O desenvolvimento de medicamentos
biossimilares tem sido uma solução inovadora na área da saúde, uma vez que vêm
oferecendo novas opções de tratamento para os pacientes. No Brasil, a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o primeiro biossimilar em
junho de 2015. Atualmente, essa terapia pode ser utilizada para diversas
doenças, inclusive para o tratamento de diferentes tipos de câncer, e traz
perspectivas positivas para esses pacientes, ainda mais quando falamos do Mês
de Combate ao Câncer, celebrado em 4 de fevereiro.
A data representa grande importância,
considerando que o câncer é a segunda causa de morte no mundo, de acordo com a
Organização Mundial da Saúde (OMS). No Brasil, segundo o Instituto Nacional de
Câncer (INCA), as prospecções não são muitos positivas e a estimativa para 2022
é de 625 mil novos casos. Além disso, um estudo da The Economist Intelligence
Unit (EIU), publicado em 2020, prevê que nos próximos dez anos, o País registre
um crescimento de 42% nos casos de câncer.
Exatamente por estes motivos, os
biossimilares se fazem tão importantes neste momento. São produtos biológicos
com custo menor do que os fármacos “tradicionais” (ditos referência), e com
segurança e eficácia cientificamente comprovadas. Para seu desenvolvimento e
liberação, são considerados dois pontos fundamentais: a qualidade do
medicamento, que tem de ser rigorosamente atestada por meio de extensivos
estudos de comparação avaliando aspectos clínicos e não clínicos, e a questão
econômica.
Desta forma, esses medicamentos ampliam
as opções para os clínicos, financiadores e sistemas de saúde de modo geral,
mas mantendo a qualidade do tratamento. Sendo assim, os biossimilares
contribuem para ampliar o acesso aos tratamentos oncológicos no Brasil,
aportando novas e avançadas tecnologias para as terapias.
Um exemplo é o tratamento de câncer de
mama no Brasil, que vem utilizando biossimilares em combinação com a
quimioterapia. O câncer de mama HER2 positivo é responsável por até 20% dos
casos deste tipo de neoplasia no País, segundo o Instituto Nacional do Câncer
(INCA). Este subtipo de câncer de mama, tem por característica crescer e se
disseminar muito rapidamente. Portanto, as terapias com fármacos contra a
proteína HER2 (terapias-alvo) para este tipo de tumor revolucionaram o combate
à doença, tanto no estágio inicial quanto nos metastáticos.
O medicamento biológico trastuzumabe
tem sido a base deste tratamento nas chamadas terapias conjugadas. No entanto,
associá-lo a um segundo anticorpo monoclonal -- ou seja, remédios precisos, de
origem biológica e criados para combater de câncer a doenças autoimunes -- numa
estratégia conhecida como duplo bloqueio, melhora significativamente os
resultados, conforme comprovam os estudos científicos. Como é o caso do
Herzuma, droga aprovada pela Anvisa em 2019, e que pode ser indicada em
diferentes fases da doença, inclusive após cirurgia, quimioterapia e
radioterapia, ou em conjunto com esses tratamentos.
Da mesma forma, o anticorpo monoclonal
Bevacizumabe chegou ao mercado brasileiro em 2020 para o tratamento tanto do
câncer de mama, quanto de diversas outras neoplasias, como pulmão, colorretal,
células renais, ovários e colo de útero, sempre em terapias conjugadas, que
inibem a multiplicação das células tumorais e “poupam” os tecidos saudáveis --
fatores essenciais para o sucesso do tratamento e a qualidade de vida dos
pacientes.
Assim, oferecer tratamentos com custos
menores, sem comprometer a segurança e a eficácia, é uma forma de aprimorar o
uso de recursos financeiros na saúde, ampliando a disponibilidade dos
medicamentos à população. Dessa forma, todos saem ganhando. As perspectivas são
otimistas não somente na oncologia, mas em diferentes áreas da saúde, e
considero os biossimilares o futuro-presente da indústria farmacêutica, que só
tende a crescer.
Além disso, vale ressaltar que os medicamentos acessíveis são essenciais, mas mais importante do que isso, é o olhar para si, sempre atento a prevenção. Por este motivo, neste Mês de Combate ao Câncer, não deixe de se questionar sobre os cuidados com si mesmo e, se ainda não o tiver feito, realize o “check-up” anual e a respectiva visita médica para mostrar seus exames e programar o seguimento de sua saúde. Cuide-se!
Dra. Maria Cristina Figueroa Magalhães - oncologista, professora da
disciplina de Oncologia Clínica da PUC-PR e diretora científica da Associação
Amigas da Mama (AAMA).
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