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terça-feira, 23 de novembro de 2021

Cigarro eletrônico é proibido no Ceará e pode servir de exemplo para prevenir problemas de saúde

Popular entre jovens, o cigarro eletrônico, assim como narguilé, inclui substâncias tóxicas que podem levar ao câncer de pulmão, alerta oncologista

 

Desde o dia 12 de novembro, a Lei nº 17.760, sancionada pelo governador Camilo Santana (PT), proíbe o uso de cigarros eletrônicos em ambientes públicos ou privados no Ceará. É liberado o consumo do fumo em locais abertos ao ar livre e em áreas exclusivas de ambientes coletivos, desde que delimitadas por barreira física e equipadas com soluções técnicas que permitam a exaustão do ar.

O cigarro eletrônico foi introduzido no comércio como sendo uma boa opção para substituir o cigarro convencional porque não queima tabaco para liberar a nicotina. Mas, de acordo com o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto Oncoclínicas, embora não tenha muitas das substâncias tóxicas liberadas pela queima do tabaco, o cigarro eletrônico libera outras substâncias que podem ter potencial cancerígeno "O dispositivo tem um depósito onde é colocado um líquido concentrado de nicotina, que é aquecido e inalado pela pessoa. Esse líquido além da nicotina, possui ainda um produto solvente e um químico de sabor. Isso é prejudicial e estudos estão em andamento para avaliar a relação com câncer de pulmão", diz o médico.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) alerta que os fabricantes desses produtos querem, geralmente, atrair crianças e adolescentes, com uma enorme variedade de aromas e sabores, por exemplo. A preocupação é que a nicotina tem efeitos dramáticos no desenvolvimento do cérebro em menores de 20 anos de idade e ainda considera que as crianças que usam esses dispositivos têm mais chances de se tornarem fumantes na vida adulta.

 

Narguilé é também moda entre jovens

Assim como o cigarro eletrônico, o narguilé, uma espécie de cachimbo de água, utilizado para fumar tabaco aromatizado, se tornou popular entre os jovens e causa preocupação. Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de 2019, cerca de 21 milhões de pessoas eram fumantes​​, ou seja, 12,8% dos brasileiros. Desse total, 2,5 milhões eram usuários do narguilé. Em 2020, mesmo com a pandemia, foram abertas mais de 1600 tabacarias focadas nesse segmento, só na cidade de São Paulo. "Por ser um produto considerado exótico e ter aromas agradáveis, pode ser atraente e parecer menos nocivo à saúde devido ao mecanismo de filtro, o que não é verdade" afirma Carlos Gil Ferreira.

Também conhecido como shisha ou Hookah, o narguilé é um dispositivo para fumar no qual uma mistura de tabaco é aquecida, e a fumaça gerada passa por um filtro de água antes de ser aspirada pelo fumante, por meio de uma longa mangueira. Segundo dados do INCA, Instituto Nacional do Câncer, uma sessão de narguilé pode chegar a corresponder à exposição aos componentes tóxicos presentes na fumaça de aproximadamente 100 cigarros.

"Assim como cigarros convencionais, vaporizadores como o narguilé e cigarro eletrônico também contém tabaco e, por consequência, nicotina, principal substância ligada à dependência. Lembrando que o tabagismo é o principal causador de câncer de pulmão, uma das doenças que mais mata no mundo.", alerta Carlos Gil.

Segundo Carlos Gil Ferreira, o tabagismo é um importante fator de risco para doenças crônicas não transmissíveis, como problemas cardiovasculares, doenças respiratórias, diabetes e, o mais grave, câncer de pulmão. "A maioria dos pacientes diagnosticados com a doença é ou já foi fumante. Quem fuma também é mais vulnerável a desenvolver um quadro grave da Covid-19, uma vez que têm o pulmão mais comprometido", diz o médico.

Portanto, parar de fumar é uma batalha que pode e deve ser vencida - mas não sem ajuda. A nicotina é considerada droga e pode levar a dependência química. "Quando a pessoa resolve parar, sofre desconfortos físicos e psicológicos que podem trazer sofrimento. Por isso, é importante procurar ajuda profissional e não julgar ou desencorajar quem está passando pelo problema", afirma o oncologista.

 

 

Dr. Carlos Gil Ferreira - Possui graduação em Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre 2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS). Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo Oncoclínicas.


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