Thiago Martello e
Janaina Gimael revelam como a educação financeira pode ajudar idosos a não
serem enganados nesse tipo de situação
É cada vez mais comum ver e presenciar idosos
sofrendo algum tipo de violência financeira e, em alguns casos, até mesmo
extorsões. Esses atos muitas vezes são cometidos por familiares e até por
instituições financeiras, que tentam se aproveitar da vulnerabilidade que a
idade avançada acaba gerando.
Dados disponibilizados pelo Disque 100, serviço de
denúncias da Ouvidoria da Secretaria dos Direitos Humanos do Governo Federal,
revelam que a violência financeira contra idosos é a 3ª maior no ranking dos
tipos de violência cometidos no Brasil contra o público mais velho, atrás
apenas da violência psicológica e da negligência.
De acordo com o Estatuto do Idoso, aqueles que
cometem violência financeira contra idosos, apropriando-se de seus bens, por
exemplo, podem ser penalizados com um a quatro anos de reclusão, além do
pagamento de uma multa. Por outro lado, aqueles que se apossam do cartão da
conta bancária de um idoso podem pegar entre seis meses e dois anos de
detenção, além da multa.
Segundo Thiago Martello, educador financeiro e
fundador da Martello Educação Financeira, um grande percentual dos casos são
cometidos pelos próprios familiares. “E praticamente não existe um perfil
específico das vítimas, já que golpes são cometidos sem distinção contra
pessoas afortunadas e contra aqueles que recebem um salário mínimo, por
exemplo. Tem sido, realmente, um problema para diversos idosos”, pontua.
Para Janaina Gimael, jornalista e educadora
financeira, é preciso que se fale mais sobre o tema para que os idosos possam
saber como buscar ajuda e se precaver, especialmente quando alguns abusos
ocorrem através de instituições financeiras. “Observamos que muitos idosos mal
sabem o que acontece em suas contas bancárias porque não têm o conhecimento
necessário relacionado à contratação de produtos. Além disso, muitas vezes se
endividam realizando um empréstimo atrás do outro e, não raro, pegam esses
empréstimos para ajudar outras pessoas, ficando em dificuldade depois. Isso sem
contar os muitos golpes que vêm acontecendo por meio de aplicativos e redes
sociais”, relata. Por outro lado, Martello afirma que promover a
autonomia desse grupo é um desafio que deve ser superado. “As pessoas mais
velhas precisam entender seus direitos e promover mais autonomia para si
mesmas. Por algum motivo, nos dias de hoje existe uma infantilização da pessoa
idosa, quando tudo o que devemos fazer é promover e facilitar o acesso à
educação financeira para esses indivíduos”, declara.
De acordo com o educador financeiro, muitos idosos
sofrem com cobranças agressivas de instituições, o que contribui para eles se
endividarem ainda mais. “Na maioria dos casos, a oferta do crédito é fácil e
rápida, mas a partir do momento em que essas pessoas se tornam inadimplentes, o
assédio e as cobranças são insuportáveis. Os bancos costumam terceirizar
escritórios para telefonar diariamente com ameaças relacionadas a essas
inadimplências, assustando os idosos que se desdobram para realizar pagamentos
abusivos”, lamenta.
Caso o abuso seja praticado por bancos e outras
instituições financeiras e de crédito, é importante buscar a ajuda dos órgãos
de proteção ao consumidor.
Martello Educação Financeira
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