Considerado uma evolução do Open Banking, o sistema financeiro aberto é uma grande quebra de paradigma que promoverá inovações em produtos e serviços
Quando mencionamos a palavra
inovação, automaticamente associamos esse conceito ao futuro, rapidez,
praticidade e todas as facilidades que ele agrega à vida das pessoas. Uma
transformação tecnológica na área financeira que está em pleno curso vai
demonstrar, na prática, o que é inovação.
O Open Finance (Sistema Financeiro Aberto) é o compartilhamento padronizado de dados
e serviços por meio de abertura e integração de sistemas. Em conjunto com as
transformações culturais que vivemos, o sistema é uma evolução do Open Banking
e surge como uma grande quebra de paradigma que promoverá atualizações
definitivas no ecossistema financeiro.
Esse movimento inclui a necessidade de os bancos conhecerem cada vez mais seu
cliente, seu contexto de vida, objetivos, o que gosta, o que consome, curte e
compartilha nas mídias sociais. Com base nessa somatória complementar de
referências sobre seus consumidores, a instituição consegue propor ações,
ofertas de produtos e recomendações para gerar melhorias para sua vida de forma
global.
Os benefícios para os usuários são vários: maior a diversidade de oferta para
cada perfil e cada momento da vida financeira; maior conexão com parceiros para
desenvolver soluções personalizadas aos consumidores; mais engajamento e
fidelização na solução de problemas; a instituição mais centrada no cliente
para resolver suas demandas particulares de forma mais ágil e eficiente e,
ainda, inclusão de mais pessoas no sistema financeiro, uma vez que a
multiplicação de produtos novos atingirá as necessidades um número maior de
novos correntistas e investidores.
O potencial do Open Finance é grandioso: a projeção é a de que R$ 760 bilhões
sejam injetados no mercado de crédito nos próximos anos; 4,6 milhões de pessoas
sejam incluídas nesse mercado e mais 10 milhões de cidadãos poderão ser
bancarizados. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), 50% do
crédito hipotecário depende de informações compradas e 20% da receita é gasta
com aquisição desses itens cadastrais. Com o Open Finance, esse cenário vai
mudar para melhor em benefício de todos os componentes do sistema financeiro,
pois é possível reduzir significativamente os custos da obtenção de dados na
gestão do relacionamento com os clientes. Essa evolução possibilitará mais
opções de escolha aos cidadãos, que tomarão suas decisões em ambientes
regulamentados, seguros e integrados.
A complexidade de tratamento dos dados também será gerida de forma mais
eficiente: no processo de originação de contas e produtos, as etapas mais
intrincadas e burocráticas serão amenizadas pelo Onboarding (tecnologia de
automação de processo de cadastros), tanto digital ou físico, eliminando a
etapa de preenchimento de formulários pelas pessoas.
Outra evolução é que a portabilidade ficará ainda mais dinâmica, uma vez que os
consumidores poderão facilmente transferir contas de uma instituição para outra
para receber uma remuneração mais alta por seus depósitos e podem, ainda,
comparar taxas de crédito de vários bancos sem precisar consultar corretoras ou
especialistas que cobram comissões por esse serviço. O Open Finance deve
eliminar os atravessadores e simplificar as relações entre consumidores e
instituições.
A segurança dos dados e prevenção de fraudes são preocupações constantes e,
erroneamente em alguns casos, vistas como áreas que inibem os negócios. Mas a
segurança deve ser vista como um grande facilitador para a transformação dos
negócios. Soluções como Implantação de Cloud (inclusive na modalidade SaaS -
Software as a Service, com a da Topaz), crescimento de APIs, parceiros e
ecossistemas integrados aumentam a complexidade e vieram para ficar.
Além de ampliar as soluções para os clientes que são ativos no sistema
financeiro, projeta-se a inclusão de mais consumidores por meio da Educação
Financeira, com soluções de agregação de contas e PFM (Personal
Finance Manager), que são excelentes ferramentas para não só criar
experiências satisfatórias, mas para ampliar a educação financeira da
sociedade, reduzindo inadimplência, gerando inclusão e ativando ainda mais a
economia. Em última instância, esse agregado de transformações que está em
andamento com o Open Finance contribuirá para o crescimento do PIB nacional.
Outro acréscimo é o de novas ofertas para as áreas de contabilidade, gestão,
folha de pagamento e plataformas para gerenciamento de fluxo de caixa, que
podem ser obtidas com a parceria entre bancos, fintechs e outras empresas.
Microempreendedores Individuais (MEIs) e Pessoas Jurídicas (PJs) devem ter, em
geral, maior facilidade para comprovar capacidade de pagamento.
Soluções tecnológicas recentes também devem contribuir muito para o potencial
de ampliação do Open Finance. Cada vez mais, o uso de Widgets Personalizados
vai permitir conectar funcionalidades inovadoras, criando verdadeiros centros
comerciais digitais (marketplaces). Os sistemas Data Integration &
Cleaning, por sua vez, serão capazes de remover silos e transformar
dados brutos em informações legíveis, padronizando e categorizando as
informações. Já o KYC (Know Your Costumer) e Data Analytics
conectam, extraem, processam e enriquecem dados de qualquer fonte, criando
perfis atualizados dos indivíduos. Com Governança e Segurança é possível
garantir cumprimento regulatório, identificar padrões de consentimento e
explorar esse mercado com proteção jurídica da LGPD.
Se o ano de 2021 foi marcado pela consolidação das fintechs, aceleração do e-commerce
e início da operação do Open Banking no Brasil, impulsionando as indústrias
financeira e de varejo, essa nova fronteira entre banco e varejo que está quase
invisível seguirá ainda mais forte para os próximos anos com a modernização
tecnológica.
Jorge Iglesias e Flavio Gaspar - são,
respectivamente, CEO e Diretor de Produtos da Topaz.
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