Especialistas afirmam
que sim, se manter ativo pode ajudar tanto a não infecção quanto para a
recuperação da doença. Um novo lockdown poderia trazer consequências sérias à
saúde da população
Apesar da vacinação avançada no Brasil, os casos
ultrapassam taxas históricas. Segundo os dados divulgados por meio do consórcio
de imprensa no último domingo (30), 149,6 milhões de brasileiros estão
totalmente imunizados contra a covid-19, e no mesmo dia o Ministério da Saúde
também divulgou que há 134.175 novos casos de covid-19 diagnosticados no país.
À medida que as taxas de transmissão aumentam, a população segue em busca de
formas para melhorar a saúde e manter a imunidade alta, complementando a
vacinação.
A atividade física, por exemplo, é uma das ações que
precisam ser tomadas e incentivadas para se ter uma vida mais saudável, pois
previne doenças e ajuda no tratamento de outras, seja ela Covid-19 ou
influenza. Recentemente, a Universidade de São Paulo (USP) realizou um
levantamento com 1.095 voluntários que tomaram o imunizante Coronavac, e entre
eles, 898 tinham doenças autoimunes, dos quais 494 foram classificados como
ativos fisicamente e 404 sedentários.
Além disso, no restante dos voluntários, 197 não eram
imunossuprimidos. Desse percentual, 128 participantes foram considerados ativos
e 69 inativos. A pesquisa mostrou que nos participantes ativos houve maior
produção de anticorpos (IgG total), os mecanismos de defesa contra a covid-19.
A pesquisa também apontou que a quantidade de anticorpos neutralizantes (NAb),
que impedem o contato do vírus com as células humanas, aumentou.
Em outra pesquisa publicada, desta vez pelo Doutor em
Ciências da Saúde, Paulo Gentil, comprova a relação positiva entre exercício
físico e a resposta imunológica da pessoa. Ele explica que fez uma revisão de
literatura e metanálise concluindo que as evidências mostram pessoas
fisicamente ativas desenvolvem mais anticorpos.
“As conclusões que a gente tirou desse estudo foram que o
exercício pode ser muito bom, e dependendo da forma como ele for realizado,
pode ser um remédio ou um veneno pro sistema imune. Ou seja, os exercícios de
duração mais longa podem deprimir a imunidade, já os exercícios de duração mais
curta costumam estimular a imunidade. Por isso é extremamente importante que o
exercício seja prescrito e acompanhado por alguém que entende desse tema”,
explica o Doutor em Ciências da Saúde.
O infectologista Victor Bertollo, aponta que apesar dos
poucos estudos associando os imunizantes contra a covid e atividade física, há
evidências dessa relação com outras vacinas. “Pessoas que praticam regularmente
atividade física tendem a ter uma melhor resposta à vacinação, tanto a resposta
celular quanto a produção de anticorpos. E isso potencialmente estaria
associado a uma maior eficácia e efetividade das diferentes vacinas”,
acrescenta o médico do Hospital Anchieta de Brasília.
Atividade física pós infecção por covid-19
Fraqueza, cansaço, falta de ar e dores articulares, são
algumas das diversas sequelas que o coronavírus pode deixar no corpo da pessoa
recuperada da doença. Thais Yeleni, presidente do Sindicato das Academias do
Distrito Federal (Sindac-DF) explica a importância da atividade física para o
paciente pós-covid, “ a pessoa que se mantém ativa, com uma boa alimentação,
atividade física regular de média a baixa intensidade, e um bom sono, tende a
diminuir em até 60% os efeitos do pós-covid”, acrescenta.
“Fizemos estudos em relação ao nosso segmento, nos
tornamos mais seguros do que vários outros ambientes, tais como mercados,
farmácias, shopping, lojas, restaurantes, bares, inclusive até o próprio
hospital”, explica a presidente do Sindac-DF. Ela continua: “temos um estudo
que mostra que os protocolos aplicados tornaram o ambiente extremamente seguro.
Então nossos protocolos inclusive foram validados, melhorados por
infectologistas da USP, baseados em protocolos de outros países que tiveram
muito sucesso na retomada das atividades”, conclui.
Lockdown e saúde física: como melhorar essa relação
Um estudo sobre os efeitos psicológicos e físicos
causados pelo lockdown, publicado em janeiro de 2022 pelos pesquisadores Jonas
Herby, Lars Jonung e Steve H. Hanke, explica que apesar dos dados apresentarem
números reduzidos de contágio por covid-19 durante a interrupção de serviços,
essa ação pode causar sérias mudanças no comportamento das pessoas. É
extremamente difícil diferenciar os efeitos da conscientização e do que os
autores chamam de NPI (non-pharmaceutical intervention).
A pesquisa defende que há outras maneiras mais saudáveis
de impedir que o vírus se prolifere, como o distanciamento social voluntário,
uso de desinfetantes para as mãos e uso de máscaras, apesar de ser uma área com
poucos estudos mostrando sua validez em comparação aos estudos de lockdown.
Outro ponto relevante para a análise do lockdown é a inatividade, ou seja, as
pessoas se movimentam menos, trabalham sentadas e não veem que isso pode trazer
sérios riscos à imunidade e à saúde mental.
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