Promovido pela Fundação Bienal em parceria com diferentes instituições culturais, projeto leva recortes da mostra a cidades no Brasil e exterior; primeiras cidades a receber o programa serão São Luís (MA) e Campinas (SP)
A Fundação Bienal dá início, no próximo dia 12 de abril, ao Programa de Itinerâncias da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto, exposição que recebeu 700 mil visitantes no Pavilhão da Bienal e instituições parceiras, entre 2020 e 2021, além de ter atingido 2,7 milhões de pessoas online. Este ano, a primeira cidade a receber a itinerância será São Luís (MA), com abertura de exposição no próximo dia 12 de abril no Centro Cultural Vale Maranhão e na Casa do Maranhão. A circulação conta com articulação do Instituto Cultural Vale, patrocinador da Bienal através da Lei Federal de Incentivo à Cultura. Logo depois, no dia 26 de abril, o programa abre uma nova mostra em Campinas (SP), em parceria institucional com o Sesc SP.
As itinerâncias foram concebidas por Jacopo Crivelli Visconti, curador-geral da 34ª Bienal de São Paulo – Faz escuro mas eu canto. Para 2022, as mostras foram pensadas a partir de enunciados, que são eixos temáticos ou objetos que reúnem obras e artistas, estimulando o público a refletir sobre os assuntos apresentados. Este ano, temas como colonização, racismo e questões indígenas fazem parte das discussões abordadas.
“As itinerâncias podem
ser entendidas, nesse sentido, como metonímias da 34ª Bienal, partes que
elucidam o funcionamento da exposição como um todo. Além de cada enunciado
local, incluímos o título da 34ª Bienal, Faz
escuro mas eu canto. Por meio desse verso do poeta amazonense Thiago de Mello, publicado em 1965,
reconhecemos a urgência dos problemas que desafiam a vida no mundo atual,
enquanto reivindicamos a necessidade da arte como um campo de resistência,
ruptura e transformação”, explica Crivelli Visconti.
Mostra itinerante no Centro Cultural Vale Maranhão e Casa do Maranhão
Pela primeira vez um recorte da
Bienal é apresentado na cidade de São Luís (MA), iniciativa que se tornou possível por meio da parceria inédita com o
Instituto Cultural Vale, o Centro Cultural Vale Maranhão e a Casa do
Maranhão. O recorte da mostra que será exibido na cidade é organizado a partir
do enunciado Retratos de Frederick
Douglass. Douglass foi um
homem público, jornalista, escritor, orador estadunidense, e
um dos principais expoentes da
luta pela abolição
da escravidão. Até
hoje seus retratos circulam pelo
mundo como símbolo de
justiça e liberdade. Assim, sob o olhar penetrante e
desafiador de Douglass, este enunciado traz artistas e obras voltados aos
processos de colonização, deslocamento, violência e resistência que marcaram e
continuam marcando a vida de milhões de pessoas ao redor do planeta. Os
artistas cujas obras participam desta itinerância são: Alice Shintani, Arjan Martins, Daniel de Paula, Frederick Douglass,
Frida Orupabo, Neo Muyanga, Noa Eshkol, Paulo Kapela e Tony Cokes (na Casa do
Maranhão) e Beatriz Santiago-Munhoz, Daiara Tukano, Deana Lawson, Frederick
Douglass, Gustavo Caboco, Jaider Esbell, Paulo Nazareth, Uýra e Victor Anicet
(no Centro Cultural Vale Maranhão).
“Caminhar
é uma forma de aprender: comunidades e povos do mundo ensinam e compartilham
conhecimentos ao caminharem, juntos. Inspirados nesse desejo de movimento e
partilha, é que temos a alegria de levar, pela primeira vez para São Luís,
obras da 34a Bienal de São Paulo, que também patrocinamos. Dentre eles, os
Retratos de Frederick Douglass, por entender a importância do reconhecimento da
ancestralidade em suas diversas formas e trajetos, pertencimento e presença no
estado do Maranhão. A exposição se divide entre os espaços do Centro Cultural
Vale Maranhão e a Casa do Maranhão, propositalmente, buscando criar novos laços
entre as casas de cultura do centro histórico de São Luís”, afirma Hugo
Barreto, diretor presidente do Instituto Cultural Vale.
Mostra Itinerante no Sesc Campinas
Fruto da longeva parceria da Fundação Bienal com o Sesc SP – estabelecida desde a criação do Programa de Itinerâncias –, o Sesc Campinas recebe um recorte da Bienal de São Paulo pela sexta edição consecutiva. O recorte da mostra escolhido para a cidade é organizado ao redor do enunciado Cantos Tikmũ’ũn e conta com obras dos artistas Abel Rodríguez, Adrián Balseca, Alice Shintani, E.B. Itso, Frida Orupabo, Gustavo Caboco, Hanni Kamaly, Jaider Esbell, Sebastián Calfuqueo, Sung Tieu e Victor Anicet.
Os Tikmũ’ũn, também conhecidos como
Maxakali, são um povo indígena originário de uma região localizada entre os
atuais estados de Minas Gerais, Bahia e Espírito Santo. Após inúmeros episódios
de violência e abusos, eles foram forçados a abandonar suas terras ancestrais.
Seus cantos organizam a vida nas aldeias, representando os elementos do seu
cotidiano: plantas, animais, lugares, objetos e saberes. A exposição concebida
ao redor deste enunciado traz à tona o poder do canto, tanto no sentido literal
quanto metafórico, e o exemplo dos Tikmũ’ũn como comunidade, renovado para as
construções de um universo de maneira coletiva.
Ações de Difusão
O programa de mostras itinerantes irá promover ações para professores, educadores e mediadores de público das instituições parceiras do programa. As ações se concentram nos enunciados e artistas de cada uma das mostras, apresentando também conteúdos e práticas que integram a publicação educativa da 34ª Bienal, Primeiros Ensaios. Os conceitos de relação, tradução, crioulização, transparência e opacidade, elaborados pelo filósofo martinicano Édouard Glissant, serão discutidos em diálogo com o trabalho de mediação das obras. Em São Luís (MA), serão realizadas uma palestra e uma visita mediada. Em Campinas (SP), além da formação oferecida aos mediadores, também serão realizadas uma palestra e a ação “Ensaiando a exposição”, ambas abertas ao público.
Sobre o Programa de Itinerâncias da Bienal de São Paulo
O Programa de Itinerâncias da Bienal de São Paulo é uma
iniciativa que chega em 2022 à sua sexta edição. A itinerância da 33ª Bienal,
em 2019, percorreu oito cidades, sendo uma no exterior, e recebeu um público de
mais de 170 mil visitantes.
Pela iniciativa, além de São Luís
(MA) e Campinas (SP), mais sete cidades brasileiras e duas no exterior estão
previstas para receber recortes da 34ª Bienal este ano, são elas: Belo
Horizonte (MG), Brasília (DF), Campos do Jordão (SP), São José do Rio Preto
(SP), Belém (PA), Fortaleza (CE), Juiz de Fora (MG), Santiago (Chile) e Paris
(França).
Serviço
34ª Bienal de São Paulo
- Faz escuro mas eu canto
Programa de mostras itinerantes
Centro Cultural Vale Maranhão
São Luís (MA)
12 abril – 12 junho 2022
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