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terça-feira, 19 de julho de 2022

86% das pessoas em home office apresentaram, pelo menos, 1 dos 12 estágios que levam ao nível máximo de exaustão

Pesquisas recentes da Gallup mostram que o trabalho remoto tem desgastado mais os profissionais, comprometendo sua saúde mental

 

O esgotamento no trabalho se dá muito mais pela forma com que nos relacionamos do que com “o quê” nos relacionamos. De acordo com pesquisas recentes realizadas pela Gallup, cerca de 86% das pessoas que trabalham de forma remota apresentaram pelo menos 1 dos 12 estágios dentro das seis etapas até o nível máximo de exaustão.

Mais de 67% das pessoas ainda se sentem pressionadas a estarem disponíveis durante todo o tempo, inclusive fora da jornada "tradicional" conhecida como "horas úteis" ou mesmo fora dos horários combinados previamente, e 45% declara estar trabalhando mais horas do que deveria.

“Para o profissional home office tirar folga ou férias é algo praticamente impossível. Como posso me dar ao luxo de desaparecer, se já nem existo? Se não me vêem? Reconhecer, nomear e interromper as violências invisíveis deveria estar na prioridade de todo o time. Somos excelentes em saber quando sofremos algo, mas muito pouco eficientes em identificar quando somos os agentes agressores”, menciona a psicanalista e CEO do Ipefem, Ana Tomazelli. 

No modelo remoto, infelizmente, o trabalho ganha um peso muito maior, principalmente na abordagem verbal. “É preciso declarar os limites, fazer mais perguntas, aprender a manifestar os desagrados e buscar consensos. É preciso elogiar mais, celebrar mais, acolher mais!”, detalha a psicanalista. 

A cobrança por resultados, o WhatsApp tarde da noite, o email com letras maiúsculas, a retirada de tarefas, a exclusão dos eventos, a piada sobre o corpo, a insistência na intimidade, a falta de feedback, as ameaças indiretas, o deboche diante de um resultado que poderia ter sido melhor: posturas tóxicas são o ponto de partida e a nutrição de um ambiente doente. São violências invisíveis que ganham muito espaço em formatos híbridos ou 100% remotos.

“Não respeitar os próprios limites (ou nem reconhecê-los) também contribui para exaustão, mas é injusto atribuir responsabilidades individuais quando o problema é sistêmico e quando o medo de perder a fonte de renda é maior do que a coragem de se preservar. Por outro lado, esperar que o sistema mude, no curto prazo, é quase ingênuo da nossa parte, o que nos traz de volta às esferas mais particulares”,  complementa Ana Tomazelli. 

O Brasil acumula posições preocupantes quando o assunto é saúde mental e tudo vai passar pelo trabalho, ou seja, pelas relações estabelecidas nos ambientes físicos ou remotos em que há alguma atividade profissional. Atualmente, o País ocupa o primeiro lugar no ranking de ansiedade em nível global, segundo em burnout e quinto em depressão.

“É necessário entender que estatísticas sociais são estatísticas corporativas. Temos a tendência de colocar a culpa nas empresas, esquecendo que as empresas - e qualquer outra corporação - são representadas por pessoas. Se um jogador de futebol faz algo errado, o que isso significa para o time?”, finaliza a profissional. 



Ana Tomazelli - psicanalista e idealizadora do IPEFEM (Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas). A profissional conta com 20 anos de experiência no mercado de Recursos Humanos e Gestão de Pessoas, com passagem pelas empresas KPMG, Dasa, UnitedHealth Group, Solera Holdings, entre outras. Pós-graduada em Gestão de Pessoas pela FGV, Administração e Gestão de Empresas pelo IBMEC, Psicanálise e Saúde Mental (IBCP).



Instituto de Pesquisa de Estudos do Feminino e das Existências Múltiplas - Ipefem
https://ipefem.org.br/


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