Excesso de estímulos, falta de rotina e sonecas ruins durante
o dia são os três motivos principais de finais de tarde de desespero e choro
causados pelas cólicas
De acordo com Dr.
Paulo Telles, pediatra e neonatologista da Sociedade Brasileira de Pediatria, a
definição de cólica é "um choro por três ou mais horas ao dia, três ou
mais dias por semana, por três ou mais semanas em um bebê saudável".
Intestino imaturo, falhas na qualidade do sono do bebê e alguns detalhes da
alimentação da mãe que amamenta e no momento de o bebê mamar interferem e podem
ser gatilho para as terríveis cólicas no bebê.
"Gosto muito de
explicar para os pais que a cólica do recém-nascido não é sinônimo de dor de
barriga, mas sim de um choro incontrolável, que costuma acontecer no final do
dia, horário em que o bebê está mais cansado". Daí a necessidade de os
pais garantirem sonecas de qualidade para o bebê, em um ambiente tranquilo e
sem estímulos exagerados.
Quando iniciam as
cólicas?
Os episódios de
cólica atingem seu pico quando uma criança tem entre 3 e 6 semanas de idade,
geralmente, e diminuem, significativamente, após os 3 ou 4 meses de idade. O
médico alerta que, embora o choro excessivo se resolva com o tempo, estes
momentos de grande irritação para o bebê adicionam um estresse significativo ao
cuidado da criança, numa rotina que já é considerada puxada nesses primeiros
meses.
Dr. Paulo é muito
enfático quanto ao uso de medicamentos. "A melhor maneira de prevenir a
cólica é entender que não existem medicações com eficácia comprovada. Por isso,
não compre produtos que prometem resolver ou acalmar a cólica, porque não
existe remédio mágico!", alerta. O melhor remédio, segundo ele, é se
conscientizar de que a cólica pode estar relacionada ao cansaço, à falta de
rotina ou a sonecas ruins, e à imaturidade intestinal do bebê.
Por que só dói ao
final do dia?
Esse período do dia
em que todos os bebês choram já foi chamado de a hora das "bruxas",
como uma alusão a algo que os colocaria medo e por isso choram sem parar até
ficarem exaustos. Mas, analisando qual seria o motivo da barriga só doer no
final do dia, alguns chegam à conclusão de que o bebê, nesta fase inicial,
precisa dormir muito, de 20 a 22h ao dia; e o seu sono precisa ser bom, ou
seja, um repouso que permita que ele relaxe, descanse e não fique estressado ao
final do dia.
"Gosto sempre
de levar às mães a se colocarem no lugar da criança. Digo: quando você dormir,
imagine se eu pegar sua cama e levar para sala, depois para assistir TV,
almoçar, seguir a rotina da casa, será que você dormirá bem? Como será seu sono
ao ficar passeando por todos estes lugares, com barulho, movimento, telefone,
campainha etc.? Você conseguiria, realmente, descansar, ter um sono de
qualidade e restaurador? Claro que não! Então, o seu filho também não",
ensina o médico.
No início da vida do
bebê, logo após o nascimento, pais e cuidadores, frequentemente, estão
inseguros e, por isso, querem o bebê sempre ao seu lado, esquecendo que cada
pequeno barulho pode tornar o seu sono mais superficial, acordar e/ou incomodar
o bebê, fazendo com que acumule sono e cansaço ao longo do dia, até chegar ao
seu limite e começar a chorar sem parar por duas a três horas, antes de dormir
por exaustão.
A indicação final do
neonatologista é: "Tente deixar o bebê no local mais seguro, tranquilo, e
sossegado da sua casa, que é no quarto, dentro do berço! Assim, as sonecas
serão melhores e teremos mais chances de que o bebê chegue no final do dia,
menos cansado e incomodado, iniciando uma boa noite de sono sem choro e
estresse".
Outro ponto
importante: "É normal nestes primeiros meses o bebê gemer, reclamar,
resmungar e fazer barulhos. Isso não é cólica!", assegura Telles.
Outra razão para as
cólicas é a de que todo bebê tem intestino ainda não maduro, com imaturidade do
peristaltismo, do controle do esfíncter, além de produzir mais gases, pela
flora intestinal característica, e, muitas vezes, engolir mais ar.
Para ajudar no
combate a esse desconforto intestinal, Dr. Paulo explica que massagem,
movimentos de bicicleta com as pernas, jogar água morna na região perineal
ajudam a eliminar os gases. Além disso, alguns cuidados com a alimentação da
mãe e no momento de amamentar podem fazer a diferença. "Quanto melhor a
pega e a posição durante a mamada e quanto menos o bebê chorar, menos ar
engolirá ao longo do dia, isso pode ajudar a reduzir os gases também. E alguns
alimentos consumidos pela mãe podem irritar e deixar o bebê mais agitado. Daí
ser necessário evitar excesso de cafeína, chocolate, bebidas com estimulantes,
álcool e pimenta. Nenhum estudo conseguiu associar outros alimentos a cólicas.
Então, coma bem e sem restrições", orienta.
O melhor remédio é:
"Sempre, sempre, sempre: acolhimento, amparo, carinho e afeto! Amor nunca
é demais e resolve todos os problemas".
Dr. Paulo Nardy Telles -
CRM 109556
@paulotelles - Formado pela Faculdade de
medicina do ABC • Residência médica em
pediatra e neonatologia pela Faculdade de medicina da USP • Preceptoria em
Neonatologia pelo hospital Universitário da USP • Título de Especialista em
Pediatria pela SBP • Título de
Especialista em Neonatologia pela SBP • Atuou como Pediatra e Neonatologista no
hospital israelita Albert Einstein 2008-2012 • 18 anos atuando em sua clínica particular de pediatria, puericultura.
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