Nos últimos anos, observamos uma aceleração nos processos de inovação em inteligência artificial. Um exemplo é o ChatGPT, protótipo de um chatbot com inteligência artificial generativa desenvolvido pela OpenAI que interage com os usuários sobre diferentes assuntos, além de ser capaz de executar inúmeros comandos, como resolver operações matemáticas e produzir textos. Com isso, podemos observar que a evolução da tecnologia impacta diretamente o setor educacional, mas como isso pode afetar o processo de aprendizagem?
Recentemente vimos as tentativas de inserir diferentes
tecnologias na esfera educacional, muitas vezes sem sucesso por conta da falta
de destreza em operar e entender essas tecnologias, ou por inseri-la
forçadamente quando não é necessária. Por outro lado, existe uma gama de
exemplos que foram essenciais no momento da pandemia e se provaram eficientes,
como computadores, tablets e smartphones para acessar recursos educacionais
on-line como vídeos, simulações e jogos educacionais.
O aprendizado nem sempre é visto como algo
engajador, dessa forma, tecnologias mais recentes podem tornar esse processo
mais interativo e atrativo para o aluno. Além disso, a inteligência artificial
(IA) e o conhecimento da máquina podem ser usados para personalizar o
aprendizado, atendendo às necessidades individuais dos alunos e fornecendo
feedbacks instantâneos sobre seu progresso.
O uso correto de tecnologias como a IA pode
alavancar resultados de estudantes como, por exemplo, por meio de trilhas
adaptativas de aprendizagem que se adequam em formato e dificuldade para o aluno,
além de análise de sentimento para avaliar a compreensão e o engajamento deles
com o conteúdo. Fora que é possível proporcionar experiências mais palpáveis
como conversar com livros, extraindo o máximo de conteúdo de uma maneira mais
ativa.
Em contrapartida, o uso indevido dessas
possibilidades pode gerar um resultado indesejado como o comodismo de ter as
informações de maneira imediata, o que permite o aluno ficar em sua zona de
conforto sem estimular seu esforço mental, tão fundamental no processo cognitivo
de aprendizagem.
Além do próprio mal uso, aspectos inerentes a IA podem contribuir negativamente na formação intelectual e social do indivíduo. Se uma inteligência é criada sem uma estrutura de qualidade, pode desencadear modelos incompletos de dados que refletem e perpetuam preconceitos, além de desigualdades existentes na sociedade. Outro ponto de desvantagem importante de pontuar é a falta de acesso dessas ferramentas, já que possibilitam a criação de barreiras a determinado grupo de pessoas e a discriminação indevida no uso da tecnologia como, por exemplo, o etarismo, preconceito contra pessoas com base em estereótipos associados à idade.
Apesar dos contrapontos, entendo que a evolução
tecnológica não pode ser encarada como um obstáculo no processo de
ensino-aprendizagem, e sim como um propulsor. Diante disso, com o uso
apropriado, igual a várias outras aplicações e ferramentas que foram criadas na
história da humanidade, cabe a nós adaptarmos a forma como testamos e cobramos
nas instituições de ensino, assim como já fizemos anteriormente, além de
evitarmos o mau uso da inteligência.
Nos próximos anos, a tendência é aumentar cada vez
mais o uso de IA em diversas áreas, a educação não é diferente. Novas
metodologias avaliativas precisarão ser testadas e criadas, instituições de
ensino superior precisarão adaptar seus currículos e suas ementas a fim de
trazer ainda mais o ensino prático e menos teórico. As ferramentas estão
disponíveis, resta nós sabermos usá-las e, como tudo na história, evoluirmos
com elas.
A inserção do uso correto da IA em grades formativas de ensino básico e superior, e desenvolvimento de raciocínio lógico e crítico precisam ser fortificados, pois saber o que perguntar será o mais importante e o pensamento crítico é fundamental, já que as informações estão ainda mais disponíveis do que antes. O que move o mundo não são as respostas, e sim as perguntas. Dessa forma, deixo como reflexão a frase do empresário norte-americano Paul Tudor Jones: "Nenhum homem é melhor do que uma máquina e nenhuma máquina é melhor do que um homem com uma máquina".
Lorenzo Tessari é Chief
Operating Officer (COO) da Gama Ensino - startup de tecnologia desenvolvedora de um algoritmo proprietário que
identifica os gaps de aprendizado dos alunos para o direcionamento dos seus
estudos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário