Endocrinologista explica intervenção do meio ambiente nesta ativação fisiológica
“A
minipuberdade é uma ativação transitória do eixo
hipotálamo-hipófise-gônada, ou seja, trata-se de uma ativação fisiológica com
aumento de produção de esteroides sexuais que acontece ao redor de um a seis
meses de vida tanto em meninos quanto em meninas”, comenta a Dra.
Cristiane Kochi, endocrinologista da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e
Metabologia Regional São Paulo (SBEM-SP).
Ela
explica que existem três “puberdades”: uma acontece no bebê ainda no útero,
outra nos primeiros meses de vida (minipuberdade) e depois a mais comumente
conhecida, que ocorre na adolescência. Portanto, a minipuberdade é uma condição
fisiológica.
Do
ponto de vista hormonal, a minipuberdade acontece de forma distinta entre
meninos e meninas, com liberação de níveis diferentes de hormônios que agem na
regulação da reprodução. “A minipuberdade pode ser importante para o
desenvolvimento dos testículos nos meninos, e há estudos
indicando que minipuberdade estaria preparando essa gônada (testículo) para a
fertilidade no futuro”, explica a endocrinologista.
Ou
seja, o desenvolvimento normal da minpuberdade estaria associado com quadros
normais de fertilidade, então a avaliação de alterações genitais nessa fase
ajudaria a fazer o diagnóstico etiológico e, dependendo da causa, poderia
ajudar no tratamento adequado preservando as células gonadais para melhor
fertilidade no futuro.
Minipuberdade e influência ambiental – por causa da grande variabilidade de concentração hormonal entre os bebês nessa faixa etária, acredita-se que exista uma interferência genética, mas que também possa haver interferência ambiental.
“Estudos
têm demonstrado que os desreguladores endócrinos como bisfenol A e ftalatos
(compostos químicos presentes no plástico) passam da mãe para o feto pela
placenta e depois da mãe para o bebê através do leite materno. Assim, a mãe que
tem alta concentração dessas substâncias químicas no sangue pode transferi-las
para o bebê durante a amamentação. Essas substâncias, assim como alguns
pesticidas podem interferir na minipuberdade, alterando a produção de hormônios
nessa fase, podendo, segundo alguns estudos, estar associados a algumas alterações,
como, por exemplo, a falha de descida testicular”, finaliza a endocrinologista.
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