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sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Recebeu o diagnóstico de fadiga adrenal? Desconfie, pois isso não existe

Endocrinologista alerta para falsos diagnósticos

28 de fevereiro é o Dia Mundial das Doenças Raras 



Cansaço, desânimo, fadiga, dificuldade para manter o nível de energia e concentração ao longo dia têm sido queixas comuns nos consultórios médicos. Em geral, são pessoas com um estilo de vida muito intenso e estressante: pouco tempo para dormir, jornada de trabalho longa e extenuante, cheia de demandas, pouco ou nenhum tempo para atividade física e diversos problemas da esfera emocional que quase sempre causam sensação de depressão e ansiedade.

“Frente a essas queixas e sintomas, maus médicos rotulam os pacientes como portadores de ‘Fadiga Adrenal’ e prescrevem reposição de corticoide – o cortisol ‘bioidêntico’ - com o argumento que as glândulas suprarrenais estão ‘fadigadas’ e não conseguem produzir a quantidade de cortisol necessária. Mas aqui fica um alerta: não existe fadiga adrenal”, explica Dr. Felipe Henning Gaia Duarte, endocrinologista presidente da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia Regional São Paulo – SBEM-SP

As glândulas adrenais (ou suprarrenais) são duas e se localizam no abdômen, acima dos rins. Elas produzem alguns hormônios como: adrenalina, noradrenalina aldosterona, hormônios masculinizantes (s-DHEA) e o cortisol.

O cortisol é um hormônio que tem vários papéis no organismo, um deles é ajudar a mobilizar energia para que o organismo possa dar conta de executar as suas tarefas durante o dia. Em situações de urgência do organismo, como por exemplo infecções, traumas, acidentes ou mesmo situações de alerta como a necessidade de “fugir de um ladrão”, as glândulas adrenais liberam uma quantidade maior de cortisol para que o corpo tenha mais energia para poder lidar com estas questões.

De fato, existes situações na qual estas glândulas adrenais não conseguem produzir cortisol adequadamente, como no caso de doenças de danifiquem as adrenais como tumores, infecções por fungos, lesões da glândula hipófise, doenças congênitas, dentre várias outras. Esta situação de produção insuficiente e cortisol é chamada de Insuficiência Adrenal, uma doença rara, e é diagnosticada com testes específicos pelo endocrinologista.

“Não existem sintomas clínicos isolados que possam dar esse diagnóstico, no mínimo é necessário dosar o cortisol no sangue, e essa dosagem deverá vir baixa para que se possa pensar neste diagnóstico. Quando o isso ocorre, aí sim, é necessário repor o cortisol usando medicamentos da família dos glicocorticoides - existem vários e o endocrinologista analisará aquele que melhor se encaixa no perfil do paciente”, explica o endocrinologista.

Ele completa dizendo que, por outro lado, quando este critério de falta de cortisol não existe e a “reposição” de cortisol é iniciada, já está claramente comprovado que isto aumenta a ocorrência de problemas metabólicos como diabetes, hipertensão, alteração de gorduras no sangue (triglicérides), perda de massa óssea e muscular etc e isso leva ao aumento da mortalidade e redução da longevidade das pessoas.”

Não se pode negar que no início de uma reposição inadequada deste hormônio o paciente não sinta uma melhora do bem-estar nos primeiros dias, pois este hormônio tem uma ação euforizante inicial, porém, com passar das semanas, esse efeito se perde e o efeitos ruins virão.

“Tenham muito cuidado quando alguém disser que você tem o diagnóstico de “Fadiga Adrenal” e que, especialmente, somente melhora com o tratamento com uso de um hormônio manipulado especial (bioidêntico). Você poderá estar sendo enganado”, alerta o presidente da SBEM-SP.
 

 

SBEM-SP (Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia do Estado de São Paulo)
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