Câncer de próstata segue como segundo mais comum entre homens no Brasil e redução no diagnóstico precoce é motivo de alerta
O
Novembro Azul, mês de conscientização e combate ao câncer de
próstata, começa com a estimativa de que só esse ano serão
registrados 65 mil novos casos da doença no Brasil. Apesar da
projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca), especialistas destacam que a
doença tem 90% de chance de cura quando diagnosticada precocemente.
Ainda
assim, os urologistas Rodrigo Lima e Frederico
Xavier, membros da Singulari Medical Team, alertam para a queda
no número de acompanhamentos de rotina durante a pandemia, o que pode levar à
descoberta tardia de tumores.
Retrocesso no cuidado
com a próstata
De
fato, o câncer de próstata segue como o segundo mais comum entre homens no País
e corresponde a cerca de 29% dos tumores malignos dessa
parcela da população. Contudo, dados da Sociedade Brasileira de Urologia
mostram que dois terços dos homens com mais de 40 anos não realizam exame de
toque e metade jamais fez teste de PSA - exame de sangue usado para
ajudar no diagnóstico.
Mais
do que isso, Rodrigo Lima ressalta que a SBU registrou uma queda de
21% nas biópsias e de 27% no exame de sangue entre 2019 e 2020.
Já com a pandemia, números do Sistema Único de Saúde (SUS) mostram que as
consultas urológicas diminuíram em 33,5%. Tudo isso
mostra um cenário de retrocesso nos cuidados com a saúde masculina, em especial
no que diz respeito à próstata.
“Isso
reforça a necessidade de acompanhamento regular. Muitas doenças crônicas
tiveram acompanhamento e tratamento postergados por conta da pandemia. E a isso
adicionamos também os exames preventivos, de check-up e de rastreamento de
doenças. É muito importante que, num momento de melhora do cenário com relação
à infecção e internação por coronavírus, as pessoas se atentem a essas questões
e retomem os cuidados básicos com a saúde”, pontua o urologista.
Silêncio perigoso
De
acordo com o médico Frederico Xavier, é sempre importante frisar que a ausência
de sintomas não pode ser encarada como sinal de que não existe problema e de
que não há necessidade de fazer consultas regulares.
Eventualmente,
podem surgir problemas como dores intensas, alterações urinárias e até
insuficiência renal. Porém, na maioria dos casos, esses sintomas ocorrem já em
etapas avançadas da doença.
Por
isso, o médico destaca que o estágio da descoberta está diretamente ligado à
escolha do tratamento e à taxa de sucesso. “Mesmo em casos muito avançados, em
que a doença já saiu da próstata e se espalhou para outros órgãos, existem
opções de tratamento como bloqueio hormonal com injeções, radioterapia,
medicamentos anti-androgênicos, terapias com radiofármacos, entre outros”,
lista.
Como
ele explica, esses tratamentos não promovem mais a cura nessa fase avançada da
doença. “Porém, melhoram e muito a qualidade de vida dos pacientes,
prolongando, inclusive, a sobrevida”, ressalta. Sendo assim, além dos exames
regulares a partir dos 40 anos de idade, também é importante estar atento a
fatores de risco que podem aumentar as chances como histórico familiar,
sedentarismo, obesidade, alimentação rica em gordura animal e deficiente em
frutas, legumes, verduras e grãos, e avanço da idade.
Além do câncer
Para
todos os efeitos, os urologistas ressaltam que há mais por trás da visita
regular ao consultório. Embora o câncer de próstata seja uma ameaça à saúde
masculina, também é fundamental avaliar a presença de outras doenças da
próstata, além de cálculos urinários, problemas hormonais, disfunção erétil,
entre outras.
Segundo
os especialistas, fatores como machismo, falta de prioridade com a saúde, falta
de informação e, consequentemente, medo de dor ou de descobrir doenças ainda
são obstáculos que afastam os homens do consultório. Vencer essa barreira é
fundamental para mudar o quadro atual em que 1 em cada 7 homens
deve ser vítima da doença.
“Em
relação à prevenção, o que costuma ser bom para o coração também tem efeito
protetor contra o câncer de próstata. Cuidar do peso, reduzir consumos de
gorduras animais e excesso de carboidratos são medidas que reduzem o risco de
doença maligna na próstata. É muito importante frisar que, em casos de
diagnóstico precoce, com a doença em fase inicial, as taxas de cura ultrapassam
90%. Existem diversas opções de tratamento, individualizadas, a depender da
idade do paciente, doenças associadas, estágio da doença nos exames
laboratoriais, de biópsia e de imagem”, argumenta Rodrigo Lima.
Ele
esclarece que esses tratamentos se baseiam, principalmente, na retirada
cirúrgica da próstata, ou em opções menos invasivas caso o paciente não seja
candidato a cirurgia, como radioterapia ou terapia focal com ultrassom de alta
intensidade (HIFU). Ainda assim, para os casos cirúrgicos, existem opções
minimamente invasivas, especialmente com auxílio da cirurgia
robótica, que reduzem de modo importante as complicações
cirúrgicas indesejadas do tratamento (incontinência urinária e disfunção erétil).
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