No Dia Internacional da Tireoide, especialista explica como área da medicina auxilia nos casos de alteração da glândula, garantindo uma qualidade de vida melhor aos pacientes
O Dia Internacional da
Tireoide é comemorado na próxima quarta-feira, 25 de maio, e, como
qualquer campanha de conscientização, o objetivo desta data é levar informação
científica de forma palatável à população, possibilitando o reconhecimento de
possíveis patologias de uma forma mais clara, inclusive em pessoas que nunca
ouviram falar na possibilidade de alguns tipos de doença.
A tireóide é uma
glândula que usa o iodo para produzir os hormônios que regulam o metabolismo
das células, controlando a função de praticamente todo o tipo de tecido no
corpo humano. Essa glândula pode apresentar problemas que podem ser divididos
em dois grandes blocos: as doenças nodulares e quando ocorre alguma alteração
na função deste órgão.
“Se
pegássemos pessoas na rua com aparelho de ultrassom portátil, poderíamos
descobrir nódulos em 60% das vezes, sendo que 90% ou 95% desses nódulos são
benignos. Isto é, poderiam ter presença de líquidos ou células que não trazem
problemas ao indivíduo. Os outros 5% a 10% desses nódulos detectados podem
abrigar malignidade. Então, estamos falando, inicialmente, em câncer de
tireoide. Por sua vez, 95% dos casos de câncer de tireoide têm um comportamento
brando. Nestes casos, o tratamento padrão é cirurgia. As pessoas serão operadas
e estarão curadas na vasta maioria das vezes”, explica a Dra. Adelina Sanches,
diretora da Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear (SBMN).
A segunda classe de doenças que
envolvem a tireoide é aquela que pode alterar a função desse órgão para mais
(hipertireoidismo) ou pode existir a redução na liberação desses hormônios
(hipotireoidismo). “A tireoide pode ser reconhecida como um dos grandes
maestros da manutenção do nosso metabolismo. Com
o excesso de hormônios, a gente vai ter uma aceleração do metabolismo, causando
emagrecimento, insônia, tremores, nervosismo, agressividade, é como se a pessoa
ficasse mais acelerada que o normal. Já no hipotireoidismo, o paciente ficará
com o metabolismo reduzido, vai ganhar peso, reter líquido, ficará cansado,
sonolento, terá alteração de memória”, explica Dra. Adelina.
A medicina nuclear atua,
principalmente, nos casos de câncer de tireoide e hipertireoidismo. Neste
segundo caso, usa-se radiação para bombardear a tireoide e fazê-la diminuir de
tamanho. Estando em um tamanho menor, ela passa a produzir menos hormônio,
havendo a reversão ou diminuição do quadro do paciente. “Já quando se trata de
câncer, é como se fizéssemos um polimento por dentro, não deixando resíduos de
células malignas, tentando prevenir o retorno dessas doenças. Em alguns casos,
pode-se entrar com radiação de uma forma mais pesada para tratar metástases”,
afirma a diretora da SBMN.
Para os casos de câncer mais graves e
agressivos, que são muito raros, a medicina nuclear chega como um grande
auxílio, podendo minimizar o risco de complicações futuras. “A presença de
médicos bem capacitados para lidar com a doença é fundamental para que mesmo em
casos raros, a pessoa tenha o atendimento médico necessário para poupar ações
excessivas para os casos leves e para não poupar esforços para os casos
agressivos”, salienta a Dra. Adelina.
Contraindicações
Com relação às contraindicações para o
tratamento com a medicina nuclear, elas podem ocorrer em casos de gravidez ou
amamentação. “Uma das raras contraindicações são para pacientes que estejam amamentando
ter que fazer tratamento com iodo radioativo, que são usados para combater
doenças da tireoide, tanto para o diagnóstico, como para o tratamento. Neste
caso, a paciente tem que ficar três semanas sem amamentar e isso fará com que
ela perca a capacidade de se auto regular e manter isso depois. No caso de
gestantes é a mesma situação, ou seja, a exposição de uma mulher grávida deve
ser fortemente evitada nos primeiros três meses de gestação, a não ser que seja
uma situação de risco de vida”, aponta a Dra. Adelina.
Apenas em casos muito extremos é que
seria solicitado que a lactante parasse de amamentar para fazer o tratamento,
como aponta a diretora da SBMN: “Muitas vezes, é importante se manejar a doença
de outra forma até que a gente aplique radiação um pouco mais pra frente, no
processo de tratamento, garantindo a amamentação do filho”.
Fora essas duas situações, há casos
muito raros e graves de hipertireoidismo nos quais os pacientes estão na UTI e
que antes de se iniciar o tratamento, é necessário que a doença esteja em um
relativo equilíbrio. “O tratamento com radiação, por alguns dias, pode
apresentar até uma leve piora dos sintomas, que é a liberação dos hormônios da
glândula que será agredida propositalmente pela radiação para que, depois, o
paciente entre em uma fase de melhoria contínua. Pacientes com quadros
descompensados têm contraindicação para fazer esse tratamento”, finaliza a
diretora da SBMN.
Sociedade Brasileira de Medicina Nuclear - SBMN
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