Com o recente
aumento do número de casos, tem crescido o número de pessoas se recusando a
fazer testes para diagnosticar a doença. Prática é irresponsável e perigosa
As autoridades de saúde brasileiras voltaram a
ligar o alerta: os contágios de COVID-19 tiveram um aumento significativo ao
longo do último mês de novembro. Embora esta oscilação na quantidade de casos
fosse esperada em virtude da capacidade do vírus desenvolver novas variantes,
ainda assim o aumento atual é preocupante, mesmo com o grande número de
imunizados com uma ou mais doses da vacina. Neste cenário de aumento de perigo,
um comportamento adotado por muitas pessoas que apresentam sintomas de
problemas respiratórios pode tornar a situação ainda mais perigosa: a recusa ou
desinteresse em realizar exames para o possível diagnóstico da COVID-19.
Segundo a Associação Brasileira de Medicina
Diagnóstica (Abramed) o número de exames realizados em laboratórios privados
associados à entidade vem crescendo nos últimos meses. Embora tais números
sugiram que as pessoas seguem procurando o diagnóstico, na prática, médicos e
especialistas têm relatado como pacientes apresentando sintomas típicos do
contágio por COVID-19 têm se mostrado resistentes à ideia de realizar exames.
Segundo eles, por se considerarem protegidos graças à vacina, muitas pessoas
optam por não fazer o teste alegando estarem sentindo sintomas leves.
O farmacêutico especialista em engenharia genética
e Gerente do Laboratório da Paraná Clínicas, empresa do Grupo SulAmérica, Romeu
Doudat, defende taxativamente a importância do diagnóstico laboratorial
adequado da doença: “Ele é indispensável e extremamente importante: é apenas
com o exame que conseguimos ter certeza da infecção pelo vírus e tomar as
medidas adequadas para assegurar o isolamento destes pacientes, protegendo-os e
minimizando os riscos acarretados pelo convívio com indivíduos que tem maiores
chances de desenvolver complicações”, explica.
Diferenças entre tipos de
exames
Basicamente, existem dois tipos de exames
disponíveis para o diagnóstico de COVID-19: o teste rápido/autoteste de antígeno,
e o RT-PCR. Os de antígeno, que podem ser feitos por um profissional de saúde
ou pelo próprio indivíduo com sintomas da doença, são capazes de detectar
proteínas específicas produzidas na fase de replicação viral a partir da coleta
de material na nasofaringe ou da saliva. Já o RT-PCR é um diagnóstico
laboratorial, feito a partir de biologia molecular, que identifica a existência
do material genético (RNA) do vírus da COVID-19 em amostras de secreção
respiratória. Os testes de antígeno podem ser feitos em farmácias e unidades de
saúde, enquanto o molecular apenas em clínicas, hospitais e postos de coleta de
laboratórios.
Ainda de acordo com o especialista, é importante
que pessoas que estejam em situações de risco ou que passem a apresentar febre,
tosse, coriza, dor de garganta e dificuldade para respirar façam um teste em
uma unidade de saúde ou em uma farmácia. Nele, o período de detecção costuma
variar entre um e sete dias em relação ao aparecimento dos primeiros indícios
de contágio. “Com o resultado desse exame, e correlacionando-o com os dados
clínicos do paciente, o médico consegue avaliar a necessidade de coletar ou não
o de RT-PCR, que tem um diagnóstico mais preciso”, conta Doudat.
Embora médicos ainda estejam lidando com variações
do vírus, especialistas reforçam que os testes disponíveis são seguros e estão
aptos a diagnosticar o contágio mesmo das versões mais recentes. Os exames
atuais são desenvolvidos e atualizados para detectar estruturas que sofrem
baixas alterações nas diferentes linhagens do vírus conhecidas até o momento.
Segundo Doudat, outro ponto importante a ser levado
em conta por qualquer pessoa com suspeita de contágio por COVID-19 é que o
resultado do teste por si só não é o bastante: “qualquer resultado de exame,
seja ele positivo ou negativo, deve ser interpretado por um especialista que
levará em conta sintomas e dados clínicos antes de considerar ou descartar o
diagnóstico. Ou seja: o paciente deve sempre procurar um serviço de saúde para
ter a correta orientação. Este é o procedimento mais seguro a ser adotado”,
completa.
Paraná Clínicas
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