Análise de Wagner
S. de de Moraes, sócio-fundador e Ceo da A&S Partners, também
evidencia o crescimento do PIB do país, impulsionado pelo setor agropecuário,
desde que o governo não atrapalhe com novas medidas e taxações para o setor
Um melhor cenário para as companhias no Brasil para
2023. Projeções indicam queda nos custos e aumento de ofertas de financiamentos
para as empresas.
O mercado tem enxergado com o otimismo a
possibilidade do ciclo da alta de juros chegar ao fim e, aliado a outros
fatores, inclusive externos, a expectativa é de que o Brasil seja favorecido.
Wagner S. de Moraes, sócio fundador e Ceo da
A&S Partners, empresa de negócios voltada a implementação e reestruturação
de operações nas áreas de M&A, turnaround, project finance, real estate,
fintechs, bancos digitais e meios de pagamentos, explica os fatores envolvidos
para esta estimativa de redução nos custos de financiamentos e também uma maior
oferta de crédito para suportar o capital de giro das empresas.
“A taxa Selic, que reflete o custo primário do
dinheiro, já está apontando uma ligeira queda de 13,75% a.a. para 12,50% a.a.
em 2023. Isso já aponta para um redução proporcional para as operações de
financiamento e crédito para as empresas, pois é o principal balizador do custo
do dinheiro. A taxa de câmbio também sinaliza para uma certa estabilidade
frente a taxa atual. Por outro lado, a taxa do IPCA acumulou uma alta de 0,62%
referente ao mês de dezembro de 2022, de acordo com dados divulgados em 10 de
janeiro pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Com isso,
o país fechou o ano de 2022 com IPCA acumulado de 5,79% e, pelo quarto ano
seguido, ultrapassou a meta anual da inflação. Pelo último estudo apresentado
pelo Banco Central no relatório Focus, o IPCA projetado para o ano de 2023 é de
5,39%, também apresentando ligeira retração. Ao somarmos todos esses fatores
internos, como a redução da taxa de juros, a manutenção da taxa de câmbio que
deverá favorecer bastante os preços das commodities agrícolas e previsão de
queda da inflação, com fatores externos, como o aumento da taxa de juros nos
Estados Unidos e o possível aumento de demanda no mercado Chinês, o Brasil
deverá ser muito favorecido por esses fatores”, detalha.
Nas projeções do Centro de Estudos de Mercado de
Capitais da Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Cemec/Fipe), em setembro
deste ano, a previsão é de que as taxas de financiamento para as empresas
tenham uma retração de quase 5% com base nos 23% registrados no mesmo período
de 2022.
Moraes concorda com a projeção e ressalta que a
taxa de juro deverá começar a sofrer redução a partir de junho deste ano. Esta
diminuição estará alinhada ao cenário de crescimento externo e aumento na
demanda interna.
A redução do risco das empresas deverá se refletir
diretamente no custo do dinheiro e spreads bancários. “Com isso, é
perfeitamente factível vislumbrarmos uma redução nos spreads bancários de 5
pontos percentuais, podendo as taxas de financiamentos para empresas com riscos
médios para cima, operarem com taxas em torno de 18% a 18,50% a.a. a partir de
setembro de 2023, salvo mudanças abruptas no cenário ou mesmo novas decisões
governamentais que possam impactar sobre maneira neste cenário”.
A alavanca do crescimento
Para Wagner S. de Moraes, o setor de agropecuária
no Brasil será a principal alavanca para o crescimento do PIB (Produto Interno
Bruto) do país.
O sócio-fundador da A&S Partners evidencia que
conforme o último relatório do Banco Central o crescimento do PIB brasileiro
tem previsão de crescimento de 0,77% impulsionado pelas safras apontadas para
este ano, que podem bater recordes em função da estabilidade climática e
aumento da demanda no mercado mundial. “O PIB agrícola deverá crescer por volta
de 8% para este ano, lastreado num aumento de 16% para as commodities
agrícolas, frente a ano passado. Basta o governo não atrapalhar com novas
medidas e taxações para o setor, que já sofre bastante com a interferência
governamental, bem como termos estabilidade cambial”.
As condições globais de
créditos
Moraes ressalta ainda que as condições globais de
crédito tendem a piorar neste ano em função da recessão prevista para o mercado
americano. Ele cita que a Zona do Euro deverá sentir os impactos da inflação
mais elevada – por conta da guerra entre Rússia e Ucrânia – que já trouxe uma
pressão inflacionária ao mercado europeu.
“O crescimento mundial também será afetado, porém a China ainda tem um
papel decisivo nisso. Diante da possibilidade de retração de atividades, o
governo chinês já entrou com medidas para estimular o consumo e aumento de
produção nos principais setores. O efeito COVID está muito próximo do fim para
a economia chinesa. Se tivermos uma retomada econômica na China, algo muito
provável, é possível que tenhamos uma reversão nas expectativas de crescimento
do PIB mundial, revertendo o cenário bastante pessimista”.
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