Ao longo dos últimos meses, a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) vem atuando intensamente, com entidades de expressão nacional e internacional, para evitar que a Organização Mundial da Saúde (OMS) inclua a nomenclatura "velhice" na atualização da Classificação Internacional de Doenças (CID), que passa a valer em janeiro de 2022.
Finalmente, a OMS
manifestou-se favorável à retirada do termo old age (velhice) e à
substituição do mesmo por Ageing associated decline in intrinsic capacity
(capacidade intrínseca em declínio).
Diversas
organizações civis, entre estas a SBGG, atuaram conjuntamente para a conquista
desta revisão por meio do movimento "Velhice não é Doença", iniciado
no programa de YouTube "O que rola na geronto" e o Centro
Internacional de Longevidade Brasil (ILC Brasil).
A SBGG ainda
participou de documento elaborado em conjunto com o Comitê Latino-Americano
(COMLAT), um dos braços da IAGG (International Association of Gerontology and
Geriatrics), manifestando sua perplexidade em ver, justamente no ano em que a
OMS declara o período 2021-2030 como a Década do Envelhecimento Saudável, a
manifestação da inclusão do código MG2A, traduzido no Brasil como
"velhice".
O Comitê Consultivo
de Classificação e Estatística (CSAC) da entidade reconheceu que este título
pode ser aprimorado no futuro e/ou adicionado a uma breve descrição, e considerou
a relevância de resolver possíveis equívocos no uso do termo.
Em relação à
inclusão do termo "fragilidade", outra reivindicação das Sociedades
Científicas, a OMS reconheceu que há a necessidade de aprofundar a discussão
técnica, o que está em linha com o que foi discutido no Brasil e em outros
países.
Para a presidente da
SBGG, Dra. Ivete Berkenbrock, a revogação da decisão demonstra que a união dos
grupos envolvidos, com argumentos fundamentados, fez a diferença para que a OMS
reconsiderasse sua posição. Questões como o possível prejuízo na compilação de
dados epidemiológicos com o uso inadequado do código MG2A, reforço ao etarismo
e a compreensão de que velhice nada mais é do que uma das fases da vida foram
os argumentos mais destacados na formulação do documento.
"Apesar de
situações técnicas ainda não estarem definitivamente resolvidas para a tradução
do CID-11, consideramos uma vitória o fato de a OMS ter ouvido a voz da
manifestação iniciada no Brasil", avalia a Dra. Ivete Berkenbrock.
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