Popular entre jovens, o cigarro eletrônico, assim como narguilé, inclui substâncias tóxicas que podem levar ao câncer de pulmão, alerta oncologista
Desde o dia 12 de
novembro, a Lei nº 17.760, sancionada pelo governador Camilo Santana (PT),
proíbe o uso de cigarros eletrônicos em ambientes públicos ou privados no
Ceará. É liberado o consumo do fumo em locais abertos ao ar livre e
em áreas exclusivas de ambientes coletivos, desde que delimitadas por barreira
física e equipadas com soluções técnicas que permitam a exaustão do ar.
O cigarro eletrônico
foi introduzido no comércio como sendo uma boa opção para substituir o cigarro
convencional porque não queima tabaco para liberar a nicotina. Mas, de acordo
com o oncologista torácico Carlos Gil Ferreira, presidente do Instituto
Oncoclínicas, embora não tenha muitas das substâncias tóxicas liberadas pela
queima do tabaco, o cigarro eletrônico libera outras substâncias que podem ter
potencial cancerígeno "O dispositivo tem um depósito onde é colocado um
líquido concentrado de nicotina, que é aquecido e inalado pela pessoa. Esse
líquido além da nicotina, possui ainda um produto solvente e um químico de
sabor. Isso é prejudicial e estudos estão em andamento para avaliar a relação com
câncer de pulmão", diz o médico.
A Organização
Mundial de Saúde (OMS) alerta que os fabricantes desses produtos querem,
geralmente, atrair crianças e adolescentes, com uma enorme variedade de aromas
e sabores, por exemplo. A preocupação é que a nicotina tem efeitos dramáticos
no desenvolvimento do cérebro em menores de 20 anos de idade e ainda considera
que as crianças que usam esses dispositivos têm mais chances de se tornarem
fumantes na vida adulta.
Narguilé é também
moda entre jovens
Assim como o cigarro
eletrônico, o narguilé, uma espécie de cachimbo de água, utilizado para fumar
tabaco aromatizado, se tornou popular entre os jovens e causa preocupação.
Segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) de
2019, cerca de 21 milhões de pessoas eram fumantes, ou seja, 12,8% dos brasileiros. Desse total,
2,5 milhões eram usuários do narguilé. Em 2020, mesmo com
a pandemia, foram abertas mais de 1600 tabacarias focadas nesse segmento, só na cidade de São Paulo. "Por
ser um produto considerado exótico e ter aromas agradáveis, pode ser atraente e
parecer menos nocivo à saúde devido ao mecanismo de filtro, o que não é
verdade" afirma Carlos Gil Ferreira.
Também conhecido
como shisha ou Hookah, o narguilé é um dispositivo para fumar no qual uma
mistura de tabaco é aquecida, e a fumaça gerada passa por um filtro de água
antes de ser aspirada pelo fumante, por meio de uma longa mangueira. Segundo
dados do INCA, Instituto Nacional do Câncer, uma sessão de narguilé pode chegar
a corresponder à exposição aos componentes tóxicos presentes na fumaça de
aproximadamente 100 cigarros.
"Assim como
cigarros convencionais, vaporizadores como o narguilé e cigarro eletrônico
também contém tabaco e, por consequência, nicotina, principal substância ligada
à dependência. Lembrando que o tabagismo é o principal causador de câncer de
pulmão, uma das doenças que mais mata no mundo.", alerta Carlos Gil.
Segundo Carlos Gil
Ferreira, o tabagismo é um importante fator de risco para doenças crônicas não
transmissíveis, como problemas cardiovasculares, doenças respiratórias,
diabetes e, o mais grave, câncer de pulmão. "A maioria dos pacientes
diagnosticados com a doença é ou já foi fumante. Quem fuma também é mais
vulnerável a desenvolver um quadro grave da Covid-19, uma vez que têm o pulmão
mais comprometido", diz o médico.
Portanto, parar de
fumar é uma batalha que pode e deve ser vencida - mas não sem ajuda. A nicotina
é considerada droga e pode levar a dependência química. "Quando a pessoa
resolve parar, sofre desconfortos físicos e psicológicos que podem trazer
sofrimento. Por isso, é importante procurar ajuda profissional e não julgar ou
desencorajar quem está passando pelo problema", afirma o oncologista.
Dr. Carlos Gil Ferreira -
Possui graduação em
Medicina pela Universidade Federal de Juiz de Fora (1992) e doutorado em
Oncologia Experimental - Free University of Amsterdam (2001). Foi pesquisador
Sênior da Coordenação de Pesquisa do Instituto Nacional de Câncer (INCA) entre
2002 e 2015, onde exerceu as seguintes atividades: Chefe da Divisão de Pesquisa
Clínica, Chefe do Programa Científico de Pesquisa Clínica, Idealizador e
Pesquisador Principal do Banco Nacional de Tumores e DNA (BNT), Coordenador da
Rede Nacional de Desenvolvimento de Fármacos Anticâncer (REDEFAC/SCTIE/MS) e
Coordenador da Rede Nacional de Pesquisa Clínica em Câncer (RNPCC/SCTIE/MS).
Desde 2018 é Presidente do Instituto Oncoclínicas e Diretor Científico do Grupo
Oncoclínicas.
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