A tempestade de crises que os mercados financeiros internacionais estão atravessando demanda cautela redobrada até mesmo dos investidores que mais flertam com o risco. No mês de junho, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) confirmou a maior alta percentual em sua taxa de juros aplicada desde 1994, indicando uma postura mais agressiva do órgão no enfrentamento à maior inflação nos EUA dos últimos quarenta anos.
Nesse cenário de volatilidade no país e de grandes
incertezas financeiras em todo o mundo, muitas pessoas estão tomando a decisão
de buscar algum retorno sobre seus dólares por meio de investimentos sólidos.
Apesar de parecer um movimento arriscado, investir durante uma recessão pode
ter aspectos positivos se as estratégias de aplicação forem bem coordenadas.
Há muitos prós em se apoderar de uma fatia do mercado
imobiliário global durante uma recessão econômica, por exemplo, pois a maioria
dos investidores não consegue participar deste mercado quando a economia está
estabilizada devido ao alto valor de entrada do investimento. Contudo, quando a
economia está em baixa, os preços e a competição por propriedades geralmente
são menores, sendo uma excelente oportunidade de conseguir um imóvel de alto
padrão em um mercado desejável por uma fração do preço.
Além disso, como a tendência de moedas mais fortes
que o real brasileiro (R$), como o dólar americano (US$), é de valorização no
longo prazo, comprar ativos em dólares garante alto potencial de se obter
retornos positivos, em moeda forte e com uma baixa dose de risco. Assim, muito
do dinheiro que está no mercado de capitais está indo para o setor imobiliário
e este é um momento favorável para se investir.
Vale ressaltar que o preço das propriedades
acompanha os ciclos inflacionários, ou seja, quando há uma crise, elas são uma
reserva de valor - ainda mais quando se trata de propriedades localizadas em
países onde a rentabilidade está em moeda forte. Também é importante destacar
que, quando falamos de investimento imobiliário, os retornos são duplos: por
meio do aluguel (que é a renda mais previsível) e por meio da valorização do
bem, que cresce com o passar do tempo.
No último ano, os preços das moradias ao redor do
mundo atingiram um aumento médio de 7,3% no primeiro trimestre, comparado ao
mesmo período do ano anterior. É o crescimento mais rápido desde o final de 2006,
segundo a análise feita pela consultoria imobiliária britânica Knight Frank em
56 países. Os valores dos imóveis na Europa, Ásia e Estados Unidos também
dispararam nos últimos 20 anos, recuperando-se fortemente da recessão. Assim,
os investidores que compram propriedades em Notting Hill, em Londres, por
exemplo, teriam visto seu preço subir £ 2 milhões na última década.
Nos Estados Unidos, os preços de aluguel de moradia
registraram um pico após três anos em setembro de 2020, chegando a uma média de
US$ 1.867,00. Após uma rápida queda nos anos seguintes, os preços voltaram a
subir, gerando retornos em um curto prazo de tempo após o investimento, o que
proporciona um fluxo constante de retornos ao investidor ao obter uma parte dos
ganhos do aluguel.
Como se trata de um ciclo econômico, essa alta do
setor imobiliário voltará em alguns anos e investir em imóveis quando a
economia global é forte também é uma escolha sábia, já que muitas demandas por
casas, tanto por locatários quanto por compradores voltam a aparecer. Mas, para
quem economizou até agora, este pode ser o momento de aproveitar as
oportunidades e proteger os bens.
Hoje, até mesmo uma das maiores barreiras ao investimento imobiliário, que é a
dificuldade de financiar hipotecas de compra, pode ser contornada por meio de
opções inovadoras. Novas plataformas de investimento permitem que se tenha
vantagens no mercado de compradores com valores muito menores, eliminando a
necessidade de fazer um financiamento de longuíssimo prazo e juros altos. Por
meio dessas plataformas, é possível encontrar imóveis, detectar oportunidades,
fazer a negociação, a escritura e até mesmo a gestão integral de impostos,
despesas de maneira unificada.
Assim, não obstante os desafios e a incerteza
econômica, o setor imobiliário tende a manter sua trajetória ascendente,
oferecendo oportunidades seguras para os investidores. A resiliência e
consistência do retorno e crescimento do mercado imobiliário, especialmente o
norte-americano, pode representar possibilidades para que investidores
aproveitem novas opções no cenário internacional a fim de construir um
portfólio mais consistente e diversificado.
Sofía Gancedo - co-fundadora e
COO da Bricksave, licenciada em Administração de Empresas pela Universidade de
San Andrés e mestre em Economia pela Eseade. Recentemente, foi laureada com o
prêmio Globant Awards - Women that Build.
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