Você se lembra dos anos 2000, onde as notícias
sobre mercado de trabalho falavam sobre a geração do milênio (os chamados
Millenials) como se fossem alienígenas que vão para o escritório jovem e
colorido para jogar pingue-pongue e beber cerveja? Bem, a Geração Z é agora a
geração que deve agitar o local de trabalho e nos forçar, mais uma vez, a
desafiar padrões confortáveis. A Geração Z, de jovens entre 17 e 22 anos,
já representa 32,7% da população mundial. São quase 2,5 bilhões de pessoas que
nasceram no mundo digital.
À medida que mais membros da Geração Z entram na
força de trabalho, pode parecer que linhas de batalha estão sendo traçadas
entre funcionários mais jovens e trabalhadores mais estabelecidos (inclusive os
Millenials). Com a força de trabalho multigeracional de hoje, os líderes não
podem operar com uma única mentalidade. Hoje, as pessoas mudam de trabalho sem
sair do quarto. Morar na cidade do seu trabalho, dependendo do cargo e função,
nem sempre é um diferencial. É cada vez mais comum ver equipes que estão em
locais e até países diferentes, mas que trabalham juntas e em harmonia.
É preciso se perguntar: o que é preciso para ser um
líder melhor para a minha equipe? Como reter essa geração? Conceitos clássicos
como "reter talentos" e "deixar as portas abertas" mudam de
paradigma com a Geração Z. Ao invés de tentarmos “mimar”, é mais importante
deixarmos os profissionais à vontade para que saibam que podem sair a qualquer
momento mas que também,aqui dentro, estamos frequentemente fazendo o máximo
para que eles tenham o melhor ambiente de trabalho e possibilidade de
crescimento profissional e pessoal.
Outros fatores importantes são:
- Ter
líderes com foco, que ajudem o time a organizar seu fluxo de trabalho. É
uma geração acostumada com multitarefas, muitas boas ideias e, também,
muita distração. Esse suporte pode fazer toda diferença na produtividade
do time;
- Ter
líderes inspiradores. É uma geração que busca propósito nas coisas e, caso
o líder seja muito autoritário à moda antiga ou ainda motivador como um
técnico de futebol, ele corre sérios riscos de não ter a verdadeira
admiração da equipe.
- Ter
líderes sempre dispostos a ouvir. Tanto para Millenials como Geração Z é
importante que o ambiente de trabalho seja um espaço seguro e aberto às
novas ideias. Isso é ainda mais essencial em empresas onde a criatividade
e inovação são cruciais.
Semelhante aos pais da Geração X e colegas mais
velhos, a Geração Z é bastante crítica, principalmente em comparação aos
Millenials. Seu tom de ceticismo em relação às estruturas de poder, é bastante
justificado quando você considera tudo o que eles cresceram testemunhando - de
economia global em recessão, passando por crises climáticas, pandemia e guerra.
É, portanto, essencial para aqueles que lideram a Geração Z ser honesto, aberto
e transparente, se você deseja ganhar e manter sua confiança. E prepare-se para
muitos feedbacks!
Por estarem expostos o tempo inteiro
(principalmente pelas redes sociais), o julgamento é um fator limitante para a
performance da Geração Z, e isso é um dos primeiros desafios do líder: pensar
empaticamente a carreira da outra pessoa e passar a confiança para que o
liderado confie no seu potencial e escute menos a chamada “platéia invisível”,
uma voz limitante que parte da própria pessoa.
A Geração Z está liderando esforços para normalizar
as conversas sobre saúde mental. Pense desta maneira - eles estão valorizando a
estabilidade emocional em níveis que muitas gerações anteriores valorizavam
apenas a estabilidade financeira. A integração entre trabalho e vida pessoal
para a população da Geração Z será mais do que apenas respeitar o horário de
trabalho. Também será sobre fornecer saídas significativas para as coisas pelas
quais eles são apaixonados na sociedade e abrindo espaço para que eles
realmente tragam todo o seu eu para o trabalho.
Perspectivas, opiniões e desejos muitas vezes mudam.
Se você pensar nos Millennials, as expectativas, normas e desejos que você via
no início dos anos 2000 com os mais velhos da geração entrando no mercado de
trabalho, provavelmente eram diferentes daqueles que você encontrou em meados
de 2010 com os mais jovens. Suspeito que o mesmo acontecerá com a Geração Z.
Além disso, à medida que o futuro se desenrola e passamos por uma pandemia
global única na vida, tendemos a ver muitas características da Geração Z
evoluir, como resultado. Temos um perfil geracional que engaja com a mesma
rapidez que desengaja, mas ainda assim não é possível rotular toda uma geração.
No fim, ver e ouvir como se comportam no mercado de trabalho deve ser visto
como uma oportunidade e não um problema.
Afinal, nada está escrito em pedra. E, felizmente,
rótulos existem para serem desconstruídos e virarem aprendizado.
Bruno
Campos de Oliveira - CMO da ADSPLAY. É professor, com matérias lecionadas em
institutos como IBMEC-SP e EBAC (Escola Britânica de Artes Criativas e
Tecnologia), onde foi embaixador de digital marketing. Também é co-autor do
livro “Mídia Programática de A a Z”, o primeiro livro impresso sobre o tema no
Brasil.
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