A transformação digital tão latente no mercado financeiro ganhou ainda mais força com o Open Banking e mais recentemente com o Open Finance, que dá aos clientes a possibilidade de compartilhar uma série de dados (bancários e não bancários) com diversas instituições financeiras em troca de benefícios.
Na era da experiência, o consumidor busca mais conveniência, facilidade e baixa
fricção, inclusive em sua vida financeira. A infinidade de APIs, o crescimento
de usuários do PIX – 72% em um ano, segundo a Febraban – e a implementação do
Open Finance estão promovendo uma revolução jamais vista no ecossistema
financeiro, onde há espaço de crescimento para todos: bancos tradicionais,
bancos nativos digitais, fintechs e empresas de outros segmentos que desejam
oferecer serviços financeiros personalizados para seus clientes.
Quando o cliente aceita abrir suas informações para outro banco onde ainda não
tem conta ou para uma fintech, ele também decide qual será o prazo desse
compartilhamento. Quem dá as cartas é o consumidor, que prioriza mais
agilidade, eficiência, mínimo esforço e segurança. Aliás, é impossível falar de
uma jornada financeira completa e bem-sucedida sem pensar na importância de
preservar tanto a segurança da transação quanto a identidade do cliente.
Nesse sentido, os bancos e fintechs precisam investir cada vez mais em soluções
preventivas atuais e de ponta, capazes de identificar vulnerabilidades, não
apenas em suas estruturas internas, mas também nos dispositivos dos usuários,
que passaram a ser alvo de ataques.
Segundo pesquisa da Universidade Carnegie Mellon sobre incidentes envolvendo o
setor financeiro, o Brasil figura entre os 25 países com maior número de
ciberataques. As principais ameaças sofridas são vazamentos de dados em
ambientes corporativos; roubos de dados de clientes finais por meio de malware
para celulares e dispositivos móveis; sequestro de dados e indisponibilidade
dos serviços por meio da propagação de ransomware.
Com o nível
de ameaça mais alto devido a maior organização dos hackers na dark web, é cada
vez mais possível para os malfeitores contratarem esses profissionais para
definirem seus alvos, o que pode resultar em uma variedade de invasores
competindo para roubar a maior parte dos dados ou causar o maior dano.
Com a evolução das técnicas utilizadas pelos atacantes, é necessário que as
instituições financeiras tenham uma abordagem de segurança ainda mais rigorosa,
de forma que as pessoas, os processos e as tecnologias atuem juntos na adoção
das melhores práticas que poderão mitigar os riscos de maneira mais rápida e
efetiva.
Ainda segundo o estudo da Universidade Carnegie Mellon, o segmento deve adotar
uma perspectiva de resiliência operacional, que contemple temas como Open
Banking, infraestrutura legada, ambientes em nuvem, trabalho remoto, falta de
informação e ataques direcionados.
Embora sejam preocupações constantes, a segurança dos dados e a prevenção de
fraudes devem ser vistas como facilitadoras para a transformação dos negócios
no “mundo open”, que tem entre as principais vantagens simplificar as relações
entre consumidores e instituições. O potencial do Open Finance é grandioso: a
projeção é de que R$ 760 bilhões sejam injetados no mercado de crédito nos
próximos anos; 4,6 milhões de pessoas sejam incluídas nesse mercado e mais 10
milhões de cidadãos se tornem bancarizados.
Com o Open Finance é possível reduzir significativamente os custos da obtenção
de dados na gestão do relacionamento com os clientes. Essa evolução
possibilitará mais opções de escolha aos cidadãos, que tomarão suas decisões em
ambientes regulamentados, seguros e integrados. Neste ambiente em constante
transformação, crescem também as oportunidades no mercado de Embedded Finance
(serviços financeiros embutidos) e de Banking as a Service (BaaS).
A tendência é que todo esse potencial se intensifique com a chegada do 5G ao
Brasil. À medida que a tecnologia de quinta geração permite a criação de redes
mais confiáveis e responsivas, ela aperfeiçoará a experiência que os clientes
têm com as instituições financeiras.
Com maior velocidade na transferência de dados de um ponto a outro (baixa
latência), o 5G permitirá aos bancos, fintechs e ao varejo processar um grande
volume de dados e analisar o comportamento dos clientes em tempo real,
oferecendo serviços inovadores e personalizados. Na era da experiência digital,
mais do que atender as necessidades do consumidor é preciso encantá-lo. Só
assim é possível construir um relacionamento genuíno e duradouro.
Marcelo Ciasca - CEO da Stefanini Brasil,
referência em soluções digitais e inovação.
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