Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) indicam que o Brasil tem o maior número de pessoas ansiosas do mundo: 18,6 milhões de brasileiros (9,3% da população) convivem com o transtorno. No primeiro ano da pandemia, a prevalência global de ansiedade e depressão aumentou em 25%, de acordo com um estudo recente da OMS.
“Se já não bastasse o mundo caótico nos deixando em constante estresse, ainda temos que lidar com nossos próprios desafios, como hábitos e comportamentos adquiridos ao longo da vida e que se internalizam, sendo que muitos deles nos impactam negativamente e nem percebemos. São práticas tão automáticas que já viram rotina, mas vão sugando nossa energia diariamente”, afirma Monica Machado, psicóloga pela USP, fundadora da Clínica Ame.C, pós-graduada em Psicanálise e Saúde Mental pelo Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Albert Einstein.
Segundo ela, o primeiro passo é
reconhecer os hábitos nocivos, perceber seus efeitos negativos e se prontificar
às mudanças. Para isso, a psicóloga listou alguns dos comportamentos que trazem
prejuízos na qualidade de vida, mas que podem ser revertidos:
Sabotar a hora de acordar
Quando você faz isso, inconscientemente quer reivindicar o controle da sua vida, como se pensasse “eu decido a hora de levantar”. O problema é que esse hábito faz você entrar em um modo automático de procrastinação e deixar tudo para mais tarde. É realmente dessa forma que você quer começar seu dia?
Levantar assim que o despertador toca
interrompe esse processo e ajuda a começar o dia com tempo suficiente e sem
correria. “Adotando isso como regra de vida, passamos a diminuir uma tendência
de pensar excessivamente sobre cada detalhe, o que muitas vezes nos paralisa, e
partir para a ação no momento em que ela nos chama, decisão que fará toda a
diferença quando temos metas a cumprir”, diz Monica Machado.
Lotar a agenda sem incluir tempo para
você
Passamos muito tempo envolvidos com detalhes da rotina, do trivial e do outro, o que não só reduz nosso tempo, como desvia a atenção do autocuidado. Se não dedicamos tempo para nós e para o que desejamos, ao final do dia só o que sentimos é um vazio, apesar de termos feito mil coisas.
“Bloquear momentos para nós e para
nossas prioridades não é egoísmo, é oxigênio para nossa vida. Se cuidamos de
nós, estamos mais potentes para cuidar dos outros. Nossos dias passam a ter
mais significado e experimentamos a sensação de satisfação por estarmos
caminhando rumo ao nosso objetivo, incluindo nós mesmos”.
Alimentar pensamentos negativos
Quando você define uma lente pela qual enxergará o mundo, seu cérebro começa a captar as coisas sempre focado nela. E sempre que acontece algo que valida essa lente, ele manda sinais para prestarmos atenção naquilo. O resultado é que o pensamento negativo gera resultados negativos, que confirmam nossos pensamentos negativos, nos colocando em um espiral direto para o fundo do poço. Passamos a ver só o que é ruim e o que dá errado.
“A boa notícia é que o contrário também
é verdadeiro. Se focarmos no lado bom das coisas, temos a tendência de ver o copo
meio cheio. Um exercício fácil e poderoso para entrar nesse novo modo é
praticar a gratidão. Você pode começar agradecendo diariamente por 3 coisas
bacanas que aconteceram no seu dia”, aconselha Monica.
Comparar-se aos outros e tentar fazer
igual
Com as redes sociais nos dando acesso a
todas e todos, cair nessa armadilha é muito fácil. Muitas vezes deixamos de ser
nós mesmos para tentar agir/ser como alguém que é mais famoso, bonito ou
bem-sucedido. Esse é um dos hábitos mais destrutivos que podemos ter.
“A comparação e a cópia matam sonhos,
paralisam e deixam o mundo mais pobre, pois todos perdem quando um ser humano
decide não expressar sua criatividade original. Você nunca será uma melhor
versão da pessoa que você copia. O que você faz e fala, o post que você
publica, a roupa que você veste, tem que ter a sua cara. Sua força está na sua
autenticidade”, finaliza Monica Machado.
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