A telemedicina é a prática da medicina à distância, onde os procedimentos, o diagnóstico, as decisões terapêuticas e as recomendações subsequentes de tratamento baseiam-se na visualização e nos dados dos pacientes, documentos e outras informações transmitidas por sistemas de telecomunicação. Desde 2018, a AMM (Associação Médica Mundial) recomenda o uso amplo da telemedicina, principalmente em casos nos quais o paciente não possa ver presencialmente um médico devidamente qualificado a tempo, devido a problemas de acesso como barreira geográfica ou falta de disponibilidade.
Mas, foi durante a pandemia que todos os termos
iniciados com o prefixo “tele”: telemedicina, teleatendimento, teleconsulta,
teleassistência, teleoperação, telemonitoramento, ganharam os holofotes.
Segundo dados divulgados pela consultoria de saúde Mercer Marsh, no último ano,
mais de 4 milhões de brasileiros optaram pela teleconsulta ao invés de ir aos
hospitais presencialmente e, com isso, a aceitação da telemedicina aumentou em
316% durante a pandemia.
Da mesma forma, a discussão e a percepção dos
impactos, dos prós e contras, extrapolaram as barreiras das instituições de
saúde e do âmbito governamental para entrar em rodas de discussões da população
em geral. A telemedicina é a grande responsável por unir brilhantemente os
mundos físicos e digitais na área da saúde e tem alguns fatos que você precisa
saber sobre ela.
#1 Medicina e telemedicina são a mesma coisa
A telemedicina é simplesmente medicina, utilizando
ferramentas de comunicação à distância e apoio da ciência computacional, com a
vantagem de encurtar barreiras físicas, usar outros recursos que suportam a
decisão clínica.
Ou seja, medicina e telemedicina não concorrem em
hipótese nenhuma entre si. Pelo contrário, elas se complementam na missão de
agregar valor à saúde e ampliar o acesso da população ao cuidado de qualidade.
A telemedicina não é uma porta a menos e sim uma porta a mais para que o
paciente chegue até o sistema de saúde.
#2 Telemedicina salva muitas vidas e desafoga o
sistema público
Segundo dados extraídos das bases da SDB - Saúde
Digital Brasil (Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde
Digital) - de março de 2020 até abril de 2021, foram mais de 7,5 milhões de
atendimentos. Destes, 87% foram primeiras consultas, evitando as famosas idas
desnecessárias e identificando a necessidade do atendimento presencial que
estava sendo negligenciado. O resultado: mais de 75 mil vidas
salvas.
No entanto, além desta resolutividade e da
equidade, a telemedicina pode desafogar essa estrutura complexa e evitar tanto
a subutilização de especialistas, quanto a superutilização do sistema. Isso
porque ela absorve um atendimento que seria tradicionalmente direcionado às
estruturas mais complexas. Ela assume o papel dos prontos-socorros, em geral, a
porta de entrada do sistema, porém uma estrutura desenhada para atender a um
nível de complexidade superior ao demandado na maioria das situações.
Sendo assim, pode-se dizer que, a telemedicina,
pela agilidade que proporciona e pelo volume de dados que registra, consegue
evidenciar, do ponto de vista populacional, os movimentos que acontecem de
saúde e o adoecimento com alguma antecedência.
#3 A telemedicina reduz custos e desperdícios
“É preciso fazer mais com menos!” Esse é um bordão
cantado em todo o país, mas que, na prática, seja pela falta de recursos e
dificuldade de acesso ou pela imensidão do Brasil, por mais de 30 anos teima em
não se concretizar.
O grande problema do financiamento da saúde pública
não é uma dificuldade exclusivamente brasileira, outros países têm discutido
exaustivamente este desafio. O sistema de saúde britânico, por exemplo,
sempre fonte de inspiração para o nosso Sistema Único de Saúde, reconhece que a
telemedicina, na sua plenitude, é essencial para a sustentabilidade do sistema
de saúde.
Ela amplia o acesso à saúde e diminui custos. É por
meio desta ferramenta que se pode melhorar a experiência e o desfecho clínico
do paciente e reduzir desperdícios, já que está aberta a porta das grandes
possibilidades, de colocar o paciente certo no lugar correto, no momento
adequado, evitando atrasos no diagnóstico e condutas, itens tão caros aos
sistemas, melhorando assim, a saúde da população.
#4 A telemedicina pode antecipar cenários
Uma grande vantagem da telemedicina é antecipar
cenários, algo crucial quando estamos falando sobre saúde de populações. O que
podemos chamar “telepredicina”. Isso ocorre, pois, pelo volume de dados que
registra, consegue evidenciar, do ponto de vista populacional, os movimentos
que acontecem de saúde e o adoecimento com alguma antecedência.
Isso, inclusive, mostrou-se verdadeiro durante a
pandemia, quando tivemos um volume de atendimento muito grande e conquistamos a
capacidade de acompanhar os indicadores que eram obtidos nas consultas on-line
e compará-los com dados de atendimentos presenciais nas unidades ambulatoriais
e hospitalares presenciais.
#5 Regulamentar a telemedicina é uma necessidade
urgente
Desde abril de 2020, ela foi liberada em caráter de
urgência por conta da pandemia. O Projeto de Lei 1998/20, que regulamenta a
telemedicina em caráter definitivo está tramitando no Congresso Nacional e
ainda há alguns entraves e discussões em andamento.
Mas, é indiscutível que o Brasil tem necessidade de
avanço. Precisamos evitar que o país retorne ao patamar de 2002, data da
regulamentação anterior, pois a insegurança jurídica traz falta de
desenvolvimento em tecnologia, treinamento de pessoas e estruturação de novos
processos e modelos assistenciais.
Manter as restrições nos condena a viver no
passado, sem perspectiva de melhora para o atual presente. O que precariza a
medicina não é a telemedicina e sim a regulamentação restritiva, caso
inviabilize a prática de tal forma que o médico terá que voltar a atuar na
informalidade para garantir sua autonomia.
Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e
Saúde Digital - conhecida como Saúde Digital Brasil (SDB), é uma organização
sem fins lucrativos, criada para congregar entidades que atuam na cadeia de
prestação de serviços de telemedicina e que desenvolvem atividades relacionadas
à saúde digital.
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