Previsão de 12 a 14 no índice de ultravioleta (IUV) pelo INPE assinala risco para a saúde dos olhos.
A OMS (Organização Mundial da
Saúde) preconiza o uso de óculos com lentes que filtrem 100% da radiação UV
(ultravioleta) emitida pelo sol sempre que ultrapassar 6. A previsão do INPE
(Instituto de Pesquisas Espaciais) é de que até sábado (27) a radiação em todo
o País fica acima de 11, atingindo índices extremos de 12 a 14. O
oftalmologista Leôncio Queiroz Neto, presidente do Instituto Penido Burnier,
chama a atenção para a previsão de dias nublados e até pancadas de chuva nesta
semana. Isso porque muitos deixam a proteção de lado nestes dias, mas há
evidências de que 70% da radiação atinge os olhos mesmo quando o sol está sob
nuvens. “Em dias de radiação extrema o
índice de UV continua sendo bem mais que o considerado seguro para nossos
olhos”, comenta
O problema é que um
levantamento feito pelo médico com 814 participantes mostra que só 45% costumam
se proteger o ano todo. Para o médico a parcela dos desprotegidos pode ser
ainda menor. Isso porque, um estudo de engenharia médica mostra que o alto
índice de radiação solar no Brasil faz com que a durabilidade do filtro das
lentes seja em média de dois anos e muitas pessoas não trocam os óculos de sol
com esta frequência.
Efeitos imediatos
Queiroz Neto afirma que duas
alterações decorrentes da radiação ultravioleta podem ser notadas
imediatamente. Uma é o escurecimento e degeneração da pele das pálpebras. que
eleva o risco de contrair câncer de pele na região. A outra, ressalta, é a
fotoceratite, uma inflamação da córnea por queimadura de primeiro grau que
geralmente ocorre após 6 horas ininterruptas de exposição ao sol sem proteção.
Os sintomas são olhos vermelhos e ressecados.
O problema, afirma, é que a fotoceratite não é levada a sério por muitas
pessoas porque depois de 48 horas de afastamento do sol os sintomas
desaparecem. Isso não significa ausência de risco. A inflamação provoca o
desprendimento de células do epitélio (camada externa da córnea) e a córnea
fica mais vulnerável à inflamações, explica.
Efeitos cumulativos
O oftalmologista afirma que
as doenças mais graves resultam do efeito cumulativo do sol. A radiação UV
aumenta em 60% a chance de desenvolver catarata, opacificação do cristalino,
que responde por 49% dos casos de perda da visão no país, e cresce 20% ao ano.
O único tratamento é a cirurgia que substitui o cristalino opaco pelo implante
de uma lente intraocular. Outra doença grave que pode
ser causada pelo sol, comenta, é a degeneração macular. Provoca a morte das
células da mácula, parte central da retina responsável pela visão de detalhes.
Quando é descoberta em estágio inicial pode ser tratada com injeções
antiangiogênicas, mas muitos casos levam à perda irreparável da visão. Uma
terceira doença decorrente da radiação UV é o pterígio caracterizado pelo
espessamento da conjuntiva, membrana que cobre a parte branca do globo ocular e
a superfície interna das pálpebras. Quando pequeno é tratado com pomadas
anti-inflamatórias, mas se cresce e atrapalha a visão pode ser extraído por
cirurgia.
Como escolher os óculos
A forma mais segura de
garantir a qualidade das lentes é verificar se têm a certificação ABNT NBR ISO
15111. Lentes sem proteção são piores do que a falta de óculos de sol porque
escurecem a região dos olhos e por isso dilatam a pupila, permitindo que mais
radiação penetre nos olhos. As lentes cinza, âmbar e marrom são as mais
adequadas para o dia-dia e para motoristas porque eliminam reflexos, permitem
boa visão de contraste e de profundidade. Para esportes aquáticos as lentes
rosa e púrpura melhoram a visão de contraste em fundos verdes ou azuis. No
lusco-fusco do entardecer, são mais indicadas as lentes amarelas que reduzem o ofuscamento de
motoristas provocados pela luz dos faróis, conclui.
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