Correndo pelo Diabetes e mais 26 instituições participam do manual
DCNTs
representam 76% das mortes no Brasil
Entre as diversas formas de se expressar está a linguagem e, cada vez mais, ela precisa ser empática e não violenta. Essas diretrizes cabem também para a área da Saúde. Se fizermos uma busca na internet encontramos muitos textos com as expressões diabético, asmático, obeso e por aí vai.
Um bom exemplo é a AIDS. Logo que surgiu, a pessoa com HIV era chamada de aidética, o que com o tempo foi substituído para pessoa vivendo com HIV, pessoa soropositiva. E agora os esforços são para mudar as referências às pessoas com doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs).
A linguagem também precisa evoluir e se tornar cada vez mais inclusiva, evitando estigmas e, podemos dizer, menos ofensiva e pejorativa. Daí surge o Guia Linguagem Importa!, uma parceria do FórumDCNTs com 26 instituições e lideranças nacionais e internacionais dos setores público, privado e terceiro setor, entre elas o Instituto Correndo pelo Diabetes, organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo promover a saúde integral e qualidade de vida das pessoas com diabetes e outras DCNTs.
Atualmente, mais de 50% da população adulta brasileira possuem DCNTs, representando quase 76% das mortes no Brasil. “Colocar a pessoa com DCNTs no centro da discussão e emponderá-la, para se tornar a protagonista do seu autocuidado, começa pelo uso de uma linguagem inclusiva e acolhedora. Precisamos tirar o peso do diagnóstico e mostrar os caminhos necessários para uma vida plena e saudável”, conta Bruno Helman, Presidente do CPD.
Abaixo, alguns termos que estão
no Guia Linguagem Importa! que passam a ser recomendados, os que devem ser
“cancelados” e as explicações para as mudanças:
⇛Recomendado: Ajuste da glicemia ou da glicose
intersticial ou da insulina / Ajustar a glicemia ou a glicose intersticial ou a
insulina.
⇛Não Recomendado: Correção da glicemia / Corrigir
a glicemia
Explicação: Correção/corrigir transmite a
ideia de que estava errada, e o erro cometido precisa ser
"consertado". Isso pode gerar culpa e ansiedade. A glicose pode
variar muito em pessoas com diabetes e é importante que, ao se depararem com
variações, não se sintam envergonhadas ou até culpadas em agir e conversar a
respeito com sua equipe de saúde.
⇛Recomendado: Condição (crônica)
⇛Não Recomendado: Doença / Patologia / Morbidade /
Enfermidade
Explicação: Doença e suas variantes estão
muito associadas às doenças transmissíveis e/ou curáveis. No caso das DCNTs,
por serem, na maioria das vezes, crônicas e incuráveis, passam a fazer parte da
rotina da pessoa e sua família, como uma condição, não apenas como uma doença.
O termo condição ou condição crônica evita estigmas associados ao termo doença
e suas variações, e é amplamente recomendado em diferentes línguas.
⇛Recomendado: Pessoa(s) com… (diabetes,
hipertensão, obesidade etc) ou Pessoa(s) que tem(êm)… (diabetes, hipertensão,
obesidade etc)
⇛Não Recomendado: Paciente(s)
Explicação: O termo paciente está associado
à hospitalização. No caso de pessoas com DCNTs, espera-se que sejam empoderadas
e assumam seus autocuidados, recorrendo a serviços de saúde - especialmente
hospitalização - com menor frequência. Implica, ainda, que a pessoa é um
receptor passivo de cuidado, ao invés de um agente ativo em seu próprio autocuidado.
⇛Recomendado: Tem… (diabetes, hipertensão
etc.) ou vive com… (diabetes, hipertensão etc.) - “Você tem diabetes?”
⇛Não Recomendado: Portador de… (diabetes,
hipertensão, complicações etc.) “Você é portador de diabetes?”
Explicação: O termo “portador de uma doença”
está associado a portar o agente causador da doença. Portanto, tem seu uso
justificado no caso de doenças transmissíveis, sejam elas virais, bacterianas
ou causadas por outro agente que tenha o ser humano como hospedeiro.
Sobre o Instituto Correndo pelo
Diabetes
O Instituto Correndo pelo
Diabetes (CPD) é uma organização sem fins lucrativos, que tem como objetivo
promover a saúde integral e qualidade de vida das pessoas com diabetes e outras
doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), por meio do exercício físico,
inclusão e garantia de direitos. Desde 2018, recebe o apoio da Sociedade
Brasileira de Diabetes (SBD) e atualmente faz parte das ações do Departamento
de Diabetes, Esporte e Exercício da SBD.
https://correndopelodiabetes.com/
https://instagram.com/correndopelodiabetes
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