resultado do tratamento, que é feito sem cortes e sem
necessidade de internação, a doença ainda é pouco considerada e estudada no
diagnóstico diferencial da dor pélvica crônica. Isso ocorre porque os sintomas
das varizes pélvicas muitas vezes se confundem com outras doenças mais comuns,
como endometriose, mioma uterino, doença inflamatória pélvica, doença
inflamatória intestinal, síndrome do colón irritável, fibromialgia, cistite
crônica, bexiga irritável e até mesmo casos de depressão e infertilidade.
Nesses casos, outros especialistas são os primeiros a ter contato com o
paciente, e somente depois de exauridas todas as tentativas de investigação e
tratamento, que ele é encaminhado para o médico vascular.
A principal recomendação é uma avaliação por equipe
multidisciplinar, que deve envolver o médico vascular especialista e o
ginecologista. “Além dos sintomas, a presença da obstrução, refluxo e varizes
pélvicas aumentam o risco da trombose venosa. Outra complicação provocada pela
dor é a dificuldade da atividade sexual prazerosa, que envolve os distúrbios
psicológicos e de relacionamento, e nos casos mais graves, pode provocar
quadros de ansiedade, depressivos e a perda da qualidade de vida”, alerta o
médico.
A SBACV-SP tem como missão levar informação de
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