A
mestre em educação e diretora pedagógica, Georgya Correa, explicou como a
escola deve estar preparada para lidar com crianças e jovens com uma possível
dependência do celular e/ou das redes sociais. Recentemente, 26 alunos de
uma escola estadual de Recife (PE) passaram mal com falta de ar, tremor e crise
de choro. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) informou que os
alunos tiveram uma crise de ansiedade. Foto: Georgya Correia
Para a especialista, os estudantes estão precisando de desenvolvimento socioemocional para aprenderem a lidar com suas próprias emoções e, ao mesmo tempo, para que possam desenvolver a autorregulação. Além disso, Georgya explicou que os jovens também precisam se fortalecer para lidar com as adversidades, situações estressantes da vida, sem com isso ir para esse lugar de descompensação.
"Por outro lado, penso que esse período de pandemia, que por necessidade lidou com os estudantes com bem menos pressão dentro do ambiente educacional por conta de uma outra pressão estabelecida pela pandemia, os deixou mais inseguros nessa situação de cobrança", pontuou.
Georgya explicou que, no período pós-pandemia, as escolas estão enfrentando a situação da monofobia. Alguns já nesse estado (dos jovens de Recife), outros casos que estão caminhando para isso. Por isso, existe um grande trabalho por parte da instituição escolar e da família em reverter esse processo.
"Tem essa questão da liberação de dopamina, que dá essa sensação de prazer tão percebida pelos jovens, mas também eu enxergo como sendo a questão do vício. Eu vejo que as pessoas acabaram encontrando no celular uma espécie de parceiro de solidão, insegurança... Nesse período de pandemia", explicou.
A diretora pedagógica também falou sobre a contribuição necessária da escola em relação a preparação dos alunos. "Como os estudantes estão sendo preparados pela escola para estarem novamente nessa situação de "cobrança", de verificação dos resultados dos conhecimentos adquiridos? Porque uma avaliação traz essa pressão, já que verifica a compreensão e fixação de habilidades e competências", disse.
A especialista afirmou que, os jovens que estão caminhando para, de fato, um "vício", precisam ser aos poucos desmamados. "Se você faz isso de uma forma repentina, pode causar ataques de ansiedade e uma série de coisas que podem acontecer dentro do ambiente escolar", pontuou.
O neurocientista Dr. Fabiano de Abreu Agrela vem alertando desde 2018 sobre as maneiras que o ambiente digital está trazendo sérios riscos para a saúde mental de crianças e adolescentes. O apego exagerado dos jovens com o celular, chegando a ser até doentio, se tornando uma necessidade incontrolável da qual a pessoa não consegue se livrar, preocupa o professor há muitos anos, mas vêm ganhando mais alarde após casos como o dos estudantes do Pernambuco.
Segundo Fabiano, “o que acontece no cérebro é essa intercepção, uma falta de controle emocional que desencadeia disfunções que acarretam atitudes impulsivas”. E a situação pode piorar ainda mais, revela: “A rede social vai causar danos ainda mais sérios e pode levar à morte. Empresas como Facebook e Tik Tok sabem disso e continuam investindo em neurociência inadequadamente, para que as pessoas liberem cada vez mais dopamina que é viciante segurando assim o usuário. A dopamina é conhecido como neurotransmissores da recompensa, liberado já na expectativa, mas não somente a dopamina como outras substâncias químicas estão envolvidas. O cérebro busca sempre as boas sensações aumentando a ansiedade que funciona como uma pendência para mais liberação dessas substâncias."
Georgya Corrêa - fundadora, idealizadora e
diretora pedagógica da Escola Teia Multicultural e cofundadora e diretora
pedagógica da Edtech Asas Educação. Teve sua primeira formação como atriz de:
teatro, televisão e rádio, atuou como assistente de direção, coreógrafa e
cenógrafa. Realizou trabalhos para o setor de RH desenvolvendo treinamentos de
equipes através do lúdico. É fundadora do recém lançado canal de podcast Escola
5.0. A proposta pedagógica da Teia Multicultural foi seu TCC do curso de
pedagogia e reúne as experiências que teve em uma escola na Índia, ligada ao
autoconhecimento, com sua experiência como atriz, arte educadora e pedagoga e
recebeu em 2016 o reconhecimento do MEC como Instituição de Referência para a
Inovação e a Criatividade em educação básica do Brasil e no ano de 2017, após
uma seleção mundial de escolas inovadoras no mundo, pela Education Cities no
desafio Edumission, recebeu o título honorário de “Inovação em Interdisciplinaridade”
como finalista da seleção de 10 escolas no mundo.
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